A história de Maria Madalena está intimamente ligada a
Jesus. Ela desempenha um papel principal em uma das cenas mais importantes nos
Evangelhos. Quando Jesus é crucificado pelos romanos, Maria Madalena esteva lá
apoiando-o em seus últimos momentos aterradores e ficou de luto por sua morte.
Ela também descobre o túmulo vazio, e é uma testemunha da possível
ressurreição. Ela estava lá no início de um movimento que ia transformar o
Ocidente.
Mas a Maria Madalena que vive em nossas memórias é bastante
diferente. Na arte, muitas vezes é representada como uma prostituta seminua ou
uma pecadora que se arrepende dos seus pecados. Seu principal vínculo com Jesus
seria como a mulher que lavou e untou seus pés. Mas para muitos ela somente é
conhecida como uma prostituta.
Toda a história de Maria Madalena como uma prostituta caída
e redimida, é uma imagem muito poderosa da redenção, um sinal de que, não
importa quão baixo a pessoa tenha caído, ela pode se redimir.
É uma imagem muito poderosa, mas não é a história de Maria
Madalena. Maria Madalena é mencionada nos quatro evangelhos do Novo Testamento,
mas nenhum deles a menciona como uma prostituta ou uma pecadora. Em algum
momento, Maria Madalena foi confundida com outras duas mulheres da Bíblia -
Maria, irmã de Marta, e uma pecadora sem nome do evangelho de Lucas (7: 36-50),
que lavaram os pés de Jesus e secaram com os cabelos. No século 6, o Papa
Gregório Magno tornou este erro oficial declarando em um sermão que as três
personagens eram na verdade a mesma pessoa. Então, Maria Madalena passou a ser
a pecadora arrependida. A Igreja Católica declarou mais tarde que Maria
Madalena não era a pecadora penitente, mas isso só aconteceu em 1969. Depois de
tanto tempo, a má reputação de Maria Madalena ainda persiste.
Hoje Maria Madalena é considerada uma santa pelas igrejas
católicas, ortodoxas orientais, ânglicas e luteranas e festejada no dia 22 de
julho. As igrejas ortodoxas orientais também festejam Maria Madalena no domingo
dos Myrrhbearers(1), segundo domingo após Páscoa.
Ela também é uma figura importante na Fé Bahá'í(2).
Embora conheçamos bastante sobre a sociedade judaica na
antiga Palestina há 2.000 anos, sabemos muito pouco sobre a própria Maria
Madalena. A Bíblia não fornece detalhes pessoais de sua idade, condição social
ou família.
O nome dela, Maria Madalena (מרים המגדלית), nos dá uma
primeira pista sobre ela, sugere que ela pode ter vindo de uma aldeia chamada
Magdala. Magdala foi uma pequena aldeia, as margens do Lago Gennesaret (o Mar
da Galileia) na Galileia, cerca de 7 km ao norte de Tiberíades, que parece ter
sido o local de nascimento de Maria Madalena, chamada a Maria Madalena, ou
"Maria de Magdala". A aldeia é delimitada por uma escarpa alta perto
do desfiladeiro de Wadi Arbel (Hamam), a dois quilômetros a oeste do Mar da
Galileia." Migdal " é uma palavra aramaica que significa
"torre" ou "fortaleza". Os gregos chamavam a aldeia de Tarichaea,
em referência ao trabalho de salgar peixes, e a existência de restos que
apontam esta atividade, um dos pilares da sua economia. Outro elemento
importante de sua economia era a construção de barcos. O nome completo da
aldeia seria Magdala Tarichaea. (3)
Um texto judaico (um Midrash) que menciona Magdala, chamado Lamentações
de Rabbah (מדרש איכה רבה), conta que Magdala foi julgada por Deus e destruída por
causa da sua fornicação. É possível que a descrição de Magdala como lugar de
fornicação seja a origem da ideia que surgiu no cristianismo ocidental de que
Maria Madalena era uma prostituta.
Sabemos que havia prostíbulos em outros lugares do
Mediterrâneo, e a Galileia provavelmente não era exceção. Era culpa do Império
Romano, que cobrava uma pesada carga tributária dos judeus, e muitas vezes as
mulheres pagavam o preço mais pesado, para salvar suas famílias da miséria.
