Liberdade.

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Porque não existe outra pretensão em nossos escritos, que não seja expressar o nosso pensamento, nossa forma de ver e sentir o mundo, o Homem e a Vida.
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Um grande abraço.
Eduardo G. Souza e Lígia G. Souza.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

NÃO SEJA VÍTIMA DA FRUSTRAÇÃO






A vida está cheia de frustrações. Se fosse tudo plano e colorido, a vida seria aborrecida, sem graça, e nunca aprenderíamos a crescer como pessoa. As frustrações na vida nos permitem crescer, mudar e nos tornar mais felizes. Pelo menos é assim que eu vejo isso!
Se você não se deixar abater pelas experiências frustrantes, elas poderão ser extremamente gratificantes, e contribuir para seu crescimento. Não se desespere com as frustações, use-as!
Uma das coisas que aprendi com muitos grandes mestres é que ter uma frustração é a chave para um futuro bem-sucedido que você pode criar. Você está frustrado com a sua incapacidade de fazer algo para mudar alguma coisa que está lhe incomodando, não tem como agir ou uma solução para corrigi-la. Quando você percebe que outras pessoas também estão insatisfeitas, então você deve procurar conversar, discutir, dividir sua insatisfação com elas, e assim você permite que outras pessoas possam apresentar uma solução, que você ainda não vislumbrou.
Muitas pessoas com quem tenho conversado, estão frustradas porque não sabiam ou sabem nada. “Na verdade, fiquei frustrado porque não sabia de nada”, estou cansado de ouvir. A única maneira de superar essa frustração, é obter a maior quantidade possível de informações, para que você possa conhecer e se conscientizar sobre o assunto, e então avaliar todas situações e informação que estão em seu caminho.
Por exemplo, se você está frustrado porque não é promovido, seja honesto consigo mesmo. Existe a chance de seu chefe ser um idiota ou que seus companheiros de trabalho gostem de ‘puxar o saco’ dele e você não, mas, também há uma chance de que você não tenha o conhecimento ou a experiência que precisa para ser promovido. Talvez seu chefe possa ver que está faltando algo necessário para você ser promovido. Se você conseguir perceber ou procurar seu chefe e discutir com ele sua atuação, você pode procurar se aperfeiçoar ou treinar para obter as habilidades que você precisa, e se tornar uma pessoa que, obviamente, merece a promoção.
Esta dica na superação da frustração requer uma consciência de você mesmo, de suas capacidades e de suas limitações. Mas, a consciência deriva de ser honesto consigo mesmo.
Portanto, ser honesto consigo mesmo pode evitar muitas frustrações que podem parecer na sua vida. Quando você é desonesto consigo mesmo, não pode ver ou mover obstáculos da vida, porque você não os admite, e isso o mantém em uma situação que lhe incomoda, mas, você não quer sair, o que é muito frustrante.
A frustração que decorre de ser incapaz de superar algo ou realizar algo é normal. Isso significa que você ainda não encontrou o caminho certo. A fim de evitar que suas frustrações o impeça de avançar, você precisa se concentrar em superar suas frustrações e continuar em frente. Como você faz isso?
A melhor maneira é lembrar de como você viveu antes das frustrações e que você pode fazê-lo novamente. Não é impossível ultrapassar eventos frustrantes, é apenas difícil às vezes. Garanto que você já experimentou superar alguns eventos frustrantes. E se você já fez isso antes, você pode fazê-lo novamente. Na verdade, faça um mantra: - "Eu fiz isso antes e posso fazê-lo novamente!"
Você tem que encarar suas frustrações, e tentar corrigir o que está causando sua frustração. Por exemplo, se você estiver em um relacionamento que está indo água abaixo, e você está frustrado com a maneira como as coisas estão indo, você precisa estar determinado a consertar o relacionamento ou termina-lo. Lembrando-se de que um relacionamento feliz, saudável e solidário, poderá ajudá-lo a construir uma vida feliz, mas que você terá sempre que conviver com momentos ou contratempos frustrantes, comuns em qualquer relacionamento.
