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Eduardo G. Souza e Lígia G. Souza.

terça-feira, 7 de novembro de 2017

FÉ RACIONAL



Como alguém pode acreditar racionalmente em Deus?
É possível que um cristão seja racional, que pense e analise coisas relacionada a religião dentro dos preceitos da tautologia?
Perguntas difíceis! Convivi e convivo com cristãos, muçulmanos, judeus, espiritas, budistas, hinduístas, umbandistas, candomblecistas, rosa-cruzes, magos, agnósticos e até com ateístas, entre outras expressões da fé humana. Por necessidade profissional e curiosidade (coisa que trouxe a humanidade para onde estamos) precisei escutar, questionar, analisar e registrar suas opiniões e crenças, muitas vezes tentado a abrir uma discussão sobre o assunto, mas, por normas de pesquisas, sempre procurei ouvi-los sem interferir em suas formas de ver a divindade e a fé. 
Na verdade, não há pessoas totalmente racionais ou irracionais. Todos acreditam em coisas estúpidas e inteligentes o tempo todo. E se uma pessoa somente acreditasse nas coisas com base na racionalidade e apenas fizesse coisas que tivessem uma base racional, essa pessoa seria realmente um ‘chato’.
Um cristão não é uma pessoa totalmente irracional, mas muitas das ideias por trás do cristianismo são irracionais. Não faz sentido aceitar algo que você sabe não ser verdade, apresenta uma série de fatos e dados que não condizem com a verdade, são fantasiosos ou necessitem de uma credulidade forte demais para aceitá-los. No entanto, um cristão não pode ser totalmente racional sobre tudo o que ensina a sua religião.
Se um cristão liberal pudesse pensar algo como: "Jesus foi um grande Mestre que nos deu um vislumbre de Deus, e a Bíblia é um livro complexo, cheio de contradições e mitos"; então seria perfeitamente possível um cristão ser racional.
No entanto, é quase impossível que as pessoas que se declaram cristãos, admitam que as profecias do Velho Testamento sobre Jesus não são tão precisas como muitas pessoas acreditam. E até admitirem que o Novo Testamento pode não ser tão credível, porque todos os quatro evangelhos foram escritos décadas após a morte de Jesus e mesmo depois das cartas de Paulo.
Mas como um cientista ou um profissional bem-sucedido na área tecnológica pode ser um cristão? Como ele pode conciliar isso, como acreditar em coisas irracionais?
Eu diria que ele vai discordar de você, de que os fenômenos relatados são todos irracionais, alguns podem ser credíveis, e acredito que ele deve usar uma espécie de compartimentação emocional para fé e outra para as racionalizações e para lidar com o resto.
Ser racional significa ser capaz de pensar criticamente. Mas nem todos os crentes são automaticamente irracionais e não podem "pensar e analisar coisas". Mesmo como cristão, as pessoas podem analisar dados, fatos, opiniões, fazer pressupostos baseados no mundo que as rodeia. Só porque algumas pessoas aceitam ‘algumas’ coisas que não são consideradas "racionais", não as transforma em pessoas totalmente escravas da fé. Mas, aquelas que só vivem em função da fé, acabam necessitando da ajuda de um profissional, para escapar desse terrível cativeiro em que se enclausuram.
Talvez o Deus bíblico não consiga ser racional, por culpa da ficção que os escritores da bíblia criaram, são história tão fantasiosas, que não conseguem escapar ao crivo da racionalidade. Muitos autores têm buscado conciliar as histórias bíblicas com achados arqueológicos e geológicos, mas, em cada uma dessas tentativas, mesmo com os esforços do autor, não é possível essa conciliação com os fatos e dados científicos.
Os criacionistas incondicionais, fundamentados no relato bíblico, acreditam que Deus criou o mundo dentro de seis dias. No entanto, não podemos duvidar da criação do mundo através da evolução. Alguns autores tentam dar cunho a bíblia tentando associar esses seis dias a eras arqueológicas, então podemos crer que Deus testou organismos inferiores durante o período cambriano, e depois os dinossauros foram testados em um projeto beta durante o período mesozoico. Então ele se cansou deles e limpou-os da face da Terra com um único golpe de asteroide. Mais tarde, ele disse: "Estou muito cansado de brincar com espécies simples, vamos fazer algumas evoluídas para poder jogar com elas". E ele criou os homens e jogou com eles, o cheque mate de Adão foi dado pela queda da rainha, Eva, e com a ajuda da rainha preta, a serpente. Como foi óbvio o jogo com Abraão. Abraão foi testado se mataria seu próprio filho. E não se atreva a questionar por que ele usou o mal e o sofrimento no mundo no jogo, como descrito em Jó, para testar a fé. Deus não é realmente o personagem mais agradável em toda a ficção bíblica, ele derrubou e levantou exércitos e reinos, separou povos e aniquilou outros a sua vontade, matou e protegeu homens de acordo com as necessidades do seu jogo, segundo nos conta a bíblia.
No momento em que um cristão chegar ao ponto de tentar justificar suas crenças, mesmo com todas as contradições bíblicas, através da fé, certamente cruza a linha de racionalidade O cristão racional teria que seguir a lógica, e a lógica racional é que não podemos confiar na Bíblia como a palavra de Deus, temos que aceitá-la somente como um documento histórico, a história de um povo, apresentando com imprecisão uma série de eventos, sem qualquer compromisso com a verdade. Assim, alguns cristãos não hesitam em rejeitar (ou tentar dar nova interpretação) os versículos que os incomodam ou que consideram amoral.
Então um cristão racional estaria no caminho do ateísmo? 
Os céticos muitas vezes afirmam que a crença no deus cristão, ou qualquer deus, é uma questão de fé cega sem qualquer razão racional. Mas a fé não precisa ser cega. Deus nos criou com mentes pensantes e ele quer que nós as usemos, e racionalmente ele nos dá motivos para acreditar nele.
Todos nós temos pistas que nos levam a encontrar Deus. Todos nos perguntamos como o universo foi criado e por que nós mesmos estamos aqui. Todos nos perguntamos se há um significado ou propósito maior para a vida.
Quase todos vivem em uma sociedade onde existe um conceito de Deus e onde as pessoas falam sobre Deus e a espiritualidade. Essas questões nos levam a pensar em Deus e a fazer perguntas como: Deus existe? e Como posso me comunicar com ele?
Algumas pessoas podem optar por respostas como, por exemplo, orando, e continuar fazendo perguntas e procurando respostas. Outras podem responder: ouvindo pessoas, frequentando igrejas, lendo a livros sagrados, etc.
Mais se a pessoa busca a Deus pela razão, ele pode revelar-se pela causa primeira e permitir que ela saiba quem ele é observando o universo e a vida. Deus pode interagir com ela de uma maneira individual e dar à pessoa razões para acreditar nele. Deus, como um Mestre onisciente, sabe quais serão as evidências convincentes para cada pessoa, e sabe quais experiências que elas precisam vivenciar e quais lições precisam aprender (e a melhor maneira de aprender) para acreditar nele. Somente experiências pessoais com Deus e o encontro com ele no interior do Ser, dá à pessoa razão para acreditar que ele existe.
Nós continuamente fazemos escolhas sobre como buscaremos Deus e nos aproximaremos dele. A resposta está em nós escolhemos fazer o certo ou errado, para alcançar e falar com Deus, não basta orar, rezar, fazer oferendas, etc. É preciso viver em Deus, encontrá-lo em si mesmo, ouvi-lo através da razão e das leis da natureza, e escolher o bem. Essas oportunidades que Deus nos proporciona, nos dá a responsabilidade por nossas escolhas e decisões.
As pessoas que vivenciaram da presença divina em seu Ser, têm muitas razões para acreditar em Deus, elas sentiram os efeitos de sua interação com Deus, e a experiência e permanente busca, confirmaram que elas interagiram pessoalmente com ele. Esta evidência, para não mencionar outros motivos, e suficiente para acreditar que Deus existe, e é suficiente para acreditar que existe uma base racional para sua fé.
O homem não precisa da bíblia ou qualquer outro livro sagrado, não precisa de nenhuma outra pessoa ou intermediário, para encontrar Deus. Basta observar o infinito, o universo, a terra, o homem, as plantas ou os animais, para encontrar as marcas patentes da presença e da existência do Criador. Porque, a criação do universo e do mundo, mostram a presença invisível de Deus, o seu poder eterno e a sua natureza divina. Os fenômenos naturais e a ordem universal, são provas claramente visíveis da ‘existência de um princípio criador’, origem e razão universal. Não existem desculpas para a negação da existência desse ‘princípio’, que você pode denominar como quiser. Através dos detalhes intrincados e da beleza magnífica de tudo que Deus criou, podemos vê-lo e ouvir a sua voz.
Como? Observem o instinto e o trabalho das formigas para armazenarem alimentos durante todo o verão, e aprendemos sobre sabedoria e laboriosidade. Observem os céus em sua imensidão, e entendemos mais a grandeza de Deus. E, ao plantar e cultivar a terra, conhecemos sobre o milagre da morte e do renascimento. Deus projetou e criou tudo isso, e nos deu o conhecimento e a razão para que pudéssemos, observando sua obra, termos consciência da sua existência.
Assim, podemos conhecer Deus pelo que Ele fez e faz. O universo é sua obra. Da mesma forma que um pintor pode conquistar admiradores pelas suas belas telas, podemos glorificar a Deus ao observarmos sua criação, reconhecendo sua inteligência e compartilhando o que aprendemos com os outros.
A fé racional nos leva a crer que - O Arquiteto do Universo existe, e o universo é a prova da sua existência.
Eduardo G. Souza

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