A conquista romana, e depois o domínio imperial romano,
teria causado um impacto bastante dramático na Galileia. Economicamente, teria sobrecarregado
às pessoas com pesados encargos fiscais e isso teria pressionado as famílias, quando
uma família não podia mais pagar seus impostos, as crianças às vezes eram até vendidas
como escravas, talvez tenha sido esse o destino de Maria Madalena.
Nesse contexto tão difícil, não é difícil imaginar que Maria
Madalena possa ter se prostituído, mas essa evidência é puramente
circunstancial. Como também podemos acreditar que ela não era casada, o nome
dela, Maria Madalena, sugeri isso. Uma mulher casada naqueles tempos teria adotado
o nome da família do marido e Maria Madalena não era um nome de família, mas de
uma origem.
Não há nada sobre Maria Madalena nas tradições evangélicas
que sugira que ela era casada, nunca foi descrita como viúva e não há registro
dela ter filhos. Há 2.000 anos, uma mulher solteira sozinha era vista com
suspeita. Talvez, por Maria Madalena aparecer como uma mulher sozinha,
explicaria sua imagem negativa.
Mas existem suspeitas que Maria Madalena teria coabitado com
Jesus. Na verdade, as igrejas cristãs nunca quiseram debater ou aprofundar essa
discussão, o Vaticano temeu que essa dúvida fosse estudada. No entanto, alguns
autores afirmam haverem evidências escritas de que Jesus foi casado com Maria
Madalena e que tiveram filhos.
Mais do que isso, com base em novas evidências, autores
afirmam que ao movimento original de Jesus surgiu um papel inesperado que a
sexualidade desempenhava nele.
De acordo com um manuscrito com quase 1.500 anos encontrado
na Biblioteca Britânica, Jesus se casou com Maria Madalena e teve filhos. O
chamado "Evangelho Perdido", que foi traduzido do aramaico, pelo
professor Barrie Wilson e o escritor Simcha Jacobovic, que passaram meses
traduzindo o texto, revela novos fatos surpreendentes sobre a vida de Jesus.
Muitos especialistas minimizaram a importância histórica da
figura bíblica de Maria Madalena, mas, de acordo com os tradutores do novo
evangelho, ela é muito mais importante do que se pensava anteriormente.
O documento encontrado na poeira da Biblioteca Britânica nos
esclarece sobre os anos obscuros da vida de Jesus.
Os estudiosos acreditam que Jesus nasceu em torno de 5 aC, e
que ele foi crucificado em torno de 30 dD. Não sabemos absolutamente nada sobre
Jesus desde o tempo que ele tinha oito dias (sua circuncisão, de acordo com a
lei judaica), até, de acordo com o Evangelho de Lucas (2: 41-51), quando tinha
doze anos, e viajou com seus pais para Jerusalém para celebrar a Páscoa. Terminados
os festejos, a os pais regressaram para casa, mas o menino ficou em Jerusalém,
sem que os pais o soubessem, pois pensavam que ele estava na caravana, após um
dia de viagem e começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. Não o encontrando,
voltaram a Jerusalém, três dias depois, encontraram-no no templo, sentado entre
os doutores, a ouvi-los e a fazer-lhes perguntas. Todos quantos o ouviam,
estavam estupefatos com a sua inteligência e as suas respostas.
Mas o fato é que simplesmente não temos informações sobre os
primeiros anos de Jesus, sua educação, amigos, escolaridade ou sua interação
com os membros da família. Como obteve acesso aos escritos da Bíblia hebraica?
A sinagoga de Nazaré, uma aldeia muito pequena na época, possuía pergaminhos da
Lei Judaica e das profecias dos Profetas? Quem eram seus mestres religiosos?
Quão versado ele era em hebraico, além do aramaico que
sabemos que ele falava? Ele falava grego?
Jesus reaparece no palco da história de repente com trinta e
poucos anos. Neste ponto, Jesus anuncia o "Reino de Deus", isto é, o
advento de uma transformação qualitativa na história humana, profetizada pela
Bíblia hebraica, na qual a justiça reinará sobre a terra e a adoração do único
Deus verdadeiro será universal.
Isso não é incrível? Ele é uma das pessoas mais influentes na
história da humanidade e não sabemos nada sobre ele até começar seu
"ministério". Mas o que aconteceu com Jesus antes dessa aparição
repentina?
De acordo com o "Evangelho
Perdido", em algum momento durante este período, ele se casou, teve
relações sexuais e produziu filhos.
