Os brasileiros geralmente não compartilhavam seu patriotismo
com o mundo, nós nos preocupávamos muito mais com o Brasil ou quando o país
participava de algum evento ou discussão na cena internacional – vibrávamos quando
ganhávamos um prêmio esportivo ou artístico. Então, grande parte dos
brasileiros expunham seu coração verde e amarelo.
Esse coração verde e amarelo que era cultivado desde a mais
tenra idade, nos bancos escolares. Nos hinos pátrios eram impressos nas
contracapas dos cadernos escolares. E cantávamos esses hinos, nos solenes
momentos de elevação e arreamento da bandeira nacional, que em algumas escolas
era diária e, em outras, no início e final da semana. Ostentar uma fita verde e
amarela no uniforme significava ser um dos melhores alunos da turma e fazer
parte do pelotão da bandeira era o desejo da maioria, bem, ser o porta-bandeira
era o máximo que um aluno podia almejar.
Já no ginásio os alunos começavam a pensar em uma carreira
profissional e almejar ser um profissional destacado e respeitado. Alcançar os
bancos de uma Faculdade era o sonho de muitos, mesmo sabendo das dificuldades
que teriam que enfrentar nessa caminhada.
Os professores acompanhavam os alunos até a porta da sala de
aula, onde todos ingressavam em silêncio. No ginásio, que a troca de
professores era permanente, geralmente, cumprimentávamos os professores ao
adentrarem a sala de aula. Em minha época de aluno, duvido, mesmo na
universidade, que um aluno adentrasse ou se ausentasse de sala de aula sem
autorização do professor. Os professores eram tratados de Senhor e Senhora, na
Universidade de Mestre(a) ou Doutor(a).
As datas cívicas eram devidamente comemoradas e os heróis nacionais
cultuados com admiração e motivo de orgulho nacional. Era comum os professores
determinarem que fossem realizadas e apresentadas pesquisas sobre os fatos e
personagens de nossa história e também da história mundial.
No resto do tempo, no entanto, os brasileiros oscilavam
entre amar seu país no bem e no mal, e odiar aqueles que tentavam prejudicá-lo.
Sim, odiávamos, até o ponto em querer expulsar ou matar aqueles que tentavam
prejudicar a nação.
Naquela época, muitos desejavam ou decidiam deixar o país.
E, mesmo quando isso acontecia, deixar o país para buscar uma vida melhor em
outros lugares, os brasileiros, quase sempre, eram atraídos de volta e não
apenas pela família que deixaram para trás, mais pelo seu país.
O fato mais surpreendente é que, apesar de criticarmos muito
o nosso país - e não fazermos muito sobre as coisas que criticam – nós, os brasileiros,
não suportávamos quando os estrangeiros o criticavam. "Eu posso
criticá-lo, porque é meu país", era o padrão de pensamento de muitos brasileiros.
Se um estrangeiro, criticasse o Brasil demais, ele iria aborrecer os brasileiros,
mesmo que geralmente compartilhássemos da mesma opinião.
É, nós éramos patriotas, em sua maioria os brasileiros
cultuavam nossa Pátria.
Eduardo G. Souza.
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