Não importa a situação frustrante com a qual você esteja lidando, tentar esquecê-la não pode ajudar. Você pode esquecer momentaneamente a frustração ao distrair-se, embora isso possa ajudá-lo a tirar a frustração momentaneamente da sua mente, ela vai voltar e ainda mais forte.
Então como agir, estou falando sobre conectar-se com outras pessoas que estiveram ou estejam sentindo o que você está, elas poderão dar algumas ideias que você poderá usar. Conectando-se a outras pessoas, você pode fazer um ‘brainstorm’(1) para discutir o problema ou situação indesejada, facilitando o surgimento de soluções. As ‘redes sociais’ têm funcionado como um campo para esse tipo de ação.
Por exemplo, entrar em um grupo ou em um debate, com base em sua frustração e fazer perguntas, colocar sua posição, é uma ótima maneira de obter um monte de informações, opiniões e ideias diferentes que você nunca poderia criar ou acessar por conta própria. Deixar sua mente aberta e meditar sobre algumas dessas ideias e informações, é uma ótima maneira de encontrar soluções ou respostas para superar sua frustração de uma vez por todas.
Esta é uma dica realmente importante que espero que você experimente. Se você optar por esconder a frustração e não deixar ninguém saber, será realmente difícil encontrar soluções ou respostas por conta própria. Seu foco é limitado. Suas experiências, atitudes, crenças e percepções mantêm você refém em uma certa maneira de pensar, e a única maneira de expandir sua maneira de pensar é obter uma visão de outras pessoas que têm uma maneira completamente diferente de olhar a vida e viver que você.
Muitas vezes, uma frustração nasce da expectativa. Queremos que as coisas funcionem de uma certa maneira, e ficamos frustrados quando não acontece. Então a dor é ela não estar funcionando da maneira que desejamos, isso nos coloca em estado de frustração, especialmente se não conseguirmos mudar as coisas de uma forma que nos satisfaça.
O truque da vida sem frustração constante é poder aceitar a realidade e seguir em frente. Isso não significa que você deve desistir de seus desejos ou sonhos, mas que você deve aceitar que nem tudo o que você quer e sonha pode ser realizado, que as coisas podem não funcionar exatamente da maneira que você está querendo e imaginando.
Por exemplo, você pode trabalhar duro para se tornar supervisor em seu local de trabalho, mas, em vez disso, obter uma oferta para ser promovido para uma posição diferente no trabalho. Se você não está disposto a abandonar o desejo de ser um supervisor, você ficará muito frustrado. Especialmente se o seu chefe não está disposto a promovê-lo para essa função. Mas, se você aceitar a promoção que lhe foi oferecida, então você avançará sem frustração, e poderá criar novas expectativas.
Isso é uma coisa que experimentei algumas vezes na vida. A realidade é que a vida muitas vezes nos dá o que mais precisamos, mas, não o que queremos. Procure entender que você pode receber algo que você precisa para crescer e obter mais do que deseja na vida.
Então, comemore seus sucessos na vida, mesmo que não sejam exatamente o que você deseja. Um evento inesperado, um novo relacionamento em sua vida que você não queria, um presente que não era o que você queria, ou qualquer outra coisa que não se alinhou exatamente com suas expectativas, é provavelmente a coisa exata que você precisa neste momento.
Na verdade, os obstáculos e as falhas são coisas boas, se causam frustração é também uma boa coisa. É um sinal de que você está pronto para aprender algo novo, dominar algo melhor (como paciência ou compaixão), crescendo como pessoa, saindo da sua zona de conforto e se aproximando do que deseja.
A superação da frustração sempre o recompensará ensinando algo sobre você e lhe ajudando a se aproximar de quem você quer ser.
Portanto, na próxima vez que você se sentir frustrado, pare, analise a sua frustração e entenda que é uma nova oportunidade de crescimento. Você pode não entender o quão importante é isso agora, mas, tente pelo menos da próxima vez que você estiver frustrado.
