Desde as primeiras idades da civilização, o destino é um
conceito que a humanidade criou e continua a discutir. Este conceito, embora
bastante antigo, ainda permanece sem uma resposta clara. Os filósofos antigos
se opuseram na discussão de sua existência, e hoje as pessoas continuam divididas
quando se trata da existência desse conceito.
O destino pode ser definido como um curso predeterminado de
eventos que uma pessoa irá atravessar durante toda a vida. Essencialmente, não
controlamos nosso destino e, portanto, não podemos mudar o que acontecerá.
Se o conceito destino está enraizado no indivíduo, como
podemos ouvir sobre o destino de um povo ou de um continente? A noção de
destino tem sido ampliada, e aplicada a grupos, sociedades, nações, etc. É
comum lermos ou ouvirmos falar em ‘destino’ de um povo ou de uma nação.
Destino é a sucessão incorrigível dos eventos que ocorrem em
nossa vida, e são, portanto, baseados numa linha de tempo fixa e particular. Muitos
acreditam que o destino é um caminho que não pode ser mudado, pois é governado
por um poder supremo e, portanto, cada um tem um destino predeterminado ou
fixo, o que é mais do que um conceito, é uma crença.
Essa noção, que quase sempre é construída em torno de ideias
religiosas, de que os eventos na vida do homem, seguindo um objetivo
indecifrável, devem, inevitavelmente, acontecer, não importando o como e o porquê,
e denominada ‘destino’. Claro, isso significa que o futuro é inevitável, dado que
nem o passado ou as leis da natureza, tão pouco a força motriz pessoal do
homem, são capazes de mudá-lo, pois ele é definido por um deus ou deuses que,
por trás de tudo, impõem sua vontade sobre os infelizes mortais.
O mais importante é a questão do poder do homem de
contribuir para a formação da história da humanidade. De acordo com as noções
de ‘destino’, há um objetivo fixo (divino) que será alcançado, não importa o
quanto nos esforcemos contra isso. As ações humanas não fazem qualquer
diferença, o destino garante que o futuro acontecerá, não importa o que
escolhemos ou como atuemos.
Muitas pessoas acreditam que o destino pode ser predito ou estudado
por adivinhos, xamãs, profetas, sibilas, videntes ou astrólogos. Em algumas
culturas, até flechas foram lançadas para ler o destino. Da antiga Trácia à moderna
New York, os homens têm usado diversos meios para predizer o seu futuro. O meio
de se obter esse conhecimento é a adivinhação.
Todos aqueles que ‘não acreditam em si mesmos’, creditam ao
seu destino, determinado por um poder supremo, a causa dos eventos que
acontecem em suas vidas, em vez de lutar com coragem e responsabilidade pela
condução de suas vidas.
"O caráter é o destino", é uma citação atribuída
ao filósofo grego, Heráclito. Esta citação alude que o destino não é uma força
externa predeterminada, mas o futuro ou o destino de alguém é determinado pelo
seu próprio caráter e força interior.
O ‘Conceito de Livre arbítrio’ e o ‘Conceito de Destino’
estão sempre em desacordo. Eles sempre se contradizem e se um é verdade o outro
não pode existir. Mas qual é o verdadeiro? Como podemos descobrir?
Os psicólogos definem o ‘livre arbítrio’ como a
possibilidade de realizar ações alternativas em uma mesma situação, a
capacidade de escolher uma delas e descartar todas as outras possibilidades.
Isso está relacionado à luta dos motivos e a dominação e vitória de um motivo
particular. Em outras palavras, a liberdade humana equivale à possibilidade de
decidir qual linha de conduta tomar e qual rejeitar. Neste sentido, a liberdade
assume um significado cheio de importância vital. De acordo com Spinoza,
estamos em servidão na medida em que o que nos acontece é condicionado por
causas externas e livres na medida em que agimos de acordo com nosso próprio
julgamento.
O ‘livre arbítrio’ é o resultado de impulsos, pensamentos e
sentimentos que nos permite fazer escolhas, tomar decisões, que afetam
diretamente, e podem moldar, o curso da nossa vida.
A liberdade humana se manifesta não apenas na escolha de uma
linha de conduta, não só no controle sobre as forças da natureza e na reforma
consciente das relações sociais. É expressa vividamente também no controle do
indivíduo sobre si mesmo, de seus instintos, inclinações e sentimentos. Ele é
responsável tanto pela sua participação na sociedade como pela própria
consciência, e pelas formas em que estas são expressas. O homem torna-se mais
perfeito quando aprende, sob a influência da educação, das demandas morais,
sociais e legais, restringir consistentemente os impulsos que são proibidos
pelos padrões sociais. E, inversamente, vemos que a pessoa que perdeu o poder
de autocontrole fala e age de uma maneira na qual ele não se permitiria fazer
em um estado de espírito comum e que ele lamenta amargamente quando volta ao
normal.
Hoje, em grande medida, abandonamos as crenças em poderes
externos e sobrenaturais que podem determinar nosso destino e produzir o nosso futuro.
Nós raramente falamos sobre a ‘providência’ no século XXI. De fato, não podemos
acreditar que nosso futuro se baseia mais no poder divino, na nossa
racionalidade, o conceito do ‘livre arbítrio’ infere que podemos, racionalmente,
decidir abraçar um caminho como nosso. Nossa vida não decorre da predeterminação,
mas da consciência interior e da forma como agimos.
Desde que nascemos, lutamos. Na vida, a sobrevivência é uma
luta constante. Mas, também é nossa programação biológica, o truque mais cruel
da natureza, querermos sempre avançar, ir mais longe. Estamos programados, é
característica da personalidade humana, sempre lutar por mais e nunca nos
conformarmos com o que temos.
Mais bens... Mais dinheiro... Mais recursos... Chegar mais
rápido ao topo da carreira profissional... Uma avaliação mais elevada... Uma
nota mais alta... Terminar mais rápido o curso... Avançar e chegar mais rápido...
Mais experiências... Mais conhecimentos... Mais amores... Mais amigos...
Mais... Mais... Mais...
É fácil olhar para os desafios e os objetivos futuros, o
difícil é aguardamos o dia em que conquistaremos tudo... Será que esse dia
chegará?
Você atingiu quase tudo. O caminho está completo. Você
resolveu todos os problemas... Você chegou?
Não! Há sempre alguma coisa além... No caminho, em cada
cruzamento ou bifurcação, novos desafios e objetivos vão surgindo... É sempre
haverá mais!
Você pode olhar para a sua vida e observará que sempre quis
a próxima coisa, uma vez alcançada a estabilidade em uma experiência, não há um
ser humano que esteja satisfeito com a ‘estabilidade’, todos querem ‘avançar’,
uma mudança, uma ‘novidade’, o próximo nível. Se você jogou um videogame, você
sabe como esse desejo funciona, uma vez que você alcança um nível do jogo, quer
avançar para o próximo nível, isso é feito para mantê-lo desafiador. Essa é a
própria natureza humana e, é evidente que, a nossa natureza está sempre em um
movimento direto para o novo.
Na vida, você nunca alcançará o "ponto final",
onde você possa dizer: - finalmente consegui tudo o que eu quis!
Mesmo a morte não é um ponto final porque sua energia
continuará, avançará para mais longe, em novas experiências de natureza
não-física e poderá, talvez, manifestar-se ainda em uma nova forma física, pois
tudo no universo é uma questão de movimento e a energia em movimento poderá
manifestar-se de inúmeras formas.
Muitas pessoas acreditam, que através da espiritualidade, finalmente
chegariam a um ponto em que não sentiriam mais nenhum desejo de novidade e
simplesmente se enraizariam em um estado de pleno prazer, a felicidade total.
Na verdade, isso é um equívoco, se você alcançar um ponto em que se torne muito
estável em sua espiritualidade, então você vai querer se mover para o próximo
nível, para alguma experiência nova que possa elevar ainda mais sua experiência
espiritual. E certamente, você crê, que a estabilidade que você alcançará terá
um novo sabor, uma nova maneira de viver sua vida espiritual. A vida sempre
será uma jornada, esta é a natureza da ‘energia’ que está em você, ela nunca ‘morrerá’,
sempre estará em movimento.
