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A formação adequada é muito importante não só para os jovens com deficiências de aprendizagem ou necessidades educativas especiais, mas também para a sociedade como um todo. Questões relacionadas a perspectivas de formação ou de trabalho variam muito, dependendo da situação em que os jovens em causa estão.
Analisando os discursos que tratam dos portadores de necessidades especiais, explorando não apenas o que é dito para e sobre as crianças e adolescentes com necessidades especiais, mas fazendo-se questionamentos sobre que está em jogo ideologicamente nestes discursos, vemos que eles falam em buscar a igualdade, mas ainda estão intrinsecamente ligados, na política e na prática, a concepções normativas ultrapassadas, longe da realidade enfrentada por essas pessoas.
Enquanto os discursos pregam a inclusão e a igualdade, o movimento geral se distância dos discursos. Na prática as ações para a assimilação social dessas pessoas e as de combate a estigmatização, não alcançam resultados práticos para uma inclusão e a equidade real.
A nossa preocupação principal é que das formas em que estas mudanças foram tentadas e algumas nem completadas, não surtiram o efeito esperados. As velhas idéias morreram rígidas, sem conseguir alcançar o esperado.
Novos caminhos e novas idéias poderão alcançar os efeitos desejados.
Então sustentamos que as ações para atendimento das necessidades especiais necessitam de suporte inovador.
Essa realidade somente será alcançada com ações bem planejadas de apoio educativo, financeiro ou outros, para que os alunos com necessidades especiais possam superar essas necessidades que limitam o seu desenvolvimento como alunos e pessoas.
A Declaração de Salamanca, produzida sob a liderança das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 1994, continua a ser um documento fundamental no discurso da inclusão.
A primeira parte da declaração é uma expressão de identidade, uma definição da questão que está falando o texto, da experiência coletiva, do escopo global, dos compromissos com a educação, e a expectativa para o cumprimento, no futuro, das suas recomendações: autoridade, consenso, compromisso, e a esperança são incorporados no texto como identidades operacionais.
A segunda seção descreve o que os signatários "acreditam e proclamam", ou seja, que:
• toda criança tem direito fundamental à educação, e a ela deve ser dada a oportunidade de atingir e manter um nível aceitável de aprendizagem;
• cada criança tem características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem próprias;
• os sistemas de ensino devem ser concebidos e implementarem programas educacionais tendo em conta a grande diversidade dessas características e necessidades;
• aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso regular à escola, que deverá atendê-los dentro de uma pedagogia capaz de acolher a essas necessidades;
• as escolas regulares, seguindo a orientação inclusiva, desenvolverão os meios eficazes de combate as atitudes discriminatórias, criando comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para todos, além disso, proporcionaram uma efetiva educação para a maioria das crianças e melhoraram a eficiência e, finalmente, o custo-benefício de toda a educação do sistema.
Esta seção da Declaração de Salamanca é particularmente interessante porque é um exercício de autoconsciência de si como discurso, em que os signatários "acreditam" e "anunciam".
Grande parte das investigações sobre necessidades especiais e acesso aos cuidados da escola revela vários obstáculos significativos a esse acesso. Pessoas com necessidades especiais evocam custo, medo e ansiedade da escola, e a sensação de não precisar de atendimento escolar, enquanto os professores mencionam problemas associados à perda de tempo, comportamento imprevisível dos doentes em potencial, recursos indisponíveis e a falta de treino. Entre essas barreiras, que podem ser praticamente superadas com ações relativamente simples, está, por exemplo, a escassez de professores com formação adequada.
Estudos mostram uma correlação direta entre a experiência adquirida durante a formação e a disposição para tratar os casos especiais. De acordo com professores, a falta de formação em gestão do comportamento, comunicação e planejamento do processo educacional é o maior problema no atendimento dessas pessoas.
Assim os problemas estão ai, escancarados vergonhosamente em nossas caras, restamos questionar: - O que podemos fazer? – O que queremos fazer? – Como poderemos fazer?
Lígia e Eduardo G. Souza.
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