Eu quero que você diga em voz alta: - “Isso é ótimo! Ao encontrar uma maneira de superar essa frustração, estou prestes a fazer algumas mudanças na minha vida que a melhorarão!” Ao dizê-la em voz alta, essa frase penetrará em seus ouvidos, e o ajudará a ficar mais entusiasmado.
Concentre-se no que há para ser grato neste momento. Concentre-se em encontrar uma solução ou resposta para a frustração. Isso o ajudará a sair de um estado negativo para um estado criativo, o que o ajudará a se sentir melhor e a encontrar uma solução ou resposta mais rapidamente.
Se você não pode se concentrar, porque está muito chateado ou decepcionado com o evento frustrante, então se concentre em algo completamente fora do alcance da frustração para dar a sua mente uma pausa disso. Assistir TV, uma caminhada, uma conversa com um bom amigo, ou qualquer outra coisa que não tenha nada a ver com a frustração vai ajudar.
Procurar controlar sua raiva, vai ajudá-lo a ficar mais calmo no momento. Isso lhe permitirá deixar de lado as emoções intensas que o mantêm focado nas coisas erradas. Quando essas emoções forem controladas, você poderá analisar à frustração claramente e encontrar uma solução ou resposta.
Muitas vezes a frustração acontece porque você não sabe o caminho a seguir. Isso pode ser resolvido, ficando claro o que você quer e criando um caminho para chegar lá.
A falta de clareza sempre promoverá o caos na sua vida, o que fará com que você se sinta frustrado. Mas, ficando claro o que você quer, irá ajudá-lo a avançar, mesmo em face de um revés ou um obstáculo.
Eu sugiro que você determine claramente o deseja em sua vida, os objetivos que deseja alcançar, as experiências que deseja vivenciar e as recompensas que deseja alcançar. Em seguida, crie pequenos objetivos acionáveis ​​para ajudá-lo a se mover para a vida que deseja.
Se você está lidando atualmente com uma frustração, então fique claro sobre o que você quer na área específica com a qual você está lidando. Por exemplo, se você está em um relacionamento ruim, talvez você não saiba o que deseja do relacionamento. Você pode não saber em que direção você deseja que o relacionamento vá. Se você se sentar e listar as coisas que deseja, como "se comunicar bem" ou "ser mais íntimo", então você terá algo de concreto para trabalhar e, em vez de ficar frustrado por como você está vivendo, você pode começar a trabalhar para alcançar como você quer viver.
Por último, é importante concentrar-se na sua vida e não colocar o seu foco na vida de outra pessoa. Se o seu objetivo é melhorar a vida de outras pessoas ou ajudá-los a se tornar o que você pensa que deveriam ser, então você ficará sempre frustrado. Outras pessoas nunca desejarão alcançar as expectativas que você definiu para elas, e nunca irão recompensá-lo da maneira que você deseja ser recompensado. Cada pessoa possui suas próprias crenças, expectativas e objetivos de vida.
Por exemplo, você pode tentar ajudar outras pessoas a se tornarem mais informadas e instruídas, postando informações sobre um determinado assunto ou tema em uma rede social, você pode ficar frustrado com a quantidade de pessoas que não entendem sua intenção ou que não estão dispostas a aceitar o que você está postando. Você pode ficar frustrado com os comentários, com falta de raciocínio lógico ou com falta de vontade de algumas pessoas de aceitar os fatos e os dados, e mudar seu modo de encarrar a realidade. É melhor você procurar as pessoas que querem ser ajudadas, procurar trazer novos dados, fatos e informações que possam enriquecer o tema, em vez de ficar frustrado se concentrando em pessoas que não querem a ajuda, pois são incapazes de mudar suas opiniões, mesmo frentes a dados e fatos incontestáveis.
Em suma, é importante ter a intenção de esclarecer e informar outras pessoas, mas, você não pode ter uma expectativa de que isso vai acontecer. Você não deve ter a expectativa de mudar outras pessoas, toda vez que você apresentar informações, dados e fatos a elas ou você ficará frustrado na maioria das vezes. Lembre-se que, muitas vezes, aquele assunto já é uma grande frustração para quem você quer informar.
Hodiernamente, é grande o número de pessoas que estão frustradas com a política e com os políticos. Algumas pessoas colocaram todas suas expetativas e crença em figuras que se apresentaram como modelos de honra e moral, e que, como ‘ídolos de pés de barro’, se desfazem aos nossos olhos. Cada dia, ao abrirmos os jornais, assistirmos a TV, ouvirmos as rádios ou pela internet, somos bombardeados por notícias alarmantes de que, essas pessoas em quem colocamos nossas esperanças, estão sendo denunciadas, julgadas, condenadas e algumas até presas. Não existe um só partido político que esteja limpo, não existe uma só corrente política que não esteja contaminada e subjugadas pela corrupção, e são muito poucos os políticos que não estão envolvidos em maracutaias, tramoias, ilícitos e roubalheira... Um a um os líderes políticos vão caindo, num despenhadeiro sem fim e numa velocidade vertiginosa...
Então a frustração do povo é cada dia maior, alguns negam a realidade, são capazes de morrer para não aceitar os fatos e dados incontestáveis, defendem com ‘unhas e dentes’ seus ídolos, procurando aplacar a frustração de vê-los cair no lamaçal do crime e da desonestidade. Outros aceitam a realidade e abandonam suas esperanças. Enfim, existe os que ainda lutam, e como o filosofo grego Diógenes de Sinope, que andava pelas ruas de Atenas em pleno dia com uma lanterna acesa, e quando perguntado da razão para tal atitude, ele respondeu: “procuro um Homem Honesto”, andam também a procura de um político honesto, tentando usar essa terrível realidade que vivemos, como uma forma de aprendizagem, para não se deixar levar por promessa vãs e acreditar em políticos, pois acreditar neles é adquirir para si uma imensa carga de frustração que deverá ser enfrentada num futuro não tão distante.
Finalizando, devemos ter complacência e tolerância com aqueles que não aceitando a realidade, extravasam sua frustração em formas agressivas e violentas, destempero emocional e incontinência verbal, a dor da frustração que essas pessoas carregam os faz perderem totalmente a racionalidade, e embarcar em um mundo irreal, onde a negação da realidade é a sustentação.
Eduardo G. Souza.    


(1)  Brainstorm é uma palavra em inglês cuja tradução é “tempestade mental”. É uma metodologia de exploração de ideias, visando a obtenção das melhores soluções de um grupo de pessoas. Alguns definem Brainstorm como “chuva de palpites”, mas ele é muito mais que isso. Falando de forma simplória, ele é um ‘bate-papo’ direcionado, que pode favorecer ou não o surgimento de novas ideias, que ajudem na solução de problemas ou situações indesejadas.

sábado, 10 de fevereiro de 2018

A REVOLUÇÃO DOS BICHOS





A Revolução dos Bichos 
George Orwell

Um verdadeiro clássico moderno, concebido por um dos mais influentes escritores do século XX, “A Revolução dos Bichos” é uma fábula sobre o poder. Narra a insurreição dos animais de uma fazenda contra seus donos. Progressivamente, porém, a revolução degenera numa tirania ainda mais opressiva que a dos humanos
Escrita em plena Segunda Guerra Mundial, foi publicada pela primeira vez no Reino Unido em 1945, depois de ter sido rejeitada por várias editoras, essa pequena narrativa causou desconforto ao satirizar ferozmente a ditadura stalinista numa época em que os soviéticos ainda eram aliados do Ocidente na luta contra o eixo nazifascista.
O livro narra uma história de corrupção e traição e recorre a figuras de animais para retratar as fraquezas humanas e demolir o "paraíso comunista" proposto pela Rússia na época de Stalin.
A história conta que - sentindo aproximar-se sua hora, Major, um velho porco, reuniu os animais da fazenda para partilhar seu sonho: “serem governados por eles próprios, sem a submissão e exploração do homem”. Ensinou-lhes uma antiga canção, “Bichos da Inglaterra” (Beasts of England), que resume a filosofia do Animalismo, exaltando a igualdade entre eles e os tempos prósperos que estavam por vir, deixando os demais animais em êxtase com as possibilidades.
Porém, Major faleceu três dias depois, então, tomou a frente do movimento os astutos e jovens porcos Bola-de-Neve e Napoleão, que passaram a reunir-se clandestinamente a fim de traçar as estratégias da revolução. Certo dia, Sr. Jones, proprietário da fazenda, descuidou-se com a alimentação dos animais, fato este que se tornou a gota de água para os bichos. Sob o comando dos inteligentes porcos, os animais expulsaram os humanos da propriedade que passaram a chamar de “Fazenda dos Bichos”, e aprenderam os Sete Mandamentos, que, a princípio, ganharam a seguinte forma:
“1. Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo; 2. Qualquer coisa que ande sobre quatro patas, ou tenha asas, é amigo; 3. Nenhum animal usará roupas; 4. Nenhum animal dormirá em cama; 5. Nenhum animal beberá álcool; 6. Nenhum animal matará outro animal; 7. Todos os animais são iguais.”
Os porcos resumiram os mandamentos apenas na máxima "Quatro pernas bom, duas pernas mau" que passou a ser repetido constantemente pelas ovelhas.
Os animais tentavam criar uma sociedade utópica, porém Napoleão, seduzido pelo poder, expulsou Bola-de-Neve da fazenda, alegando sérias acusações contra o antigo companheiro. Acusações estas que se prolongam durante toda história, mesmo após o desaparecimento de Bola-de-Neve, na tentativa de encobrir algo ou mesmo ter alguma explicação sobre os fracassos da revolução, criando-se um mito em torno do porco que, a partir dali, passou a ser considerado um traidor.
Napoleão apoderou-se da ideia de Bola-de-Neve de construir um moinho de vento para gerar energia, e deu início à sua construção. Algum tempo depois, os porcos começaram a negociar com os agricultores da região, descumprindo a resolução de não fazer contato com os humanos, apontando essa ideia como mais uma invenção de Bola-de-Neve. Os porcos passaram a viver na antiga casa de Sr. Jones e começaram a modificar os mandamentos que estavam na porta do celeiro:
“4. Nenhum animal dormirá em cama ‘com lençóis’; 5. Nenhum animal beberá álcool ‘em excesso’; 6. Nenhum animal matará outro animal ‘sem motivo’; 7. Todos os animais são iguais, ‘mas alguns são mais iguais que os outros’.”
Napoleão foi declarado líder por unanimidade, e estabeleceu uma ditadura tão corrupta quanto a sociedade de humanos. As condições de trabalho degradaram-se, os animais sofrem um novo ataque humano e começam a lembrar-se que na época em que estavam submissos ao Sr. Jones era melhor, o slogan das ovelhas foi modificado passando a ser: “Quatro pernas bom, duas pernas melhor!”, pois agora os porcos andavam sobre as duas patas traseiras.
Napoleão, os outros porcos e os agricultores da vizinhança celebram, em conjunto, um acordo sobre a produtividade da “Fazenda dos Animais”. Os outros animais passaram a trabalhar arduamente em troca de míseras rações.
No final, os animais, olhavam para a casa, antes ocupada pelo Sr. Jones e agora viam os porcos vivendo em considerável luxo em relação aos demais animais, E o pior, viam Napoleão e outros suínos jogando carteado com Frederick e Pilkington, donos das fazendas vizinhas, e celebrando a prosperidade que os seus acordos proporcionavam às suas fazendas. Numa visão confusa, os animais já não conseguiam distinguir os porcos dos homens. mas eram sempre lembrados da “proclamada liberdade”, por sábios discursos suínos, principalmente os proferidos por Garganta, um porco com especial capacidade persuasiva.
Assiste-se assim a um escárnio grotesco da sociedade humana.
De fato, são claras as referências: o despótico Napoleão seria Stálin, o banido Bola-de-Neve seria Trotsky, e os eventos políticos - expurgos, instituição de um estado policial, deturpação tendenciosa da História - mimetizam os que estavam em curso na União Soviética.
Com o acirramento da Guerra Fria, as mesmas razões que causaram constrangimento na época de sua publicação levaram “A revolução dos bichos” a ser amplamente usada pelo Ocidente nas décadas seguintes como arma ideológica contra o comunismo.
Depois das profundas transformações políticas que mudaram a fisionomia do planeta nas últimas décadas, a obra-prima de Orwell pode ser vista sem o viés ideológico reducionista. Mais de sessenta anos depois de escrita, ela mantém o viço e o brilho de uma alegoria perene sobre as fraquezas humanas que levam à corrosão dos grandes projetos de revolução política. É irônico que o escritor, para fazer esse retrato cruel da humanidade, tenha recorrido aos animais como personagens. De certo modo, a inteligência política que humaniza seus bichos é a mesma que animaliza os homens.
O livro extrapola a questão dos desvios que a revolução russa tomou. Poderíamos reconhecer diversos ditadores nas atitudes do personagem Napoleão: Fidel Castro em Cuba; Augusto Pinochet no Chile; Hugo Chávez na Venezuela; Slobodan Milosevic na Sérvia e na Iugoslávia; Mao-Tse-Tung na China; Idi Amin Dada em Uganda; Kim Il-sung na Coreia do Norte ou Pol Pot (Saloth Sar), no Camboja. A ficha criminal da humanidade está aí para provar. A história da humanidade está cheia de casos de abuso de poder. “O poder corrompe. O poder absoluto corrompe absolutamente”, Lord Acton (John Emerich Edward Dalberg-Acton, 1º barão Acton, historiador britânico).  
Em nosso caso em particular, os porcos não contam com a ajuda dos cães, pois além de não os cooptar, como aconteceu em quase todos os casos, os porcos ainda os hostilizam. Isso garantiu, de certa forma, que os porcos não dominassem totalmente a “Fazenda dos Animais”, instituindo um regime totalmente totalitário, como aconteceu nos casos acima mencionados. Quem quiser saber melhor sobre o papel dos cães, é só ler o livro!
Escrito com perfeito domínio da narrativa, atenção às minúcias e extraordinária capacidade de criação de personagens e situações, A revolução dos bichos combina de maneira feliz duas ricas tradições literárias: a das fábulas morais, que remontam a Esopo, e a da sátira política, que teve talvez em Jonathan Swift (um escritor anglo-irlandês, panfletário político, poeta e clérigo) seu representante máximo.
É preciso que esta fábula moderna continue contribuindo para alertar a humanidade dos perigos da ascensão de certos líderes com discursos demagógicos, cujos conteúdos disfarçam intenções ulteriores e cujas promessas de prosperidade e liberdade costumam favorecer apenas uma minoria. George Orwell nos ensina, enfim, a reconhecer ‘porcos’ disfarçados de ‘homens’.
O livro é encontrado na integra em: http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/animaisf.pdf

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

PATRIOTISMO







A definição padrão do dicionário da língua portuguesa, diz: Patriotismo é amor ou devoção a pátria!
A maior parte dos dicionários concordam com esta definição.
No estudo filosófico do assunto, Stephen Nathanson(1) (1993) define o patriotismo como envolvendo: o amor especial para o próprio país; o senso de identificação pessoal com o país; a especial preocupação pelo bem-estar do país; e a disposição a sacrificar para promover o bem da Pátria.
Assim, o patriotismo pode ser definido como o amor à Pátria, a identificação com ela e a preocupação especial pelo bem-estar dos compatriotas.
Esta é apenas uma definição. Uma descrição mais completa do patriotismo envolvendo conceitos filosóficos, psicológicos e epistemológicos, está além do escopo deste texto. Tal estudo analisaria as crenças do patriota sobre os méritos de seu país, sua necessidade de pertencer a um grupo e ser parte de uma narrativa mais abrangente, está relacionado com um passado e um futuro que transcendem os limites estreitos de um a vida do indivíduo e suas preocupações mundanas, bem como as condições sociais e políticas que afetam o refluxo e o fluxo de patriotismo, sua influência política e cultural, e muito mais.
Muitos pensam no patriotismo como uma expressão natural e apropriada do amor à Pátria em que nascemos e crescemos e de gratidão pelos benefícios da vida em seu solo, entre suas pessoas e sob suas leis. Eles também consideram o patriotismo como um componente importante de nossa identidade. Alguns vão mais longe e argumentam que o patriotismo é moralmente obrigatório, ou mesmo que é o núcleo da moral social.
O patriotismo nos dias de hoje é como o Natal - muitas pessoas envolvidas em uma atmosfera festiva repleta de luzes e espetáculos. Nós ouvimos lembretes sobre "o verdadeiro significado" do Natal - e podemos até mesmo pensar alguns momentos sobre esses lembretes, mas cada um de nós gasta mais tempo e pensamento na festa, nos presentes e em outras parafernálias de um feriado secularizado, do que aprofundamos nossa devoção ao verdadeiro significado do Natal. Isso, também acontece com patriotismo, pensamos no que vamos fazer no dia da Independência, no dia de Tiradentes, etc. Peça a um cidadão para discorrer sobre o significado do feriado nacional e com poucas exceções, você receberá um pastel de respostas ou uma negativa do conhecimento, muitas serão superficiais e muitas vezes erradas.
Os fundadores da nossa Pátria, os homens e as mulheres que nos deram razões para nos orgulharmos de nosso país e sermos patriotas, pensariam que perdemos nosso caminho e nos transformamos em pessoas ignorantes, se pudessem nos ver agora.
No entanto, há dias em que sentimos que o patriotismo está sendo atacado e abatido. Diariamente somos bombardeados com notícias negativas, ruins e estarrecedoras pelos órgãos de imprensa e pela internet. Então é fácil perder todos os motivos que teríamos para nos orgulharmos do nosso país. O Brasil é um lugar incrível com pessoas incríveis, certamente! Pelo menos essa era a ideia daqueles que observavam nosso país a distância. Hoje atingido pelas notícias que nos constrangem, o mundo está mudando sua visão de nosso país, e muitos estarrecidos perguntam – “como um país tão bonito, com uma natureza tão linda, pode ser tão corrupto e violento?”
O patriotismo não é uma confiança cega em qualquer coisa que os líderes políticos nos digam ou façam. O patriotismo não está simplesmente comparecer para votar. Você precisa saber muito mais sobre o que motiva um eleitor antes de julgar seu patriotismo. Ele pode estar votando só porque quer ganhar algo às custas de outra pessoa ou da sociedade. Talvez ele não se preocupe com o fato de o político que ele escolheu ser um corrupto mau-caráter. Lembre-se da sabedoria do Dr. Johnson(2): "A alegação do patriotismo é o último refúgio de um canalha".
Apesar de tudo isso precisamos não nos esquecemos de que ainda precisamos amar nosso país, respeitar a natureza manifestação de Deus e cuidar dos nossos cidadãos.
Patriotismo é mais que devoção a pátria, é respeito a pátria e aos cidadãos!
Devemos fazer tudo o que pudermos para ajudar os brasileiros a se sentir orgulhosos do nosso país. Nossos programas de educação escolar pública devem voltar a incutir o patriotismo e a paixão pelo Brasil na nossa próxima geração, assim como aconteceu com a maioria de nós no passado. O ponto mais importante é mostrarmos que o patriotismo ainda é relevante para nosso país, e que poderá ser incentivado com ações cívicas que eram comumente desenvolvidas nas Instituições Educacionais no passado, tais como o culto ao pavilhão nacional, o conhecimento dos hinos pátrios, estudo da estrutura e organização do país, além da disseminação dos valores cívicos e morais da nossa sociedade.
Devemos, no entanto, ter atenção as diferenças entre o patriotismo e o nacionalismo, esses conceitos muitas vezes são confundidos pela falta de clareza devido à dificuldade em distinguir os dois. Muitos autores usam os dois termos de forma intercambiável. No século XIX, Lorde Acton(3) diferenciou nacionalidade e patriotismo, definindo o primeiro como o amor e uma relação moral com a Pátria. Já a nacionalidade ele definiu como nossa conexão com a raça que é meramente natural ou física, enquanto o patriotismo é a consciência de nossos deveres morais para a comunidade política. No século XX, Elie Kedourie(4) definiu o nacionalismo como uma doutrina filosófica e política de pleno direito sobre as nações como unidades básicas de humanidade dentro das quais o indivíduo pode encontrar liberdade e realização e o patriotismo como um sentimento de amor para o seu país.
George Orwell(5) comparou os dois em termos de atitudes agressivas versus defensivas. O nacionalismo é a conquista d o poder, seu intento é adquirir o máximo de poder e prestígio possível para a sua nação, no qual submergem as individualidades. Enquanto o nacionalismo é, portanto, agressivo, o patriotismo é defensivo, é uma devoção a um país e a um modo de vida que se pensa melhor, mas não se deseja impor aos outros.
Não é hora de olhar para trás, mas olhar para a frente, para o futuro!
Patriotismo envolve responsabilidade pessoal. Nossa liberdade é proporcionada e sustentada a um preço elevado.
Ainda existem poucas organizações institucionais (como as Forças Armadas) e sociais (como a Maçonaria), que buscam inspirar o amor à Pátria e o culto aos símbolos e valores nacionais, e lembrar aos jovens o que é patriotismo, e procuram compartilhá-lo com os outros, envolvendo os familiares e amigos em atividades comunitárias e de responsabilidade civil.
Finalizamos, com a Declaração de Arbroath(6): "Não é por honra, glória ou riqueza que lutamos, mas somente pela liberdade, e nenhum homem bom desiste dessa luta, exceto com o sacrifício de sua vida".
Eduardo G. Souza

(1)  Stephen Nathanson é professor emérito em filosofia na Northeastern University, Boston, Massachusetts. Ele se formou com honras em filosofia no Swarthmore College e o doutorado em filosofia pela Universidade Johns Hopkins.
(2)  Samuel Johnson, também conhecido em língua inglesa como Dr Johnson, foi um escritor e pensador inglês conhecido por suas notáveis contribuições à língua inglesa como poeta, ensaísta, moralista, biógrafo, crítico literário e lexicógrafo.
(3)  John Emerich Edward Dalberg-Acton, 1º barão Acton, foi um historiador britânico. Foi diretor da revista católica The Rambler desde 1859. Opôs-se ao Syllabus, documento de oitenta pontos, publicado pela Santa Sé em 1864, durante o papado de Pio IX.
(4)  Elie Kedourie, foi um historiador britânico sobre o Oriente Médio. Ele escreveu de uma perspectiva conservadora, dissidente de muitos pontos de vista considerados como ortodoxos no campo. Ele lecionou na London School of Economics de 1953 a 1990. Uma contribuição dele para o estudo do nacionalismo, foi quando ele lançou seu livro, o “Nacionalismo”, em 1960, com as condições prevalecentes em 1992, quando ele saiu de cena.
(5)  Eric Arthur Blair, mais conhecido pelo pseudónimo George Orwell, foi um escritor, jornalista e ensaísta político inglês, nascido na Índia Britânica. Sua obra é marcada por uma inteligência perspicaz e bem-humorada, uma consciência profunda das injustiças sociais, uma intensa oposição ao totalitarismo e uma paixão pela clareza da escrita. George Orwell demonstrou sua hostilidade ao estalinismo e pelo socialismo soviético, em um regime que Orwell criou em seu romance satírico “A Revolução dos Bichos”.
(6)  A Declaração de Arbroath é um documento de declaração da Independência da Escócia perante o domínio do Reino da Inglaterra. Foi escrita em latim, em 1320, seis anos após a Batalha de Bannockburn e enviada para o Papa João XXII, para o reconhecimento de Robert the Bruce como Rei da Escócia.