Não há um ‘fim’ na vida, porque esse caminho nunca foi o
cumprimento de uma agenda fixa, cada momento é uma linha na agenda da vida que você
experimenta. A vida, sempre em movimento, é uma sucessão de experiências, e uma
experiência não é melhor do que a outra, pois não existe uma perspectiva
absoluta, mesmo a experiência mais elevada é apenas uma experiência, nada mais,
nada menos.
Essa perspectiva mantém você ajustado a realidade e atua
como um "alarme", que dispara cada vez que você acredita que atingiu
a "perfeição" (ou tem a ilusão que a atingiu) ou alcançou todos seus
objetivos.
Não importa o quão grande são as suas ambições, não importa
quão grandes sejam os seus objetivos, uma coisa é certa - quando você os
atingir, você sempre estará frente a novos desafios e outros objetivos surgirão.
Então aceite isso e abrace-os. Sempre há ‘mais’!
É assim... Isto é a vida... Isso é muito bom, pois mantêm
você vivo. Quanto mais é obtido... Não importa, pois sempre haverá mais a ser
conquistado, porque é próprio da natureza humana ‘pretender’ a próxima coisa.
Não há nenhum marco, nenhuma conquista, nenhum limite para chegar.
É uma corrida sem linha de chegada. Nenhum pote de ouro no final do arco-íris...
Apenas uma vida de desafios, trabalho e problemas.
Toda vez que você alcança uma certa estabilidade com uma
experiência, você vai querer avançar para uma nova experiência. Viver
conscientemente é uma experiência diferente da experiência de viver
inconscientemente, alinhar-se a sua vibração natural é uma experiência
diferente da experiência da vida desconectada. Mas no final tudo é experiência,
dizer que uma experiência é melhor do que a outra, é como dizer que ser adulto
é melhor do que ser criança, porque esse não é realmente o caso. Ser uma
criança é uma experiência própria e ser adulto é outra experiência com seu
próprio sabor, é claro, parece ser melhor ter mais controle e maturidade na
vida, mas essa é apenas uma perspectiva, e essa percepção também constitui uma
experiência.
O melhor que você pode esperar são problemas simples e
desafios interessantes, que deem espaço para o seu crescimento. Que contribuam
para a sua melhoria e desenvolvimento.
Esse é o jogo, então abrace-o... Isso é a vida.
Perceba, então, que, embora vencer e alcançar seus objetivos
seja importante, você não deve abandonar a sua tranquilidade, felicidade e a gratidão
por esse futuro, por mais promissor que ele seja, não importa o quão brilhante,
não importa o quão ele é importante para você, alcançar tudo que você deseja
pode não trazer a felicidade.
Você decide o ritmo de sua jornada com base em quão
rapidamente você se prepara para a nova realidade. Sempre haverá o próximo
passo, então, relaxe a impaciência e aproveite a viagem, saborear cada momento
da jornada é, naturalmente, uma experiência diferente de apenas correr de um
destino para outro, em um frenesi indócil. Em vez disso, viva com dedicação e tenha
gratidão pelo presente. Reflita sobre o que você tem e seja grato pelo que você
hoje já conquistou.
Gratidão por cada obstáculo que você superou... Seja agradecido
por cada bem que você adquiriu e pelo que você está ganhando.
Lembre-se, se você passar sua vida buscando um futuro, que poderá
não existir, você vai perder a fatia da sua vida que está experimentando agora.
Bem agora você decide:
Destino existe?
Qual é o papel da causa e efeito em nossas vidas?
Deus ou nosso ‘livre arbítrio’ governa nossa vida?
São as influências da família, religião, educação, ou as
experiências vivenciadas em nosso passado, que determinam quem somos e o que
fazemos?
Nossa força de vontade, inteligência, persistência, etc. definem
dinamicamente o nosso sucesso ou a nossa realização acontece dentro de um
quadro básico imutável a que somos destinados?
Em que medida somos responsáveis por nossas vidas e por atingirmos
os objetivos que desejamos e, quando não alcançamos, a culpa é sempre do nosso
destino?
Eduardo G. Souza
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário