Vou chamar o Criador do Universo de Deus, embora esta
entidade ou força tenha sido representada e é representada, por muitos termos
diferentes, tais como Espírito Universal, Mente Superior, Força Criativa,
Supremo Arquiteto, Causa Primeira, etc.
Há, basicamente, duas formas como Deus pode ser concebido:
Deus como uma ideia e Deus como uma entidade real, essa
última, é a forma, como a maioria dos seres humanos pensa que é Deus.
Deus pode ou não existir como uma realidade objetiva?
A ideia de Deus tem existido em praticamente todas as
culturas conhecidas. Mesmo dentro da tradição budista, "divindades"
(Budas encarnados) vieram à existência, de acordo com a crença do povo comum,
para a frustração de alguns monges e mestres budistas tradicionalistas. E
também para a frustração de cientistas materialistas e ateus militantes, Deus
continua a ser acreditado em todo o mundo. Isto então coloca um problema para
os ateus militantes e cientistas materialistas, que esperavam que o desenvolvimento
da Ciência como um sistema de ideias para explicar a realidade da natureza, a
crença em Deus iria declinar. Portanto, eles procuraram entender por que as
pessoas ainda se apegam ao conceito de Deus.
Já teologicamente existem três maneiras de conceber a ideia
de Deus: Teísmo, Deísmo e Panteísmo.
- Teísmo
O Teísmo é a crença em um Deus pessoal distinto na natureza
do mundo, mas ativo dentro dele. Esse é o tipo de Deus que os seguidores das
religiões "reveladas" acreditam e esse tipo de Deus pode perdoar
pecados, responder orações, realizar milagres e geralmente exige ser ou pelo
menos gosta de ser adorado. As religiões "reveladas" são aquelas que
acreditam que a natureza e a vontade de Deus são "reveladas" através
de livros sagrados e/ou profetas. As principais religiões deste tipo são o
judaísmo, o cristianismo e o islamismo.
- Deísmo
O Deísmo sustenta que a natureza e as atividades de Deus são
completamente separadas de qualquer coisa no mundo e Deus não responde orações,
não perdoa pecados, não faz milagres ou não precisa ser adorado. Deus não é
geralmente pensado em um sentido pessoal.
No Deísmo, a fé não é necessária, pois os Deístas
experimentam a Razão dada por Deus e sabem que, através do estudo da
Cosmogênese, da Natureza e da Ciência, o homem pode conhecer Deus. Uma vez que
existem evidências na Natureza e na Ciência da existência de Deus, a fé em sua
existência não é necessária, pois sua crença é racional. O Deísta acredita
racionalmente em Deus, em vez de ter fé nele, e a única oração que um deísta
pode fazer é um agradecimento por o Homem ter sido criado um Ser Racional. Os
Deístas não adoram a Deus como os teísta, eles são gratos e apreciam as coisas
que Deus deu ao Homem como vida e os dons, como a Razão, e acreditam que
exercitar esses dons é uma das melhores maneiras de mostrar afeição ao seu
Criador.
- Panteísmo
O Panteísmo é a crença que sustenta que Deus não tem uma
existência distinta do mundo ou do Universo. Em outras palavras, é a visão de
que Deus é tudo e todas as coisas são Deus, incluindo uma árvore, pessoas,
animais, uma rocha, o céu é Deus, o sol é Deus, você é Deus, etc. Se existe um
mundo espiritual separado da existência material, ele também é Deus. O
panteísmo é a base da crença de muitos cultos (por exemplo, o hinduísmo e o
budismo em certa medida) e falsas religiões.
Vários cultos de unidade e unificação, como por exemplo, os “adoradores
da mãe natureza" e os praticantes da Teoria denominada "Nova
Era", são essencialmente panteísta e, como se poderia supor de tal teoria,
sua crença em Deus pode ser muito vaga e difusa. De acordo com o panteísmo
rigoroso até eventos como as guerras, o Holocausto, etc., foram Deus, mas
muitos panteístas preferem não pensar a sua filosofia através de estudos que
possam confrontar suas conclusões lógicas.
“Quando você olha para o céu noturno ou para as imagens do
Telescópio Espacial Hubble, você fica dominado pelos sentimentos de admiração e
deslumbramento com a esmagadora beleza e poder do universo? Quando você está no
meio da natureza, em uma floresta, perto do mar, em um pico de montanha, você
senti uma sensação de sagrado, como o sentimento de estar em uma vasta
catedral? Você acredita que os seres humanos devem ser uma parte da natureza,
ao invés de estar acima dela? Se você respondeu sim a todas essas perguntas,
então você tem inclinações panteísta.” Dr. Paul Harrison. Elements of
Pantheism: A Spirituality of Nature and the Universe (Elementos do Panteísmo:
Uma Espiritualidade da Natureza e do Universo) (2013).
“Quando os panteístas científicos dizem ‘Reverenciemos o
Universo’, não estão falando de um ser sobrenatural. Estão falando sobre o modo
como nossos sentidos e nossas emoções nos obrigam a responder ao mistério e ao
poder esmagadores que nos rodeiam. Somos parte do universo. Nosso planeta foi
criado a partir do universo e um dia será reabsorvido pelo universo. Somos
feitos da mesma matéria e energia do universo. Não estamos exilados aqui,
estamos em casa. E nunca teremos a chance de ver o paraíso face a face, se
acreditarmos que a nossa verdadeira casa não está aqui, mas em uma terra que
está além da morte, se acreditarmos que o paraíso fulgurante só pode ser
encontrado em livros velhos, em construções antigas, dentro de nossa cabeça ou
fora desta realidade, então vamos ver a realidade, vibrante, luminosa, como se
observássemos através de um vidro escuro. O universo nos cria, nos preserva e
nos destrói. É profundo e velho além de nossa capacidade de alcançar com nossos
sentidos. É bonito além de nossa capacidade de descrever em palavras. É
complexo para além da nossa capacidade de compreender plenamente pela ciência.
Devemos nos relacionar com o universo com humildade, temor, reverência e
celebração. E buscar uma compreensão mais profunda, das maneiras pelas quais os
crentes se relacionam com seu Deus, pela a adoração rastejante ou a expectativa
de que há alguém lá fora que possa responder suas orações.” Carl Sagan, Pale
Blue Dot (Pálido Ponto Azul) (1994).
Eduardo G. Souza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário