DEÍSMO
O DEÍSTA acredita que há um Deus que criou todas as coisas, embora
não intervenha no mundo humano, e não acredita em sua supervisão e governo da
humanidade. Ele acredita que o Criador implantou em todas as coisas leis
imutáveis, chamadas as Leis da Natureza, que agem ‘per se’, como um relógio
funciona sem a supervisão do seu criador.
Se há um homem que é responsável por popularizar e promover
o deísmo clássico, e que pode ser confiável para falar com autoridade sobre
isso é o inglês Edward Herbert(1). Edward Herbert pensou e escreveu amplamente
sobre a natureza da verdade e os meios de obter o conhecimento, e eventualmente
desenvolveu uma nova compreensão da revelação. Como Herbert entendia, qualquer
concepção de um Deus digno de adoração tinha que haver a honestidade, era
inconcebível que um Deus honesto se ocultasse inteiramente do conhecimento
humano. Afinal, se Deus não nos tivesse dito para adorá-lo, como poderia haver
algum demérito em não fazê-lo? E se não houvesse evidência de que Deus existe,
então como poderia haver alguma virtude em adorá-lo?
A resposta sacerdotal usual para isso é que Deus se revelou
à humanidade, através da existência de uma igreja, da tradição bíblica ou outro
livro sagrado, e através de um profeta ou sacerdote. Para Herbert, tudo isso
parecia desajeitado e sem lógica, principalmente considerando que era o
ensinado pela igreja, egoísta e dominadora, que lutava para dominar os homens.
Um Deus que fosse capaz de criar seres humanos à sua própria imagem não
precisaria de tais mecanismos torcidos e corruptíveis, mas teria deixado sua
revelação em algum lugar próximo, onde nunca poderia ser perdida e muito menos
ser corrompida.
Ele concluiu que a revelação de Deus residia em nós, não em
qualquer escritura ou mensagem. Herbert alegou que os seres humanos nascem com
ideias inatas. Essas ideias podem ser inicialmente latentes ou não manifestas,
mas por introspecção, pensamento lógico e experiência de vida, podemos extrair
essas ideias e aprender com elas. Ele acreditava que o conhecimento de Deus era
uma dessas ideias inatas, e que as religiões atualmente existentes
reivindicavam falsamente o crédito por ensinar as pessoas sobre Deus, o que
estava dando às pessoas uma escolha difícil e enganosa entre religião e
ateísmo.
Essa ideia de que Deus deixara mensagens internas inscritas
no coração humano já existia no cristianismo e em outras religiões até certo
ponto. Tomás de Aquino(2) tinha desenvolvido significativamente a ideia de Lei
Natural, de que os mandamentos morais de Deus foram revelados internamente, de
modo que a consciência do indivíduo foi um fator para determinar o que era
certo ou errado. Herbert apenas levou isso mais longe, desacoplando a crença em
Deus das religiões organizadas, colocando a experiência religiosa pessoal em
primeiro lugar e pedindo que todas as revelações religiosas e doutrinas fossem
questionadas.
Ao invés de estudar livros, supostamente inspirados, para
descobrir o que Deus é, e o que Ele quer, ou pedir a uma classe sacerdotal para
interpretar estes livros para nós, Herbert sugeriu estudar a natureza humana e
a sociedade, tanto em nós mesmos como nos outros, e nestes livros encontrar as
semelhanças entre as religiões do mundo, assim descobrindo ensinamentos úteis
que possam ter valor universal.
Herbert estudou muitas religiões e denominações diferentes
que encontrou, e concluiu que havia cinco conceitos que ocorreram repetidamente
e que poderiam ser considerados fundamentais:
- Existe um Deus Supremo.
- Ele deveria ser adorado.
- Virtude e piedade são as principais bases do culto divino.
- Devemos nos arrepender dos nossos erros.
- A bondade divina dispensa recompensas e castigos tanto
nesta vida como depois dela.
Na medida em que existe um credo para o deísmo, é isso.
Claro, isso foi o deísmo clássico, e isso mudou muito desde
então. Os deístas modernos tendem a minimizar o papel epistemológico das ideias
inatas ou a ignorá-las inteiramente, concentrando-se em argumentos filosóficos
mais não antrópicos, alguns dos quais remontam à Antiguidade (por exemplo, o
movimento não movido de Aristóteles). Ou seja, o deísmo moderno é menos
emocional e mais racionalista.
Diferente do Teísmo, o Deísmo Moderno não tem corporação ou
autoridade central para unir os praticantes do credo, mas geralmente as pessoas
que se descrevem como deístas, o fazem porque compartilham esta crença. A
crença no conceito de um Deus Criador, que é responsável pela existência do
universo e é cognoscível (por meio de investigação filosófica, teologia natural
e/ou lei natural), e que ele pode ocasionalmente transgredir as leis naturais
do mundo, que ele estabeleceu. Assim, os deístas modernos são às vezes
descritos como pessoas que creem que Deus se "retirou" ou se
"separou" do mundo, e nos deixou livres para resolver nossos próprios
problemas.
É claro que, como praticantes solitários, embora possam
participar de cerimônias religiosas por tradição, os deístas modernos não
reconhecem a autoridade das religiões organizadas em princípio, e afirmam que a
vontade e o caráter de Deus não estão infalivelmente refletidos em qualquer
tradição religiosa, Igreja ou escritura.
TEÍSMO
O TEÍSTA acredita que há um Deus que fez e governa toda a
criação, mas também exigi culto, responde a orações, julga pecadores e pode ter
criado um filho divino ou outros seres humanos especiais. Os teístas estão
certos de que seu(s) deus(s) existe(m) e têm fé nisso sem qualquer evidência
objetiva e verificável. Há muitas religiões teístas, mas cada uma insiste que seu(s)
deus(es) e(são) o(s) verdadeiro(s) a ela é a única verdadeira.
Teísmo é um termo teológico, isto é, um termo usado por
teólogos para classificar o pensamento religioso. Ela se origina no contraponto
da palavra ateu (que remonta à antiguidade), criada pela remoção do prefixo
‘a’, podemos dizer definitivamente que ser teísta é a condição de não ser ateu.
Embora a palavra, em francês e inglês, remonta aos 1600, foi
apenas alguns séculos mais tarde que tentativas foram feitas para defini-la
rigorosamente. Uma das primeiras pessoas a tentar definir teísta foi Ralph
Cudworth(3), um teólogo de Cambridge, no início dos anos 1800, que em seu
tratado “O Único Sistema Intelectual Verdadeiro do Universo” escreveu: “Por
isso, declararemos, em seguida, qual é essa ideia de Deus, ou o que é essa
coisa, cuja existência aqueles que afirmam, são chamados teístas, e os que
negam, ateus. ... Portanto, toda a questão agora é, o que é isto ... que é a
causa de todas as coisas que são feitas. ... E estes, que são rigorosamente e
corretamente chamados teístas, afirmam que uma inteligência perfeitamente
consciente, ou mente, existente de si mesmo desde a eternidade, é a causa de
todas as outras coisas; e aqueles que, pelo contrário, afirmam que todas as coisas
derivam da matéria sem sentido, sem um princípio original, e negam que há
qualquer concepção consciente, sendo auto existente ou acabado, são aqueles que
são devidamente chamados ateus.”
Cudworth estava tentando isolar um elemento ou uma tradição
de pensamento que estava no cerne do cristianismo (assim como no judaísmo), mas
não era sinônimo de nenhuma dessas coisas. O que ele identificou, e o que ele
chamou de teísmo, era, basicamente, a ideia de que era possível que uma coisa
como uma mente desencarnada existisse, e que a mente precedesse a matéria, e
não o contrário. Nesse sentido, o termo teológico de Cudworth era próximo em
significado ao que chamamos agora de "espiritualidade".
Mais recentemente, o “American Heritage Dictionary da
English Language” definiu o teísmo como: “Crença na existência de um deus ou
deuses, especialmente crença em um Deus pessoal como criador e governante do
mundo.”.
De qualquer maneira, o teísmo é uma grande tenda. Ele
envolve uma categoria de crenças, não uma crença específica, e uma perspectiva
teológica, não uma única religião, ou mesmo qualquer religião em particular.
Por exemplo, judeus, cristãos, muçulmanos, sikhs (O termo sikh significa em
língua punjabi "discípulo forte e tenaz". A doutrina do siquismo
consiste na crença em um único Deus e nos ensinamentos dos Dez Gurus do
siquismo, registradas no livro sagrado dos siques), zoroastrianos (O
zoroastrismo é uma religião fundada na antiga Pérsia. Zoroastro foi o fundador
do culto dedicado a Ahura Mazda (Deus) e de outros cinco seres luminosos, os
Amesha Spentas), adoradores dos deuses nórdicos, etc., estão todos associados
com o teísmo. Embora existam religiões minoritárias que são ateístas, a maioria
das principais religiões ocidentais tem sido teísta.
Minha própria impressão, a partir da leitura dispersa dos
estudos antropológicos, é que os estudiosos da religião já não consideram útil
classificar as perspectivas teológicas de todas as sociedades e movimentos
sociais em apenas duas categorias e tendem a usar pelo menos três: teísta, não
teísta, e ateísta (a própria religião teísta em geral seria subdividida em
monoteístas, henoteístas, politeístas, etc.).
AGNOSTICISMO
O AGNÓSTICO só acredita no que é acessível e cognoscível. O agnosticismo
é a incerteza formal sobre a existência ou inexistência de Deus(es). O
agnóstico afirma que é impossível provar existência ou inexistência de Deus, e considera
vã qualquer teoria metafísica e qualquer ideologia religiosa, uma vez que
alguns desses preceitos ou ideologias não podem ser comprovados empiricamente.
O termo ‘agnóstico’ é derivado de duas palavras gregas: ‘a’,
que significa não, e ‘gnose’, que significa conhecimento. Literalmente um
agnóstico é uma pessoa que afirma não ter conhecimento. O agnosticismo
argumenta que a existência de Deus não pode ser comprovada ou não provada, que
é impossível saber se Deus existe ou não. Nisto, o agnosticismo está correto. A
existência de Deus não pode ser empiricamente comprovada ou desmentida.
Os agnósticos não estão dispostos a tomar uma decisão, seja a
favor ou contra a existência de Deus. Os teístas acreditam que Deus existe. Os
ateus acreditam que Deus não existe. Agnósticos acreditam que não devemos crer
ou descrer na existência de Deus, porque é impossível saber de qualquer
maneira.
Os dois pensadores mais influentes para avançar a filosofia
do agnosticismo foram David Hume(4) e Immanuel Kant(5). Enquanto Hume era
tecnicamente um cético, seus argumentos levam inevitavelmente ao agnosticismo.
Na essência das ideias de David Hume estava sua afirmação de
que há apenas dois tipos de declarações significativas. Ele escreveu em seu
Inquérito “Concerning Human Understanding” (Sobre o Entendimento Humano):
"Se tomarmos em nossas mãos qualquer volume, sobre divindade ou metafísica
escolar, por exemplo, ela contém algum raciocínio abstrato sobre quantidade ou
número? Não. Contém algum raciocínio experimental sobre matéria de fato e
existência? Não. Jogue-o então às chamas, porque não pode conter nada além de
sofismas e ilusões. A menos que uma afirmação tenha uma relação de ideias ou
uma questão de fato, ela não tem sentido. Uma vez que as declarações sobre o
conhecimento de Deus estão fora dessas duas categorias, Deus é essencialmente
incognoscível.”.
A segunda ideia fundamental de Hume foi a de que não há
causas condicionadas. Nós nunca podemos saber com certeza que algo causou
qualquer outra coisa. De acordo com Hume, todas as sensações são desconectadas,
e qualquer conexão causal que fazemos está inteiramente em nossas mentes. Essas
conexões são feitas somente depois que experimentamos repetidas conjunções de
eventos. Sem a capacidade de entender a causa do universo, nunca podemos
conhecer verdadeiramente nada sobre Deus.
A filosofia de Immanuel Kant foi grandemente influenciada
por Hume. Kant tentou fundir as ideias de racionalismo e empirismo. O
racionalismo sustentava que havia certo conhecimento inato dentro de todos.
Pelo contrário, o empirismo sustentou que nascemos como uma “tabula rasa” (John
Locke - que tem o sentido de ‘folha de papel em branco’), e todo conhecimento é
adquirido pela experiência.
Kant concluiu reunindo os valores de ambos os lados,
afirmou: “O conteúdo do conhecimento veio pela experiência (como sustentam os
empiristas), mas a estrutura ou forma do conhecimento é desenvolvida na mente
(como os racionalistas sustentam).”.
Esta "solução" resultou no agnosticismo para Kant.
Se não se pode saber nada sem experiência através dos sentidos, e se esse senso
de conhecimento só pode ser estruturado em nossas mentes por categorias inatas,
então só podemos conhecer as coisas como elas são para nós. Nós nunca podemos
conhecer a realidade como ela realmente é. Nosso ponto de referência é sempre
nós mesmos e não as coisas em si. Há uma lacuna entre a aparência para nós e a
realidade. A conclusão de Kant foi o agnosticismo sobre a realidade e Deus.
Existem duas formas básicas de agnosticismo. A forma leve
afirma que Deus não é conhecido. Esta visão mantém a possibilidade de que Deus
possa existir e ser conhecido. A forma aguda do agnosticismo afirma que Deus é
incognoscível. Esta forma diz que Deus não pode ser conhecido por ninguém.
Dois outros tipos com respeito à capacidade de conhecer a
Deus são agnosticismo limitado e ilimitado. O agnosticismo limitado sustenta
que Deus é parcialmente incognoscível. É possível conhecer algumas coisas, mas
não tudo, sobre Deus. O agnosticismo ilimitado, no entanto, afirma que Deus é
completamente incognoscível. Diz que é impossível saber alguma coisa sobre Deus.
ATEÍSMO
O ATEU não crê na existência de um Deus. Ele pensa que a
chamada ‘criação’ é resultado de leis naturais.
O ateísmo é geralmente definido incorretamente como um
sistema de crenças. O ateísmo não é uma descrença em deuses ou uma negação de
deuses, na verdade o ateísmo é uma total ausência de crença.
Ateísmo, do grego ‘a’, que significa sem, e ‘theos’, que
significa deus, é a ausência de crença na existência de deuses.
Dicionários mais antigos definem o ateísmo como "a
crença de que não há Deus". Alguns dicionários chegam mesmo a definir o
ateísmo como "maldade", "pecaminosidade" e outros adjetivos
depreciativos. Claramente, a influência teísta entorpece dicionários. As
pessoas não podem confiar nesses dicionários para definir ateísmo. O fato de que
os dicionários definem o ateísmo como "não há Deus" trai a influência
teísta. Sem a influência teísta, a definição deveria pelo menos ser "não
há deuses".
“Nossa crença não é uma crença. Nossos princípios não são
uma fé. Não dependemos apenas da ciência e da razão, porque são fatores
necessários ao invés de suficientes, mas desconfiamos de tudo o que contradiga
a ciência ou ultraje a razão. Podemos diferir em muitas coisas, mas o que nós
respeitamos é a livre investigação, a inteligência e a busca de ideias para seu
próprio bem.” - Christopher Hitchens.
Por que os ateus devem permitir, que os teístas definam quem
são os ateus? Outras minorias permitem que a maioria defina seu caráter,
opiniões e opiniões? Não eles não. Então por que todos esperam que os ateus se
deitem e aceitem a definição colocada sobre eles pelos teístas do mundo? Os
ateus definir-se-ão.
O ateísmo não é um sistema de crenças nem é uma religião.
Embora existam algumas religiões que são ateístas (certas seitas do budismo,
por exemplo), isso não significa que o ateísmo é uma religião. Dois argumentos jocosos
geralmente são usados para contrapor a afirmativa absurda que o ateísmo é uma
religião: a) Se o ateísmo é uma religião, então careca é uma cor do cabelo, e b)
Se o ateísmo é uma religião, então a saúde é uma doença. Um novo foi
introduzido em 2012 por Bill Maher(6): "Se o ateísmo é uma religião, então
a abstinência é uma posição sexual".
O único fio comum que une todos os ateus é a falta de crença
em deuses e seres sobrenaturais. Isso ocorre porque os ateus não têm um sistema
de crenças comum, escritura sagrada, profetas, sacerdotes, ministros ou papa
ateu, que os unam. Isso significa que os ateus frequentemente discordam de
muitas questões e ideias teístas, fundamentadas um sistema de cresças e líderes
religiosos.
Eduardo G. Souza.
(1) Edward
Herbert, 1.º Barão Herbert de Cherbury era um soldado britânico, diplomata,
religioso, poeta e filósofo. Nasceu em 3 de março de 1583, Eyton on Severn,
Reino Unido. Faleceu em 20 de outubro de 1648, Londres, Reino Unido.
(2) Tomás
de Aquino, em italiano Tommaso d'Aquino, foi um frade da Ordem dos Pregadores,
suas obras tiveram enorme influência na teologia e na filosofia, principalmente
na tradição conhecida como Escolástica, e, por isso, é conhecido como
"Doctor Angelicus”. Nasceu em 1225, Roccasecca, Itália. Faleceu em 7 de
março de 1274, Abadia de Fossanova, Priverno, Itália.
(3) Ralph
Cudworth, teólogo e filósofo inglês. Nasceu em 1617, em Aller, Somersetshire. Faleceu
em 26 de julho de 1688, em Cambridge.
(4) David
Hume foi um filósofo, historiador e ensaísta britânico nascido na Escócia que
se tornou célebre por seu empirismo radical e seu ceticismo filosófico. Nasceu
em 7 de maio de 1711, Edimburgo, Reino Unido. Faleceu em 25 de agosto de 1776,
Edimburgo, Reino Unido.
(5) Immanuel
Kant foi um filósofo prussiano. Amplamente considerado como o principal
filósofo da era moderna, Kant operou, na epistemologia, uma síntese entre o
racionalismo continental, e a tradição empírica inglesa. Nasceu em 22 de abril
de 1724, Königsberg, Alemanha. Faleceu em 12 de fevereiro de 1804, Königsberg,
Alemanha.
(6) William
"Bill" Maher, Jr., é um comediante, apresentador de televisão,
comentarista político e escritor americano. Nasceu em 20 de janeiro de 1956,
Nova Iorque, Nova Iorque, EUA.
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