Liberdade.

Todos os textos publicados nesse blog são livres para serem copiados e reproduzidos.
Porque não existe outra pretensão em nossos escritos, que não seja expressar o nosso pensamento, nossa forma de ver e sentir o mundo, o Homem e a Vida.
Se você acreditar seja necessário e ético, favor indicar a origem e o Autor. Ficamos lhe devendo essa!
Um grande abraço.
Eduardo G. Souza e Lígia G. Souza.

segunda-feira, 12 de março de 2012

PIADAS, SÃO CRÍTICAS ENGRAÇADAS A SOCIEDADE.

.


Algumas pessoas não gostam de piadas, dentre essas algumas chegam a não tolerar qualquer outra coisa que tenha humor, ou seja, uma sátira.


Quando contamos piadas, muitas vezes, é uma forma de lidarmos com os problemas que estão afetando nossa sociedade ou o convívio dos indivíduos nela. Piadas, em geral, desempenham um papel importante na determinação de quem somos e como pensamos sobre nós mesmos, e como resultado, a forma como interagimos com os outros. As Piadas lidam com nós mesmos, com nossas famílias, com os membros de nosso grupo e da sociedade. É uma representação hilária do tipo de pessoas que somos, do que fazemos e de como nos comportamos.

Muitas pessoas vêm às piadas apenas como um caso engraçado, mas há muito mais por trás de uma piada que apenas uma risada. Sob a capa do humor existe uma crítica ou um comentário social sobre as relações interpessoais ou grupais, algumas avançam sobre os problemas mais sérios que estão afetando os indivíduos, a sociedade e a humanidade.

As piadas, em geral, são críticas a nossa sociedade e aos indivíduos, elas permitem que as pessoas mesmo de uma forma divertida, mostrem o que está nos incomodando ou de alguma forma nos afetando, elas nos ensinam importantes lições. Elas ensinam-nos como nos comportar em nosso grupo e em sociedade. Quando são colocados de uma forma satírica os comportamentos ridículos e as personagens fazem papeis idiotas, podemos avaliar o que fazemos e o que as outras pessoas têm feito. As personagens são pessoas fictícias na trama, mais na realidade somos nós e ou aqueles que queremos mostrar que estão errados ou fazendo papeis ridículos.

Algumas piadas podem nos colocar em uma situação desconfortável em algum momento. Muitas vezes boas piadas jogam com uma situação ou um papel importante na sociedade, e estão nos colocando de cara com um espelho e forçando-nos a enfrentar duras realidades que, muitas vezes, preferimos ignorar. Por isso elas podem incomodar, e nos levar a criticá-las, censurar quem as conta ou o autor.


Algumas pessoas acusam as piadas de criarem os estereótipos, na verdade elas podem trazê-los a luz, dar vida e cor aos estereótipos que estão ocultos ou sublimados em nossa sociedade. Na verdade as piadas não criam os estereótipos, quem os cria é a sociedade, sobre realidades correntes do nosso dia-a-dia. Nem todo político é ladrão, nem toda loira é burra, não são todos os gays que apresentam um comportamento extravagante ou afeminado, tão pouco todos os velhos são ranzinzas ou nem todos os pastores querem arrancar os últimos centavos dos fiéis. Entretanto, quando em um grupo ou tipo, um grande número de indivíduos apresenta sistematicamente um comportamento ou atitude, a sociedade tem uma tendência natural de transformar as particularidades em generalidades. E nesse aspecto a mídia tem sua parcela de responsabilidade, pois as notícias podem contribuir para essa generalização, a divulgação constante de um fato social, sem apresentar contrapontos, ou mesmo mostrando ser esse fato comum a uma categoria ou tipo, conduz à sociedade a generalização, e nascem os estereótipos.


A piada nada mais é do que a exploração desses estereótipos, quando ela não atinge um consenso da sociedade sobre o seu tema ou realidade, ela não pega! Então, nesse aspecto temos piadas duradouras, que trespassam o tempo, pois abordam uma realidade presente em nossa sociedade. Outras têm uma vida curta, pois aborda um momento, uma situação momentânea, da sociedade, quando cessa a sua causa, ela perde a razão de ser.

Para os grupos minoritários, o humor serve também como uma ferramenta para neutralizar o poder dos estereótipos que impedem o seu caminho para a igualdade de participação na sociedade. Através de uma forma hilária a crítica social é apresentada, e instiga a transformação do que está errado ou ridículo, de uma forma que deixa muitos leitores ou ouvintes, mesmo entre risos, querendo a mudança do que está sendo satirizado.


Algumas piadas atraem críticas por serem ofensivas, pornográficas ou perpetuarem estereótipos negativos, isso, no entanto, é um sinal de uma cultura de liberdade saudável, pois significa que os comediantes estão empurrando a crítica além dos duros limites sociais. Situações e expressões que normalmente são inaceitáveis, quando envoltas pela graça como são contadas ou escritas causam risos e a concordância, tirando-lhes o peso da pressão social. "Quando eu comecei a fazer piadas, as pessoas diziam: ‘- nunca faça piadas sobre câncer e suicídio.’ Bem, como o câncer e o suicídio são encarados hoje, isso não é mais verdade. Meu pai morreu de câncer e eu fiz piadas sobre isso. E piadas sobre pedofilia, gays, velhos, mulheres, prostitutas ou religiosos, eu faço muitas sobre eles. Como também com a pornografia, você sabe que uma boa piada tem que ter uma dose de malícia. Nada está fora dos limites, se tratado adequadamente.", afirma Greg Giraldo. O conteúdo quando envolto pelo humor, é como uma cápsula de açúcar revestindo um remédio amargo. O riso oculta o ferrão da crítica.

"As piadas são uma tradição com profundas raízes históricas", explica o Dr. Cynthia Merriwether-de Vries, professor de sociologia da Faculdade Juniata, que se especializou em música, humor e cultura popular. "Evidências de piadas baseadas em raça e outros grupos podem ser rastreadas pelo menos até a Europa antiga, como menestréis zombando do fedor dos visigodos. Na época dos reis, o bobo da corte tinha um privilégio especial. Era seu trabalho, através do humor de suas piadas e trejeitos, falar dissimuladamente ao rei a verdade nua e crua. Existe um documento, da Europa Medieval, avisando a um rei que as piadas do seu bobo da corte, sobre certos Habsburgs, estavam indo longe demais e começando a afetar as relações políticas."

Ao contar uma piada você pode até não estar pensando em mudar o mundo, mas no final, pode ser o que você está fazendo. Os comediantes podem até ter consciência do poder das piadas de mudar as sociedades, de mudar o mundo, mas quase todos não são necessariamente idealistas. Em geral, a primeira preocupação comediante é fazer rir e encontrar a situação ou o material engraçado para poder explorá-lo.

Fazer piada não é uma ciência, é uma arte. Portanto, não existem regras, tudo é muito subjetivo, o que uma pessoa acha engraçado pode não ser engraçado para outra.

Então o humor não tem fronteiras, ela permeia todo contexto social. Sem dúvidas o humor e o riso são partes essenciais do ser humano. A busca para desvendar o que é o humor e por que ele é permanente de nossas vidas sociais ocupou uma grande variedade de estudiosos. O senso de humor tem sido uma característica essencial da humanidade e da sociedade ao longo dos tempos.

Rir ainda é melhor remédio, mas não deixe o divertimento lhe transformar em um idiota, lembre-se toda piada tem sempre uma mensagem que está oculta ou clara, e cabe a você rir, mas também procurar compreender a crítica que ela está apresentando sobre uma realidade presente em nossa sociedade.


Eduardo G. Souza.

.

Nenhum comentário:

Postar um comentário