Antes que alguém desencadeie um ataque demolidor contra
nosso texto, tenha em mente que não estamos atacando a fé de ninguém. Estamos analisando
fatos históricos. A teologia deve seguir o fato histórico e não o contrário. Não
estamos afirmando que nosso texto é a verdade absoluta. Até agora, estamos
apenas apresentando e analisando fatos e dados que estão disponíveis na bíblia
cristã e em outros documentos históricos.
Retornado ao assunto, se Jesus não tivesse casado, isso
teria causado consternação a sua família, possível um escândalo na comunidade, já
que em nível puramente histórico, isso realmente deve nos surpreender, pois o casamento
e o nascimento de crianças eram esperados de um homem judeu (A idade usual para
o casamento era de 16 a 18 anos para o rapaz), e o Novo Testamento certamente
teria comentado sobre isso, nem que fosse para explicar e defender o
comportamento incomum de Jesus. Mas temos um documento que afirma que ele era
casado e gerou filhos. Não só isso, nosso documento indica que, para alguns de
seus seguidores originais, o casamento de Jesus era o aspecto mais importante
de seu ministério.
"O Evangelho Perdido" não é o primeiro a
reivindicar que Jesus se casou com Maria Madalena.
A Bíblia e o "Evangelho Perdido" não são as únicas
fontes sobre Maria Madalena. Em 1945, em Nag Hammadi(4), no sul do Egito, dois
homens encontraram um vaso cerâmico selado. No interior, eles descobriram um
tesouro de antigos de papiros. Embora nunca tenham recebido tanta atenção
pública como os Pergaminhos do Mar Morto, estes realmente se tornam muito mais
importantes para escrever a história do cristianismo primitivo. Os textos de
Nag Hammadi nos falam sobre os primeiros cristãos. Eles foram escritos em copta,
a língua do primitivo Egito cristão. Considerando que a maioria dos textos
cristãos antigos foram perdidos, essa descoberta foi excepcional.
A descoberta inclui o Evangelho de Tomé, o Evangelho de Philipe
e os Atos de Pedro. Nenhum desses textos foi incluído na Bíblia, porque o
conteúdo não está em conformidade à ‘doutrina cristã’, então eles são denominados
de apócrifos. Eles relatam fatos e dados que não se encontram na Bíblia. Por
exemplo, os evangelhos do Novo Testamento relatam que após a ressurreição Jesus
passou algum tempo conversando com os discípulos, mas não contam muito sobre o
que ele disse. Nos evangelhos de Nag Hammadi há um relato detalhado do que ele
disse.
Embora não sejam aceitos como textos bíblicos, os
especialistas acreditam que eles nos dão uma visão significativa da história
cristã. Nestes textos apócrifos, podemos encontrar as tradições genuínas sobre
Jesus, que por uma razão ou outra não chegou ao Novo Testamento.
Pela primeira vez em centenas de anos, havia uma nova fonte
de informação sobre Maria Madalena. Ela aparece com muita frequência como um
dos discípulos proeminentes de Jesus. Em certos textos onde Jesus está em
discussão com seus discípulos, Maria Madalena faz muitas perguntas bastante
pertinentes. Enquanto os outros discípulos às vezes parecem confusos, ela é a
única que entende a mensagem.
Um dos documentos descobertos em Nag Hammadi é o Evangelho
de Philipe, e nele Maria Madalena é uma figura-chave. Foi a causa de um dos atributos
mais controversos feitos sobre ela.
Durante o longo enterro no deserto, alguns dos livros foram
atacados por formigas. Neste evangelho, as formigas fizeram um buraco num lugar
muito crucial. O texto diz: “E o companheiro da [...] Maria Madalena [...] a
amava mais do que todos os discípulos e costumava beijá-la com frequência,
sobre ela [...]. O resto dos discípulos [...]. Eles disseram-lhe: "Por que
você a ama mais do que todos nós?" O Salvador respondeu e disse-lhes:
"Por que eu não os amos como a ela? Quando um cego e um que vê estão ambos
juntos na escuridão, eles não são diferentes um do outro. Quando a luz vem,
então o que vê verá a luz, e aquele que é cego permanecerá na escuridão ".
A lacuna, ou lacunas, esconde onde Jesus beijou Maria Madalena, o tema tem
estimulado a curiosidade dos estudiosos por décadas.
Jesus e Maria seriam amantes? Alguns estudiosos
interpretaram o beijo em um sentido mais espiritual e veem o beijo como um
símbolo de uma forma íntima de ensinar a palavra de Deus, de aprender. A imagem
de Jesus e Maria Madalena envolvidos em um beijo boca a boca, para eles não
sugere necessariamente sexualidade, mas a transmissão do conhecimento divino.
Maria Madalena aparece neste texto não apenas como o
discípulo que ele mais amava, mas também como uma figura simbólica de sabedoria
celestial. Essas histórias de Maria Madalena, como a companheira mais próximo
de Jesus e um símbolo da sabedoria celestial, estão em total contraste com a
Maria Madalena da imaginação popular.
Os textos “Apócrifos" assumiram conotações muito
negativas, especialmente em comparação com a Bíblia. Muitas vezes é recomendado
pelas Igrejas Cristãs tradicionais que não devem ser lidos, não devem ser
levados a sério, não devem ser considerados, pois não são a verdade. O conteúdo
desses livros é considerado por muitas pessoas como lendas. Então, podemos
acreditar no Evangelho de Philipe? Maria Madalena era realmente a companheira
mais próxima de Jesus? Bem, há outras evidências para isso, e algumas delas estão
na própria Bíblia.
A Bíblia diz que Maria Madalena esteve presente nos dois
momentos mais importantes da história de Jesus: a crucificação e a ressurreição.
E Maria Madalena foi uma figura proeminente em ambos os eventos.
Além de Maria Madalena era uma das mulheres que sofreram e
choraram ao pé da cruz, ela foi também uma das vigiaram o túmulo de Jesus. Era
costume, naquela época, que as mulheres judias preparassem corpos para
enterrar. Os cadáveres eram considerados impuros e, portanto, sempre era tarefa
das mulheres lidarem com eles.
Porém, contam os novos testamentos, que quando Maria vai ao
túmulo, o corpo de Jesus não está mais lá. O relato mais completo do papel de
Maria Madalena depois de descobrir o túmulo vazio está no Evangelho de João.
Ela está em estado de choque e corre para onde os discípulos estão reunidos
para contar-lhes a notícia. Quando ela relata aos discípulos, ela não é
acreditada. Então Pedro e outro discípulo retornam com ela para o túmulo, para
verem por si mesmos.
Quando eles entram, Pedro reage com raiva e desânimo à visão
do lençol que envolvia o cadáver descartado no lixo. Mas Maria Madalena entende
o que aconteceu e conclui que Jesus deve ter ressuscitado dentre os mortos. Os dois
vãos embora sem ouvir Maria Madalena.
Então, algo ainda mais extraordinário acontece. É o maior
momento de Maria Madalena.
Maria Madalena está triste e sozinha quando alguém pergunta
por que ela está chorando. Ela acredita ser o coveiro e diz: "Eles pegaram
o corpo do meu senhor e não sei onde está". A figura diz seu nome. E então
ela vê Jesus. Ela sobressaltada diz: "Mestre!" Ela ajoelha-se diante
de Jesus, que está de pé diante dela, usando uma mortalha e avança a mão para
alcançá-lo, mas ele se afasta e diz: "não me toque". Então ele
orienta que ela deve ir ter com os outros e dizer-lhes que ele ressuscitou dos
mortos. É um momento maravilhoso. Jesus está diante dela, mas ele está além do
alcance dela.
Não podemos dizer se Jesus realmente apareceu para ela após
ressuscitar ou se Maria Madalena simplesmente acreditou que o estava vendo. Mas
de qualquer maneira, neste momento, a experiência de Maria Madalena levou o cristianismo
para uma nova e importante direção.
Um novo caminho se desenvolveu, que não tinha nada com o que
o próprio Jesus estava pregando, surgiu a crença de que Jesus não morreu ou que
ele morreu, mas ressuscitou dentre os mortos. Essa crença não foi uma falha. Na
verdade, foi um grande sucesso. E a pessoa que divulgou isso foi exatamente Maria
Madalena.
A crença na ressurreição de Jesus foi o ponto de explosão do
cristianismo. Foi quando ele mudou de um pequeno movimento para uma nova
religião. E Maria Madalena foi uma figura chave neste evento.
Você pode pensar, então, que, no mínimo, Maria Madalena deve
ser reconhecida como a maior dos apóstolos que fundaram o Cristianismo, e a
primeira dos missionários que divulgaram a religião, como parecem estabelecer
os fatos narrados na Bíblia.
E também pela razão dela ser destaque em outro texto gnóstico
apócrifo chamado Codex Akhmin, por ter sido descoberto na cidade de Akhmin, no
Egito, e foi parar em um bazar do Cairo, onde o pesquisador alemão Dr. Carl
Rheinhardt, comprou esse curioso papiro em 1896, encadernado em couro e escrito
em copta, ele foi denominado de “Evangelho de Maria Madalena”(5).
Como os livros encontrados em Nag Hammadi, o evangelho de
acordo com Maria Madalena também é considerado um texto apócrifo. A história contada
no texto começa algum tempo depois da ressurreição.
Os discípulos teriam acabado de ter uma visão de Jesus. Ele encorajou
seus discípulos a saírem e pregarem seus ensinamentos ao mundo, mas eles tinham
medo de fazê-lo porque ele foi morto por isso, e eles dizem "se eles o
mataram, eles também nos matarão". Então Maria Madalena se levanta e diz: “não
se preocupem, ele prometeu que estaria conosco para nos proteger”. Então o
texto diz que ela moveu seus corações para o bem e começaram a discutir a
mensagem de Jesus.
Nos textos do Evangelho de Philipe, Maria Madalena foi
apresentada como um símbolo da sabedoria. No Evangelho de Maria Madalena, sua
participação é mais proeminente, ela é a responsável pela evangelização, ensinando
aos discípulos sobre os ensinamentos de Jesus.
Num trecho do relato, Pedro pede a Maria Madalena para lhe contar
algumas coisas que ela teria ouvido de Jesus, mas que os outros discípulos não ouviram.
Então ela diz: "Sim, eu vou te dizer o que lhe foi escondido". Ela
fala sobre uma visão que teve de Jesus e uma conversa que teve com ele. Como o
Evangelho de Maria Madalena relata, os detalhes dessa conversa têm a ver com o
desenvolvimento espiritual e a batalha vital da alma contra o mal.
Neste ponto, surge uma controvérsia, André que passava, diz:
"bem, não sei o que o resto de vocês pensam, mas essas coisas me parecem
muito estranhas, me parece que ela está nos ensinando ensinamentos diferentes de
Jesus ". Pedro então chama ele e diz: "Nós devemos agora nos voltar e
ouvi-la? Jesus falou coisas em particular com uma mulher em vez de abertamente
para nós? Ele preferiu ela que nós?"
Matheus defende Maria Madalena do ataque de Pedro contra
ela. No texto, o problema de Pedro parece ser que Jesus colocou Maria Madalena acima
dos outros discípulos para interpretar seus ensinamentos. Pedro vê Maria Madalena
como uma rival na a liderança do grupo.
Pedro, na verdade, não precisava temer. A maioria das
pessoas vêm Pedro como a rocha sobre a qual a igreja foi estabelecida. A igreja
católica colocou ele como o principal ou a principal figura entre os discípulos,
e Maria Madalena como uma figura lateral no elenco dos personagens.
Uma grande parte do texto apresenta diálogos entre Maria Madalena
e os discípulos de Jesus, onde ela é a pessoa que responde às perguntas. Após a
partida de Jesus, conforme o texto, a autoridade da igreja foi dada a Maria
Madalena, indicando o texto que teria surgido uma religião, denominada Cristã,
que tinha em Maria Madalena sua fundadora e a considerava mais importante que
os outros apóstolos. Parte desse favorecimento, dela ser a única discípula
conhecida, pode ter sido devido à sua habilidade como mulher de representar a
importante figura de companhia feminina de Jesus, conforme o evangelho gnóstico
mostra.
Uma das coisas absolutamente fascinantes sobre o Evangelho
de Maria Madalena é que nos faz repensar esses fatos sobre a história cristã, e
nos coloca frente a questão: - Todos os discípulos realmente entenderam a
mensagem e pregaram a verdade?
Talvez o Evangelho de Maria Madalena seja muito radical. Ele
apresenta Maria Madalena como mestra e guia espiritual aos outros discípulos.
Ela não é apenas um discípulo; ela é o apóstolo para os apóstolos.
Eduardo G. Souza
(1) Na tradição
da Igreja Ortodoxa, Myrrhbearers, Mirróforos ou Portadores de Mirra são os
indivíduos mencionados no Novo Testamento que estiveram diretamente envolvidos
no enterro ou que descobriram o túmulo vazio de Jesus. Nas igrejas católicas
ortodoxas e gregas orientais, o segundo domingo após a Páscoa é chamado “domingo
dos Myrrhbearers” ou "domingo dos magos". As leituras das Escrituras
nomeadas para os serviços neste dia enfatizam o papel desses indivíduos na morte
e possível ressurreição de Jesus. Segundo o Novo Testamento esses indivíduos
que seriam as Três Marias se refere a Maria Madalena, Maria de Cleopas e Maria
Salomé. Entre as mulheres mencionadas, Maria Madalena está presente em todos os
quatro relatos evangélicos, e Maria, mãe de Tiago, está presente nos três
sinópticos, no entanto, existem variações nas listas de cada Evangelho
relativas às mulheres presentes na morte, sepultura e descoberta.
(2)
A Fé Bahá'í é uma religião mundial baseada
nos ensinamentos de Bahá'u'lláh. Ele ensinou que existe um Deus e uma família
humana, e que as grandes religiões do mundo representam etapas sucessivas na
evolução espiritual da sociedade humana. Os bahá'ís reconhecem a chegada de
Bahá'u'lláh como a última expressão da orientação de Deus, abrindo o caminho
para o estabelecimento da paz e da reconciliação, quando, como antecipado nas
sagradas escrituras no passado, toda a humanidade alcançará sua espiritualidade
e maturidade social, e viverá em harmonia e de acordo com a justiça. Os mais de
cinco milhões de bahá'ís em todo o mundo estão aprendendo a traduzir os
ensinamentos de Bahá'u'lláh para novos padrões de vida individual e
comunitária. Embora sejam provenientes de diversas origens étnicas e culturais,
estão unidos pela sua crença na natureza espiritual essencial da nossa
existência e pelo desejo de um futuro justo e pacífico para todos os povos.
Maria Madalena é altamente venerada na Fé Bahá'i. Abdul-Baha fez mais
referências a ela do que a qualquer outra mulher na história, na verdade ela é
a discípula amada mais citada de Cristo. As escrituras bahá'ís e Bahá'u'lláh se
referem devotadamente a ela. Maria Madalena é muito reverenciada, se não a
mais, na Fé Bahá'i! Esta é talvez a grande semelhança entre bahá'ís e
cristianismo: a veneração a Maria Madalena.
(3) Quem
quiser saber mais sob Magdala, pode acessar: - “Ruínas da “sinagoga de Jesus”
intrigam arqueólogos”, em https://noticias.gospelprime.com.br/arqueologia-ruinas-sinagoga-jesus/
(4) Nag
Hammadi é uma aldeia camponesa no Egito, na antiguidade conhecida como
Chenoboskion, localizada a cerca de 225 km ao noroeste de Assuão, com
aproximadamente 30000 habitantes. As Escrituras de Nag Hammadi, é uma coleção
de treze livros antigos (chamados de "códices") contendo mais de
cinquenta textos, foram descobertas em 1945. Esta descoberta, imensamente
importante, inclui um grande número de "Evangelhos Gnósticos", textos
se acreditava terem sido totalmente destruídos durante a antiga luta cristã
para definir a "ortodoxia", entre os textos se encontram importantes
escrituras como o Evangelho de Tomé, o Evangelho de Filipe e o Evangelho da
Verdade. A descoberta e tradução dos textos de Nag Hammadi, deu impulso a uma
reavaliação importante da história cristã primitiva e à natureza do
gnosticismo. Para mais informações sobre a descoberta de Nag Hammadi e os
textos encontrados, consulte: “Os Evangelhos Gnósticos”, de Elaine Pagels, da
Vintage Books, Nova Iorque, 1979, e “Uma Introdução ao Gnosticismo e à
Biblioteca Nag Hammadi”, por Lance Owens, no site - http://www.gnosis.org/naghamm/nhlintro.html.
Primeiro, leia o livro de Elaine Pagels, para uma visão geral das escrituras
gnósticas e da discussão da Gnose antiga, e em seguida uma visão geral, oferecida
por Lance Owens.
(5) Quem
interessar-se em ler o Evangelho de Maria Madalena, o encontrará completo em: https://pt.scribd.com/document/358510376/Evangelho-de-Maria-Madalena-Completo-PDF.
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