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Eduardo G. Souza e Lígia G. Souza.

domingo, 25 de setembro de 2016

A QUEDA DO COMUNISMO NO LESTE EUROPEU E NA EUROPA ORIENTAL



Em 9 de novembro de 1989, 7 dias antes do meu aniversário, milhares de alemães extremamente felizes derrubaram o símbolo mais marcante da divisão da Europa – ‘o Muro de Berlim’.

Por duas gerações, o muro era a representação física da Cortina de Ferro, e da separação de um povo. E aqueles que ousavam ultrapassá-lo colocavam em risco suas próprias vidas, os guardas de fronteira da Alemanha Oriental tinham ordens firmes de atirar para matar, aqueles que tentassem escapar. O Muro representava a divisão da Europa, e a sua queda, podemos aceitar, como o fim da Guerra Fria.

Na Casa Branca, o presidente George W Bush e seu conselheiro de segurança nacional, Brent Scowcroft, observavam a cena concentrados em uma televisão, consciente da importância histórica do momento e dos desafios para a política externa americana estaria por enfrentar.

Nem mesmo o observador mais otimista do discurso do presidente Ronald Reagan, proferido em Berlim, em 1987, convidando pelo Secretário Geral do Partido Comunista Soviético, Mikhail Gorbachev, teria imaginado que dois anos mais tarde, o "muro de Berlim seria derrubado" e os regimes comunistas da Europa Oriental entrariam em colapso como peças de dominó. Em 1990, os antigos líderes comunistas estavam fora do poder, foram realizadas eleições livres e a Alemanha estava unida novamente.

O colapso dos regimes não aconteceu de forma pacífica. Os tanques soviéticos que haviam esmagado manifestações em Berlim Oriental, em junho de 1953, na Hungria, em 1956, e novamente na Checoslováquia em 1968. Os militares soviéticos estavam intimamente envolvidos no planejamento da lei marcial decretada na Polônia em 1980, e as tropas soviéticas permaneceram estacionados em toda a Europa Oriental, tanto para garantia da segurança soviética, como um lembrete sinistro para os povos do Leste Europeu, da dominação soviética sobre seus países.

A forte pressão da administração Reagan, em apoio às aspirações de liberdade política dos cidadãos europeus e soviéticos do Leste Europeu, foi importante para que, em 1985, um novo tipo de liderança ascendesse na União Soviética. As políticas de Perestroika (reestruturação) e Glasnost (transparência) de Mikhail Gorbachev legitimaram ainda mais os apelos populares para uma reforma dentro da Rússia. Gorbachev também deixou claro - primeiro secretamente para os líderes do Leste Europeu, e depois publicamente - que a União Soviética tinha abandonado a política de intervenção militar em apoio aos regimes comunistas (A Doutrina Brejnev).

Em 6 de fevereiro de 1989, o Governo Socialista da Polônia abriu oficialmente, em Varsóvia, negociações com os membros da resistência sindical ‘Solidariedade’. O movimento sindical Solidariedade foi formado em agosto de 1980, após uma série de greves que paralisaram a economia polonesa, em 1981 foi decretada, sob o comando soviético, a lei marcial que levou a organização para a clandestinidade. O movimento sindical Solidariedade somente sobreviveu devido ao apoio das organizações trabalhistas ocidentais e dos grupos de emigrantes poloneses residentes na Europa e nos Estados Unidos. Os resultados das "Mesas Redondas", foram gravados em um documento assinado pelo governo polonês e os representantes do Solidariedade em 4 de abril de 1989. O tratado incluía eleições livres para 35% do Parlamento, eleições livres para o Senado recém-criado, um novo gabinete, e o reconhecimento da solidariedade como um partido político. Em 4 de junho de 1989, como resultado dos tanques chineses haverem esmagado os protestos estudantis em Pequim, o Solidariedade alcançou uma vitória eleitoral esmagadora. Em 24 de agosto, quase dez anos após o Solidariedade surgir em cena, Tadeusz Mazowiecki tornou-se o primeiro não comunista primeiro-ministro em um país na Europa Oriental.

Na Hungria, mudanças drásticas estavam igualmente em curso. O governo, que já era o mais liberal dos governos comunistas, permitiu associação e reunião dos cidadãos, e ordenou a abertura das fronteiras do país com o Ocidente. A abertura das fronteiras criou uma estrada para um número cada vez maior de alemães orientais, escaparem para o ocidente. O Partido Comunista Húngaro perdeu seu líder de longa data, Imre Nagy, o líder comunista da Revolução Húngara de 1956, quando em 4 de novembro, o Exército Vermelho invadiu a Hungria e derrotou rapidamente as forças húngaras. Calcula-se que 20.000 pessoas foram mortas durante a intervenção soviética. Nagy foi preso (e posteriormente executado) e substituído no poder pelo simpatizante soviético János Kádár. De início, János Kádár promoveu a perseguição dos revolucionários: 21.600 presos, 13.000 internados, 400 mortos. Na década de 60, porém, com a frase de efeito "quem não está contra nós, está conosco", declarou uma anistia geral, reprimiu gradualmente alguns excessos da polícia secreta e efetuou reformas liberais na economia e na cultura, de modo a tentar superar a hostilidade popular contra si próprio e o regime. Em 1988, Kádár foi alijado do cargo de secretário-geral do Partido Comunista e o dirigente reformador comunista Imre Pozsgay foi admitido no Politburo. No mesmo ano, o parlamento aprovou um "pacote democrático", que incluía pluralismo sindical; liberdade de associação, de reunião e de imprensa; uma nova lei eleitoral; e uma revisão radical da Constituição. Em 23 de Outubro, dez meses após o início das reformas políticas, a Hungria adotou uma nova constituição que permite um sistema multipartidário e eleições diretas.

O colapso econômico do regime comunista da Alemanha Oriental levou um número crescente de alemães orientais tentarem fugir para o Ocidente. Milhares buscaram refúgio em embaixadas da Alemanha Ocidental em outros países comunistas, eventualmente, forçando o governo a permitir-lhes a emigrar via trens especiais. Ao visitar Berlim Oriental, Gorbachev advertiu a liderança comunista da Alemanha Oriental da necessidade de reformas políticas, e confidenciou a seus assessores que o líder da Alemanha Oriental, Erich Honecker, deveria ser substituído. Duas semanas depois, Honecker foi forçado a renunciar, enquanto centenas de milhares marcharam em protesto nas principais cidades da Alemanha Oriental. Em 9 de Novembro de 1989, o mundo assistia pela televisão, o Governo da Alemanha Oriental anunciar a abertura de todas as fronteiras da Alemanha Oriental. Em uma reação inesperada do povo, no mesmo dia o ‘Muro de Berlim’ veio abaixo, quando um porta-voz da Alemanha Oriental, obviamente mal informado ou intencionalmente, disse a repórteres que as novas regras de imigração também se aplicavam a Berlim.

Antes do final do mês, Helmut Kohl, Chanceler da Alemanha Ocidental, revelou um plano para a reunificação das duas Alemanhas.

Quando o muro caiu, com ele caíram os temores de uma reação Soviética, e as peças do dominó começaram a cair em um ritmo acelerado.

Em outubro de 1989, a polícia prendeu centenas de pessoas em Praga após uma reunião não autorizada; apenas algumas semanas depois, centenas de milhares se reuniram em Praga para protestar contra o governo. Alexander Dubcek, o comunista reformista que liderou a Primavera de Praga em 1968, fez sua aparição pública após mais de duas décadas. Um novo governo, não comunista, assumiu o país em 5 de Dezembro, e, em 29 de dezembro, Vaclav Havel, um dissidente e famoso dramaturgo, foi eleito presidente.

Na Bulgária, protestos levaram ao afastamento de Todor Zhivkov, o líder de longa data do Partido Comunista Búlgaro, e sua substituição pelo reformista, Petar Mladenov. O novo governo rapidamente anunciou que o governo iria realizar eleições livres em 1990.

Só na Roménia aconteceram eventos violentos. Nicolae Ceausescu, um seguidor cada vez mais idiossincrático dos tempos stalinistas, se recusou fazer quaisquer reformas. Em 17 de dezembro de 1989, em Timisoara, o exército e a polícia dispararam contra a multidão que protestava contra as políticas do governo, matando dezenas pessoas. Os protestos se espalharam para outras cidades, em 21 de dezembro Ceausescu ordenou a repressão violenta das manifestações, resultando em centenas de mortos. No dia seguinte, Ceausescu foi forçado a fugir de Bucareste e foi preso por unidades do exército no campo. No governo interino, liderado pelo reformista Ion Iliescu, Ceausescu e sua mulher foram julgados, condenados, e executados em 25 de dezembro.

Até o verão de 1990, todos os antigos regimes comunistas da Europa Oriental foram substituídos por governos democraticamente eleitos. Na Polónia, Hungria, Alemanha Oriental e Tchecoslováquia, recém-formados partidos de centro-direita ascenderam ao poder pela primeira vez desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Na Bulgária e na Roménia, comunistas reformadores mantiveram o controle dos governos, mas novos partidos de centro-direita chegaram aos Parlamentos e tornaram-se participantes na nova liberdade política. Um projeto foi criado para a reintegração do Leste Europeu nas estruturas econômicas, políticas e de segurança ocidentais.

Em 10 de novembro de 1989, Anatoly Chernyaev, assessor de política externa de Gorbachev, escreveu em seu diário, que a queda do ‘muro de Berlim’ representou "uma mudança no equilíbrio mundial de forças" e o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

Eduardo G. Souza
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Livros indicados:

Antonio Gramsci do Liberalismo ao "comunismo Crítico"
   Autor: Losurdo, Domenico
   Editora: Revan

 Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo
   Autor: Lênin, V. I.
   Editora: Anita Garibaldi

 Depois da Queda - O Fracasso do Comunismo e o Futuro do Socialismo
   Autor: Blackburn, Robin
   Editora: Paz e Terra

 Cortar o Mal Pela Raiz! História e Memória do Comunismo na Europa
   Autor: Meira, Caio
   Editora: Bertrand Brasil

 Utopia do Expurgo - O que Foi o Comunismo?
   Autor: Koenen, Gerd
   Editora: Loyola

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