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Eduardo G. Souza e Lígia G. Souza.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

SERÁ QUE SÓ O COMUNISMO PROCURA DESTRUIR A FAMÍLIA?



Marx viu o ‘direito de herança’ como uma ameaça ao comunismo, pois perpetua o papel de família tradicional. Então como uma sociedade sem classes pode garantir a igualdade de ganhos, quando algumas pessoas ao nascimento recebem, injustamente, mais bens de seus pais do que outras?

Isso é irônico, dado que Marx usou e viveu da herança de Engels, que subsidiou seu trabalho, sua vida e da sua família, especialmente depois que Marx sugou o máximo de dinheiro possível de seus próprios pais, que ficaram muito amargurados com a forma como ele os explorava. A relação de Marx com seus pais foi claramente parasitária. A mãe de Marx expressou abertamente o desejo de que Karl parasse de escrever sobre o capital e começasse a trabalhar para sustentar ele e sua família. No entanto, em sua obra Marx recomendou abolir todo o direito de herança. Se isso acontecesse na época em que viveu, ele não teria conseguido sobreviver, pois não trabalhava e viveu a custas da herança da família de Engels. 

É claro que a herança era sobre a ‘propriedade privada’, que Marx e Engels desprezavam. Na verdade, o objetivo central do "The Communist Manifesto" é exatamente isso. Assim a teoria comunista pode ser resumida em uma única frase: “abolição da propriedade privada".

O ponto nove no plano de dez pontos de Marx e Engels determina: "abolição gradual de toda a distinção entre cidade e país por uma distribuição mais equitativa da população sobre o país". Assim as famílias foram, obviamente, dolorosamente afetadas. Nos regimes comunistas em nações como o Camboja, esta "abolição gradual" assumiu a forma de migrações em massa, realizadas durante a noite, forçadas pelos canos dos rifles automáticos, uma ação doentia e drástica que foi retratada vividamente no filme de 1984 "The Killing Fields"(1).

Separar as crianças dos pais... Leonid Sabsovich(2), por exemplo, levou esse conselho aos extremos, principal planejador urbano soviético nos governos de Lênin e Stalin, em uma série de documentos publicados pelo Kremlin no final da década de 1920, Sabsovich defendeu uma separação total das crianças dos pais logo nos primeiros anos do desenvolvimento infantil. Sabsovich perseguiu aqueles que dele discordaram. Sabsovich fundamentava sua sugestão de separação completa entre pais e filhos, afirmando que os pais naturalmente criariam seus filhos sob conceitos indesejáveis, cretinos, não progressistas e "cheios de preconceitos", que formariam pequenos burgueses, "nada inteligentes".

Sabsovich acreditava e afirmou que as crianças deveriam ser, e eram, uma propriedade do Estado, em vez da família, então o Estado tinha o direito de obrigar os pais a encaminhar seus filhos para as "cidades infantis", especialmente concebidas para realizarem a educação dessas crianças. Essas cidades precisavam ser construídas "bem distantes da família". Tais propostas extremas de extinção das famílias, desse comunista urbano seriam incorporadas em seus planos para criar a "cidade socialista" ideal.

Ele era fanático... Comportamento inteiramente apropriado a um esquerdista convicto, assim, ele defendeu o poder absoluto do estado para afastar todos os que estavam atrapalhando o caminho da revolução.

Finalmente, vejamos o ponto dez do grande plano de Marx e Engels: Eles queriam "educação gratuita" para cada criança em "escolas públicas" geridas e controladas pelos comitês do partido. A família deixaria de existir como a "correlação sagrada de pais e filhos", pois o "amálgama burguês sobre a família e a educação". Marx afirmou: "A revolução comunista é a ruptura mais radical com as relações tradicionais; não é de admirar que o seu incremento envolva a ruptura mais radical com as ideias tradicionais." Sim, realmente, não devemos admirar que um dos principais ‘alvos’ de ruptura com relações e ideias tradicionais, seja a família.

Entre essas ideias, o epicentro, era naturalmente, a tradicional família bíblica e o casamento, que só naquele momento, dois milénios depois, estava sendo redefinida e, talvez, extinta em sua forma tradicional.

O que os comunistas nunca pensaram, é que essa ruptura mais radical das relações familiares tradicionais - tão radical que Marx e Engels ficariam estupefatos com o mero pensamento – estaria um dia acontecendo no Ocidente. Os países da extinta União Soviética, foram capazes de resistir a ideologia comunista e tão logo foi demolida a ‘cortina de ferro’, voltaram as velhas e tradicionais organizações familiares, como base de seus tecidos sociais.

Mas, hoje quem está quebrando completamente as longas tradições da história humana, não são mais os pioneiros do ataque a família tradicional, e sim os países ocidentais, que agem como se não fosse um grande problema a desintegração da família tradicional. Hoje os países capitalistas não abraçam mais o conceito de família tradicionalmente arraigado a fé judaico-cristã, pelo contrário, estão hoje incentivando a formação de famílias disfuncionais, poligâmicas ou do casamento de pessoas do mesmo sexo, e ainda acusam aqueles que são contra o casamento gay de ‘extremistas’ e, é claro, são apontadas como ‘detentoras de ódio discriminatório’.

Este é um momento especialmente excitante para os comunistas extremos. O que eles não conseguiram no mundo ex-comunista da extinta URSS, que tão logo foi possível abandonaram essa ideologia destruidora, estão vendo acontecer no Ocidente. Eles não têm dúvidas do seu vertiginoso e inesperado sucesso na destruição da família e, ainda melhor, entre seus tradicionais adversários. Eles estão vendo estupefatos acontecer nos países capitalistas uma mudança radical e inesperada na cultura dominante, que está realmente transformando a natureza humana. E isso está acontecendo com o apoio involuntário de uma grande quantidade de ‘cidadãos inconscientes e/ou inconsequentes’, e de elementos mal-intencionados que agem em benefício próprio ou interesses escusos. E já faz algum tempo.

Eduardo G. Souza
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(1)  OS GRITOS DO SILÊNCIO 1984 Drama/Ficção histórica O filme relata a versão do jornalista americano Sidney Schanberg sobre a Guerra do Camboja e sua amizade com um intérprete local. Com a cobertura da tomada de Phnom Penh, ele ganha o Pulitzer e volta ao Oriente em busca do amigo. Trailer no YouTube:  https://www.youtube.com/watch?v=56_Su32Tp5A
(2)  Leonid M. Sabsovich foi um planejador urbano e economista, famoso por suas propostas urbanistas durante os anos 1929-30 na União Soviética (URSS), levando-o a ser considerado um líder do urbanismo na União Soviética. Sabsovich delineou uma visão urbanística para a União Soviética, estabelecendo que todas as cidades e aldeias seriam substituídas por cidades com aproximadamente 25 a 50 unidades residenciais ao longo de um período de dez anos. Essas unidades de habitação urbanas acolheriam entre 1400 a 2000 pessoas em comunidade, proporcionando facilidades comunais para facilitar o desenvolvimento da ideologia comunista. O único espaço de vida privado seriam pequenas cabines de dormir. Ele imaginava as cidades como um "condensador social" que estariam bem equipadas para incutir nas pessoas atitudes e valores comunitários, que o novo mundo comunista exigia.

Bibliografia recomendada:
Edwards, Lee. “The Conservative Revolution: The Movement that Remade America”. Free Press. 1999.
Kengor, Paul. “Dupes: How America’s Adversaries Have Manipulated Progressives for a Century”. Intercollegiate Studies Institute. 2010.
Kengor, Paul. “The Communist: Frank Marshall Davis: The Untold Story of Barack Obama's Mentor”. Threshold Editions/Mercury Ink. 2012.
Kengor, Paul. “Takedown: From Communists to Progressives, How the Left Has Sabotaged Family and Marriage”. WND Books. 2015.
Kirk, Russell. “A Mentalidade Conservadora”. É Realizações Editora. 2012.

Marx, Karl & Engels, Friedrich. “Manifesto Comunista”. Boitempo Editorial. 2015. 

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