Liberdade.

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Eduardo G. Souza e Lígia G. Souza.

terça-feira, 7 de novembro de 2017

POR QUE AS PESSOAS AINDA APOIAM PARTIDOS QUE SE PROCLAMAM DE ESQUERDA OU COMUNISTAS?



Na verdade, alguns países ainda têm partidos comunistas, como Austrália, Áustria, Bangladesh, Brasil, Canadá, França, Itália, entre outros. Mesmo os EUA possuem na verdade dois partidos de esquerda.
Podemos teorizar que as pessoas procuram os comunistas porque não têm experiência do que é um estado totalitário. As pessoas estão apenas perseguindo fantasias ou ideais ignorantes, ou talvez seguindo algum guru intelectual. Talvez os comunistas sejam muito jovens, ou talvez muito velhos, para entender completamente as implicações de seus votos. Eles gozam da liberdade relativamente maior de nosso país, e votar no comunismo significa rebelião, e alguns adoram a ideia de que são rebeldes. Se eles soubessem como é o comunismo na verdade, provavelmente mudariam de ideia.
Esta visão simplista e utópica do comunismo, foi abandonada na Rússia, na China, e em vários países do leste europeu e da Ásia. As pessoas que sabem muito bem o que é o comunismo, que experimentaram os efeitos devastadores da eliminação da propriedade privada e do controle total dos meios de produção pelo Estado, não querem nem pensar em comunismo. Pois a tutela do comunismo, significa cancelar todas as liberdades. A Rússia e os países da demolida União das Repúblicas Socialistas Soviéticas viveram por quarenta anos um pesadelo e acabaram acordando e lutando para o fim do domínio comunista.

Então, por que no Brasil ainda existe quem acredite nisso? Qual é a força motriz dos votos para os partidos comunistas, em países não comunistas como o nosso?

Há muitas explicações possíveis, mas o que eu acho mais convincente é que algumas pessoas, em virtude de não terem vivido sob condições estatistas, não compreendem a responsabilidade que vem com o exercício da liberdade.
Acreditar no direito de propriedade privada e em uma sociedade livre significa uma grande responsabilidade.
O exercício da liberdade implica em decidir o que a sociedade deve fazer, e o que deve ser feito por você sozinho ou em cooperação com outros. No Estado Democrático existe o exercício da liberdade e as decisões recaem sobre os indivíduos, não são tomadas por um poder central como nos Estado Totalitários, e todos são responsáveis ​​por suas ações. Se você cometer um erro, você paga. Se você tiver sucesso, você obtém o benefício e é livre para escolher o que fazer com ele.

Em contraste, o controle pelo estado sempre significa um ataque a responsabilidade. Sob um regime comunista, a auto responsabilidade é eliminada. Quanto mais o governo invade a vida dos cidadãos, menos as pessoas sentem o senso de responsabilidade por suas ações. Os burocratas geralmente não têm a total responsabilidade por suas ações. Membros do Poder Central, administradores públicos e dos órgãos financeiros centrais e os juízes não pagam por seus erros. Eles experimentam uma espécie de imunidade de culpa pelas consequências de suas ações durante o tempo em que estão no poder.
O mesmo vale para policiais, médicos, professores, etc. Todos os erros cometidos por funcionários públicos são geralmente pagos por outros. A conta é paga pelos contribuintes. Nem mesmo as pessoas que comandam são totalmente responsáveis ​​sob o Estado Totalitário. Sob as redes de segurança maiores e maiores criadas pelo estado, as empresas ficam cada vez mais dependentes do comando dos órgãos do partido. Grandes empresas são pressionadas por aumento da produção, não existem direitos de importações e outros tipos de comércio. Bancos, indústrias, grandes empresas, como companhias aéreas, são comandadas e controladas por comitês do partido, e os trabalhadores sem estímulos e perspectivas de progresso funcional, “cometem grandes falhas" por leniência ou negligência.
Os indivíduos são cada vez menos responsáveis. Na Europa, muitas pessoas cresceram com a ideia de que o Estado lhes deve tudo: emprego, saúde, educação gratuita, férias, felicidade, transporte, etc. As pessoas são levadas a acreditar que o Estado sempre se preocupará com seus problemas e resolverá suas preocupações. As pessoas acreditam que o que quer que aconteça, o Estado estará lá resolver todos os seus problemas.
O resultado perverso de tudo isso é que os cidadãos não são mais responsáveis ​​por suas ações. Tudo isso pode ser explicado através do conceito de risco moral. O mecanismo funciona da seguinte forma: por um lado, a responsabilidade dos funcionários públicos é transferida para todos os afetados por seus erros; por outro lado, os trabalhadores exigem uma total responsabilidade do Estado. Dado que, em última análise, o Estado é responsável por tudo, pois todas as decisões são tomadas pelos órgãos centrais do partido, que administra todos os setores do Estado, então os cidadãos deveriam se preocupar com alguma coisa, eles devem lutar por alguma coisa ou aceitar tudo de acordo com as característica centralizadora do Estado?
Como em um regime comunista não há propriedade privada e, portanto, tudo depende do Estado, nesse caso, não temos uma mudança parcial de responsabilidade de alguns assuntos para outros assuntos. O comunismo acredita que o povo é incompetente, incapaz de tomar as suas próprias decisões, assim os líderes pensam o que é melhor para o povo, e tomam todas as decisões. A responsabilidade individual é simplesmente abolida. Nenhum indivíduo é responsável por qualquer coisa.
Quando o regime comunista é estabelecido há várias décadas, o caminho de volta para a liberdade é muito difícil. As pessoas se tornam habituadas a redes de segurança e a ausência de responsabilidade. O processo de transição é muito difícil.
Os países da Europa Oriental experimentaram, nos últimos anos, a transição de pessoas irresponsáveis ​​ (sob regimes comunistas) para pessoas parcialmente responsáveis ​​ (sob regimes democráticos). A partir dessas transições, aprendemos que as pessoas não podem aprender a ser responsáveis ​​do dia para a noite. Quanto mais uma sociedade perde o contato com mecanismos de causa e efeito, haverá um choque quando os indivíduos necessitarem lutar para garantir seu espaço na sociedade e sua própria subsistência, temos que entender que antes tudo era provido e providenciado pelo Estado, o emprego era garantido, sendo o trabalhador produtivo ou não, e tudo mais estava garantido pelo Estado, então por que lutar para crescer, se o indivíduo vai fazer o que é determinado pelo Estado, e não o que ele quer, agora passa a existir uma demanda por um espaço e posição dentro da sociedade, e implica em responsabilidade. A insatisfação por essa demanda, gera para alguns uma insatisfação, que pode assumir a forma de votos para os partidos comunistas.
A liberdade não é fácil de lidar com ela, quando as pessoas se acostumam com à escravidão. Lembro-me do artigo “Barriers to the Rehabilitation of Ex-Offenders”, de Mitchell W. Dale, sobre pessoas que foram libertadas da prisão após vários anos de cativeiro. A reintrodução no mundo livre onde as pessoas esperam que o indivíduo seja responsável pelo que você faz não é fácil. Da mesma forma, quando alguém viveu por 40 anos sob o comunismo, o caminho de volta é tremendamente difícil.
O caminho de volta para a democracia, para uma sociedade livre é muito difícil.
