ABILENE
Histórico
Lucas 3:1-3: “No décimo quinto ano do reinado de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, Herodes tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe tetrarca da região da Ituréia e de Traconites, e Lisânias tetrarca de Abilene, sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio à palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto.
E ele percorreu toda a circunvizinhança do Jordão, pregando o batismo de arrependimento para remissão de pecados;
Quando todo o povo fora batizado, tendo sido Jesus também batizado, e estando ele a orar, o céu se abriu; e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como uma pomba; e ouviu-se do céu esta voz: ‘Tu és o meu Filho amado; em ti me comprazo.’”
Sabemos que o Imperador Romano Caio Júlio César Otaviano (Octaviano) Augusto faleceu em 17 de Agosto de 14 DC. Seu sucessor, Tibério Cláudio Nero César, foi empossado pelo Senado Romano em 18 de setembro de 14, e governou até a sua morte, em 16 de março de 37. Como os romanos não usavam o sistema de "ano de Ascensão" (Método de calcular o tempo de governo dos reis. Nos registros históricos era costume, em Babilônia, calcular os anos de governo ou reinado dum rei como anos completos), seu 15° ano seria em 28/29 DC.
Portanto, Pôncio Pilatos foi Prefeito (praefectus) da província romana da Judéia entre os anos 26 e 36.
Lisânias, segundo Lucas 3:1, foi tetrarca de Abilene no tempo de São João Baptista, alguns estudiosos no entanto, eram céticos de Lucas ser preciso ao referir-se ser Lisânias tetrarca de Abilene em torno do ano 28 DC. Eles só encontravam um Lisânias nos registros romanos, e ele era o governante de Chalcia cinquenta anos antes do que Lucas menciona. No entanto, a credibilidade do registro de Lucas no Evangelho foi reforçada por descobertas arqueológicas. Uma inscrição foi encontrada em um templo da época de Tibério (imperador romano de 14-37 DC), que mencionou: “Lysanias Tetrach de Abila”, localizada perto de Damasco, assim como Lucas tem escrito. Na inscrição do templo lê-se: "Para a salvação dos senhores de Agosto e de toda a sua família, Nymphaeus, liberto de Águia por Lysanias Tetrach estabelecido por Abila e outras terras de Damasco, ..."
A referência aos “senhores Agosto” é um título comum dado apenas ao imperador Tibério (filho de Augusto) e sua mãe, Lívia (viúva de Augusto). Esta referência fixa a data da inscrição para entre 14 e 29 DC. Pois o ano 14 foi o da acessão de Tibério e o ano 29 foi o da morte de Lívia. Portanto, o reino dos senhores de Agosto se situa do ano 15 de Tibério ao ano 29 DC. Esta evidência suporta a referência de Lucas, que Lisânias foi Tetrarca de Abilene em torno da época de São João Batista (28 DC).
O termo tetrarca, Governador de uma quarta parte, acha-se aplicado a Herodes Antipas, filho de Herodes, o Grande, que foi tetrarca da Galiléia (de 4 AC a 39 DC) e teria sido também da Peréia; a Herodes Filipe, também filho de Herodes, o Grande, e de Cleópatra de Jerusalém, que foi tetrarca da Ituréia e Traconites, e teria sido também de Betânia e Auranite e a Lisânias, tetrarca da Abilene. Parece que os romanos usavam esse título, nos tempos do Império, para designar príncipes tributários, que não tinham suficiente importância para serem chamados reis. Certamente, por cortesia do povo, se dava a Herodes Antipas, tetrarca da Galiléia, o título de Rei (Matheus 14:9 e Marcos 6:14-22). Herodes Antipas e Herodes Filipe eram filhos de Herodes, o Grande.
Lisânias, segundo Josefo (Flávio Josefo [37 ou 38-100 DC], ou apenas Josefo, também conhecido pelo seu nome hebraico Yosef ben Matityahu e, após se tornar um cidadão romano, como Tito Flávio Josefo, foi um historiador importante, que registrou in loco a destruição de Jerusalém, em 70 DC, pelas tropas do imperador romano Vespasiano. As obras de Josefo fornecem um importante panorama do século I), foi governador de uma tetrarquia, centrada na cidade de Abila, referida pelos nomes de Abilene e Chalcis. Josefo é a principal fonte sobre a vida de Lisânias.
O pai de Lisânias seria Ptolomeu, filho de Mennaeus, que governou a tetrarquia antes dele, de cerca de 85 AC a 40 AC. Ptolomeu era primo de Antígono, filho de Aristóbulo, que ele ajudou durante a sua tentativa de reclamar o trono da Judéia em 40 AC, com o apoio militar dos partos.
De acordo com Josefo, Ptolomeu foi condenado à morte por Marco Antônio, por sua simpatia pelos partos e por instigação de Cleópatra, que tinha os olhos sobre os territórios de Abilene.
Moedas da época do reinado de Lisânias indicam que ele era "tetrarca e Sumo Sacerdote". As mesmas denominações são encontradas nas moedas da época de seu pai, Ptolomeu, filho de Mennaeus, e ainda sobre um possível parente próximo, Zenodorus, que governou o território entre 23-20 AC.
Ainda de acordo com Flávio Josefo, em 37 DC a Tetrarquia, juntamente com outros territórios, foi concedida a Agripa I, após sua morte, em 44 DC, foi administrada por procuradores até 53 DC, quando o Imperador Romano Tiberius Claudius Caesar Augustus Germanicus, concedeu a Agripa II, a posse da Abila, junto com os territórios vizinhos que tinham formado a tetrarquia de Lisânias. A declaração aparece numa moeda: "Ele (Claudius) acrescentou-lhe o reino de Lisânias, que é a província de Abilene". Com a morte de Agripa II, no fim do século 1, o seu reino foi incorporado na província da Síria, capturado por Plácido, um dos generais Vespasianos.
Os Barões foram introduzidos em Abilene pelo Império Romano, entre 125 e 135 D.C., durante o governo do Imperador Romano Públio Élio Trajano Adriano. Barão significava literalmente um Homem que ocupava um cargo administrativo de fiscalização nas terras do Império Romano. Em Abilene era um comodatário do Rei-em-Chefe, mantendo em sua guarda parte das terras (sinecura) do Reino. Os Baronatos inicialmente eram concedidos por sua Alteza Imperial, mas, em Abilene, tornou-se habitual os herdeiros sucederem o mandato naturalmente. Assim, o Baronato, em Abilene, surgiu como uma dignidade hereditária de tal honraria.