Liberdade.

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Eduardo G. Souza e Lígia G. Souza.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

COMO ERA MEU PAÍS QUANDO EU ERA JOVEM...


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As pessoas eram bastante religiosas, algumas frequentavam a igreja com frequência, outros mantinham sua espiritualidade sem necessariamente frequentar uma igreja. Sinais religiosos, como o sinal da cruz, eram normalmente muito praticados pelas pessoas, ao passarem por um cemitério ou uma igreja, por exemplo. Quanto maior era o nível de educação, a espiritualidade era mais silenciosa. Era muito comum encontrar as mesmas pessoas na sexta-feira em um terreiro de umbanda ou candomblé e no domingo na missa.  
Ligada a essa forte espiritualidade as pessoas abraçavam a crença de sinais e presságios. Você encontrava muitas pessoas altamente supersticiosas - evite fazer negócios na sexta-feira, para não perder dinheiro, evite passar por baixo de uma escada, pois traz má sorte, não cruze o caminho de um gato preto, pois terá má sorte durante o dia, se um pássaro preto pousar em seu caminho, isso é sinal de má sorte, ao sair de casa pela manhã sempre pise primeiro com o pé direito, para um dia de sorte.
Existiam superstições gerais como as mencionadas, ou mais pessoais, algumas das quais eram extremamente surpreendentes, e mesmo no alto nível das empresas ou órgãos do estado. Não era surpresa se alguém evitasse concluir um negócio ou não assinasse um contrato por causa de uma superstição pessoal.
Muitas pessoas também acreditavam no "olho gordo", que ocorria quando alguém invejasse outros, ou no “olho carinhoso”, que era capaz de curar doentes. Existiam feitiços tradicionais e bênçãos para remover os efeitos do 'olho gordo'.
Muitas pessoas antes de sair de casa pela manhã, não abriam mão de ler seu horóscopo em um jornal ou ouvi-lo pelo rádio, para tentar contornar o que poderia ser perigoso.
Não haviam muitas estradas e, em sua maioria não eram de boa qualidade, uma viajem Rio-São Paulo chegava a durar mais de 8 horas, o trânsito nas grandes cidades não era tão intenso e conturbado como hoje, mas, os conflitos, em geral, eram resolvidos apenas com alguns palavrões, às vezes - embora muito ocasionalmente – com uma troca de sopapos. Eram difíceis os assassinatos por questões de trânsito.
Não era apenas o trânsito a causa de conflitos - os brasileiros adoravam trocar um bom argumento, começando pelo futebol, mesmo quando sabiam que não estavam necessariamente corretos. São as raízes latinas do nosso povo. Mas, ao mesmo tempo, os brasileiros tendiam a evitar muitos conflitos quando uma autoridade estava envolvida, as pessoas eram mais disciplinadas (uma "regra" que não era seguida quando o futebol, a política ou uma regra de trânsito estavam envolvidas).
Essa disciplina era mais frequentemente vista no trabalho, onde os brasileiros tendiam a aceitar certas pressões dos chefes, a fim de evitar conflitos, pensando que as coisas se resolveriam com o tempo e para proteger sua posição. Também era comum que isso acontecesse frequentemente nos relacionamentos pessoais, quando as coisas que eram consideradas prejudiciais à relação ou a amizade eram mantidas sob o silêncio.
As pessoas eram mais assíduas e pontuais, em geral os brasileiros primavam por cumprir seus compromissos rigorosamente. Era considerada uma grande descortesia e uma falta de respeito, deixar uma pessoa esperando por um longo período de tempo. Os médicos e dentista de hoje, teriam sérios problemas naquela época, certamente muitos clientes não retornariam para novas consultas.
Existia um comércio de porta a porta, vendedores apresentavam seus produtos e vendiam registrando suas vendas em uma caderneta ou cartão, mesmo não tendo esse documento um valor legal, as pessoas cumpriam seus compromissos e pagavam os valores acordados no prazo estipulado. Aliás, a venda para pagar no final do mês e o valor das compras registrado em uma caderneta, também era uma prática comum em pequenos estabelecimentos comerciais, como o açougue, a padaria, a leiteria, o armazém, etc.  
As pessoas respeitavam as filas e os lugares previamente determinados. Dificilmente alguém desrespeitava o silêncio em uma sala de espetáculos, quando ele necessário, como em um teatro, cinema, etc., se não se comportasse adequadamente o ‘lanterninha’ botava para fora. Como não existiam celulares, ninguém era incomodado pelo toque em hora inadequada ou por uma longa conversa em alta voz.
É, as pessoas eram mais bem-educadas e honestas.
Eduardo G. Souza. 
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