É impossível argumentar contra a constatação de que uma sociedade livre é uma sociedade mais próspera. Muitas pessoas argumentam que prosperidade não é o mesmo que felicidade, e, portanto, no caso isso não entra em questão. Certamente é verdade que mais e mais pessoas nas sociedades ocidentais sofrem de problemas como depressão e várias formas de doenças mentais, como distúrbios alimentares (anorexia e bulimia), etc. Não tenho dados para provar, mas é provavelmente que, na verdade, a porcentagem de pessoas que sofrem de depressão na Noruega, na Austrália, na Suíça, na Dinamarca, etc., e até mesmo nos Estados Unidos, seja menor que a mesma taxa em Cuba, Coreia do Norte, Vietnã e Laos.
Na verdade, não podemos relacionar a prosperidade, nem a dependência aprovisionada pelo estado, com a incidência da depressão. Estima-se que cerca de 16% da população mundial já sofreu de depressão ao menos uma vez na vida. É preciso entender que ela não é apenas uma tristeza passageira, mas sim uma doença. E, como toda doença, precisa ser diagnosticada precocemente e tratada da forma correta. Não se sabe ainda exatamente quais são as causas para a depressão ser desencadeada. Porém, diversos fatores podem estar envolvidos: mudanças físicas no cérebro, alterações químicas na função e efeito dos neurotransmissores do cérebro, desequilíbrio de certos hormônios e genética, é comum acontecer com pessoas que tenham parentes que também sofrem com a doença.
A maioria das pessoas que nascem nos países ocidentais, nasce relativamente abastada. Eles vão à escola até os 18 anos sem ter que trabalhar; depois disso, muitos deles vão para a universidade e cursam um pós-graduação, sem usar o dinheiro do governo no ensino superior. Em geral, encontram um emprego (ganhando o controle de suas vidas) em torno dos 25 a 26 anos de idade. Sabe-se que, em alguns países, as pessoas tendem a viver mais com seus pais, adiando o tempo em que passam a controlar suas vidas. Se você não precisa ser responsável por si mesmo até completar 25 anos, é difícil quebrar o hábito de dependência.
Além disso, os indivíduos que nascem em famílias ricas não têm a percepção plena das dificuldades que é fazer riqueza. Quanto mais velhos eles chegam ao comando dos bens familiares, mais eles podem sentir o fardo de serem responsáveis ​​por aquela fortuna. Quanto mais ricos os pais são, e quanto mais os filhos se beneficiam da generosidade dos pais, os pais não estão em uma posição firme para pressionar seus filhos a se responsabilizem por si mesmos. Este é um problema que os países comunistas sentem em menor grau.
Ao nos tirar a responsabilidade de nossas ações e prolongar a fase de dependência da vida, o estado interventor limita nossa capacidade de ser feliz. A maioria das pessoas nos países comunistas desconhece esses mecanismos. Mas todos nós somos afetados por eles. Nos países totalitários, as pessoas ficam frustradas porque não desfrutam de uma vida que podem controlar completamente. Eles trabalham para dar o seu rendimento ao Estado, para satisfazer as ordens e os desejos de outras pessoas, e para pagar os erros de outras pessoas. Ao mesmo tempo, eles esperam que os seus desejos sejam satisfeitos por outros e que seus erros sejam pagos por outros. Esta condição frustrante é uma das razões pelas quais a insatisfação surge cada vez mais em países onde o Estado tem um papel totalmente concentrador.
Assim, o próprio Estado cria as condições psicológicas que causam a dependência da população para viver em um mundo em que o Estado faz tudo, cuida de todos e mantém todos em estado permanente de uma dependência infantilizada. Quanto maior o estado, mais corrompe a mente e a cultura do povo.
Pode-se imaginar que a sociedade, sob o comunismo, seja como uma espécie de estada prolongada na casa de mãe e pai, sempre presentes, onde todos os bens pertencem a eles, e as decisões tomadas e os serviços são prestados pelos pais e não por si próprios. O comunismo significa nunca ter que deixar o ninho.
Ah, ainda, a ideia de que o comunismo e o planejamento do estado em geral leva a segurança e felicidade, mas a memória, essa abençoada característica humana, nos lembra como era a vida sob o cuidado de mãe e pai, em muitos casos um corolário de normas a serem cegamente seguidas e, em alguns casos, um abuso contra a liberdade individual. O comunismo é um mundo cinza, estagnado e sem qualquer criatividade e beleza, a um mundo que parece as sociedades dos velhos tempos e não dos gloriosos novos tempos pós iluminismo. O homem anseia pela Liberdade, René Descartes, Baruch Espinoza, Gottfried Wilhelm Leibniz, Carlos Bernardo González Pecotche, Mikhail Bakunin, Philip Pettit e outros pensadores, afirmaram que a Liberdade, pode ser compreendida como a ausência de submissão e de servidão, é a autonomia e a espontaneidade de um sujeito racional.
Então como alguém pode apoiar e caminhar para esse regime, um mundo de servidão, desilusão e irresponsabilidade, e em que a volta é difícil e que poderá até nunca mais voltar.
Eduardo G. Souza



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