A questão fundamental quando se fala de "identidade de
gênero", é que propriedades, se houverem, estão sendo descritas e usadas.
Realmente não se pode ter uma "identidade" em sentido convencional da
palavra, sem uma definição dos atributos distintivos dessa identidade. As
identidades de um grupo são baseadas em atributos de identificação dos membros
do grupo por características "identificáveis". Essas características
podem ser físicas ou sociais.
As características físicas são em geral inatas e marcantes, um
indivíduo não pode simplesmente escolher seu sexo ou afiliar-se a uma etnia. Uma
pessoa branca não pode simplesmente escolher participar da identidade do grupo
oriental, porque não pode ser identificada pelo grupo e pelos outros como
oriental, pois não possui os atributos físicos e culturais desse grupo. Certamente
alguém poderá dizer: mas, se ela fizer uma cirurgia plástica poderá adquirir a
aparência oriental, certo! Mas, ela nunca será oriental, pois o seu DNA sempre
a identificará como pertencente a etnia branca. Correto? É impossível modificar
uma "identidade convencional” sem intervenções externas que modifiquem
atributos específicos dos indivíduos que possuem aquela identidade, porque as
identidades convencionais devem ser feitas em referência a características que
identificam um grupo.
Ter uma identidade deve ser, na maioria dos sentidos, possuir
elementos identificável como características e comportamento, para que as
pessoas possam lhe atribuir essa identidade com base nessas características.
Há, claro, certas identidades de grupo que podem ser
reivindicadas simplesmente por auto declaração, como identidades políticas ou
religiosas. Mesmo a associação a esses grupos sendo definida socialmente, ao
declarar uma filiação, o indivíduo tem que assumir certas características,
dentro do contexto social, que o identifique inserido nesse grupo. Por exemplo,
ao se identificar como mulçumano, na verdade, não basta se declarar um mulçumano,
porque os mulçumanos, como um grupo religioso, não são apenas definidos por uma
afiliação escolhida, e sim por uma identidade que o próprio grupo e a sociedade
atribuem às pessoas desse grupo, com base em suas características
comportamentais.
Então, quando um homem biológico declara que "se
identifica" como mulher, em que base pode reivindicar uma identidade
feminina? Ele pode dizer honestamente que quer ser mulher e, potencialmente,
pode dizer que "se identifica com as mulheres" na medida em que
experimenta empatia ou compreensão em relação às mulheres, mas nenhuma dessas
coisas torna alguém feminino na definição convencional de "feminino".
Na verdade, a vontade de querer ser feminino faz com que o
indivíduo seja paradoxal angustiada. Por que alguém ficaria angustiado por
querer ser algo que ele já sente ser?
Se a identidade de gênero feminino é realmente uma metáfora
de se sentir como uma mulher, isso levanta a questão de como eles sabem como é
uma mulher. O problema de fazer afirmações sobre coisas inteiramente internas,
coisas que só podem ser acessadas por introspecção pessoal e até mesmo
impossíveis de articular claramente, é que tais coisas são, por natureza,
inacessíveis para outras pessoas, portanto, não pode haver base para
comparação. Então, trabalhando sob o pressuposto hipotético de que existe uma
qualidade como uma "identidade interna de gênero", como se pode saber
se sua "identidade de gênero interna" é mais parecida com a de um
homem ou de uma mulher? Para que alguém saiba se a sua "identidade de
gênero" é masculina ou feminina, ela teria que ser capaz de sentir ou
experimentar a "identidade de gênero" de outro homem e a
"identidade de gênero" de uma outra mulher, ou seja, ter alguma
maneira de acessar as duas para compará-las. Teria que sentir a identidade de
gênero de outras pessoas para determinar se era mais masculino ou mais
feminino, mas como a "identidade de gênero" é um estado interno, isso
não pode ser hipoteticamente possível. Para dizer "sentir-se como uma
mulher" exige saber o que mulher sente; de outra forma, como alguém
poderia reconhecer o que de fato sentia "como uma mulher" e que não
gosta de outra coisa.
Se um paciente fosse levado um psiquiatra e se identificasse
com como membro da família real britânica, seria basicamente um absurdo, porque
a sociedade não lhe proporciona essa identidade. Se ele dissesse que se sentiam
como um nobre britânico e não como um cidadão comum, como ele saberia o que é
um nobre britânico. Se ele dissesse que queria ser um nobre britânico, esse
desejo poderia ser "razoável", mesmo que totalmente irrealista; se
ele desejasse a riqueza, a fama, o charme da vida nobre, o poder da realeza britânica
ou alguma outra coisa, seria até “desejável”, mas também seria absurdo. Mas,
quando ele quer assumir uma "identidade", quando acredita que
"se sente um nobre britânico", por fim, se o um paciente insiste que
é verdadeiramente um membro da família real britânica, quando não é, só pode
mesmo ser conduzido a um psiquiatra, pois parece seriamente perturbado,
delirante ou psicótico.
O fato de que há pessoas que afirmam se identificar, se sentirem
ou serem mulheres quando aparentemente são masculinas, não torna essas
afirmações muito razoáveis.
Enfim, mesmo quando alguém muda externamente seu aparelho
sexual, internamente continua o que nasceu, seu DNA não muda com qualquer procedimento
científico hoje disponível. E o DNA não muda, nasceu geneticamente homem ou
mulher, mesmo com qualquer procedimento médico cirúrgico, geneticamente vai
morrer como nasceu.
Eduardo G. Souza.
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