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Eduardo G. Souza e Lígia G. Souza.

segunda-feira, 5 de março de 2012

A NECESSIDADE DE PROCLAMAR-SE HONESTO.

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Você acredita que conhece um indivíduo, e antes que você perceba acreditou em um tipo, conheceu um tipo, e você achou que conhecia uma pessoa – mas você não conhecia nada. Isso é porque todos nós somos pessoas estranhas, por trás de nossas faces e vozes, que impedem qualquer um saber quem somos nós realmente. Quando ouço um homem proclamando-se "companheiro, honesto e leal", tenho bastante certeza de que ele tem alguma anormalidade e talvez algo terrível que ele tenta esconder - e sua necessidade de declarar-se honesto e leal é a sua maneira de tentar ocultar suas ignomínias.


E não devemos ignorar essas ignomínias, quer para não perdermos os nossos valores éticos e morais, quer para que possamos corrigi-las buscando a correção do nosso caráter.

Estes fatos levantam duas questões: A primeira, o indivíduo pode estar se enganando quando diz que é honesto, em outras palavras, ao fazer tais declarações acredita serem elas verdadeiras, ele não quis enganar seus ouvintes, fazendo-se passar como alguém que não era, mas ele estava convencido de ser realmente quem ele disse que era.

Se o indivíduo não tinha a menor vontade ou intenção de enganar os outros, pode-se afirmar com certeza que ele havia enganado a si mesmo, acreditando ser honesto, quanto na realidade ele não era. Pode-se então incluir-se a possibilidade do indivíduo ser um maníaco, uma pessoa afetada pela megalomania ou pelo complexo de superioridade, como muitos já foram no passado, e como muitos são hoje. E para resolver esse problema, temos de examinar o estado de saúde física e mental desse indivíduo.


A segunda, o indivíduo não estava sendo verdadeiro no que disse e, portanto, ele sabia que não é honesto, podemos ver que ele não foi enganado, ou seja, ele não acreditava ser o que não era. Dito de outra forma, ele é um mentiroso, um hipócrita que não acreditava no que afirmou.

Assim, a hipocrisia se encontra naqueles que fingem ser honestos e não são. A hipocrisia e a falsidade são dois grandes males, porque levam à cegueira espiritual e a dureza de coração. Não há vício tão cruel, tão lamentável, tão desprezível, como a falsidade e aquele que se permite dizer uma mentira uma vez, acha muito fácil de fazê-lo uma segunda, terceira e tantas vezes até que finalmente torna-se habitual, ele diz mentiras, sem atentar para isso, e verdades sem que no final o mundo acredite nele. Parece impensável que ele mesmo caia no que ele tão duramente, muitas vezes, condena ao jactar-se em sua falsa honestidade.

Este charlatão, que tem a intenção de pregar a honestidade e ainda de proclamar a sua honestidade, mas ao serem confrontadas as suas palavras com as suas ações estas as desmentem, comete um absurdo e uma imbecilidade, e, assim, torna-se problemático, e será ridicularizado e desprezado. Em contraste temos o indivíduo que possui a honestidade, mas a mantém para si mesmo sem ostentá-la, até que uma ocasião se apresenta para exercê-la no lugar certo, na hora certa, e para as pessoas certas. O motivo que regula tal silêncio é a modéstia.

O inevitável é que as pessoas que proclamam a honestidade inescrupulosamente, só possam proclamá-la, pois se fossemos examinar de perto as coisas que elas fazem ninguém acreditaria. A honestidade é demonstrada pelo seu comportamento e não por suas declarações de ser honesto.

Essa imposição de sigilo com relação à sua honestidade pode não lhe fazer uma pessoa famosa, mas, acima de tudo, lhe fará muito mais consciente da maior honra que pode ser atribuída a um homem no mundo, a honestidade. É inconcebível que uma pessoa honesta e sincera, viva procurando o sucesso, a popularidade e o poder. A honestidade e a veracidade levam a impor-lhe o silêncio em relação a essas características da sua personalidade.

Aqueles buscam incessantemente o poder, o sucesso, a glória e, muito mais, o dinheiro, necessitam e querem servir prioritariamente aos seus próprios interesses, em vez de buscar os interesses e a vontade da comunidade. Os hipócritas e desonestos agem muito diferente do que eles apregoam ao tecerem suas auto-loas.


A honestidade pode levar ao aparente fracasso na vida de uma pessoa, a sua volta os desonestos e corruptos crescem, enriquecem e são prestigiados, enquanto os honestos sucumbem sob o peso da corrupção e da desonestidade. É impossível resolver o problema da corrupção desenfreada, sem falar sobre a responsabilidade moral da sociedade. A corrupção é desenfreada porque o cumpridor da lei é desencorajado, por ver que os desonestos e corruptos são aceitos, justificados e muitas vezes até louvados por seus atos e atitudes, cada um de nós, em última análise permitimos e de certa forma até encorajamos a desonestidade, quando não lutamos, toleramos e até contribuímos com a corrupção que grassa a nossa volta. A corrupção é desenfreada por não temos prisões suficientes, essa é uma justificativa pueril, porque os juízes e procuradores são muito mole e a justiça demorada e confusa, pode até ser uma realidade, mas não é o fulcro da questão, ou porque a polícia está paralisada por tecnicalidades absurdas e por uma má formação e valorização dos policiais. Na verdade a desonestidade é um defeito arraigado em nossa sociedade, está em nosso caráter social. É desanimador quando as pessoas se chocam com honestidade de alguém e quando alguns ainda criticam aqueles que agem honestamente. Somos uma nação de covardes e preguiçosos.

Bem esperamos que a ideia de que nenhum homem, por qualquer período considerável, possa ter uma cara para si mesmo, e outra para os outros, sem ser descoberto seja real, e que quanto finalmente ele for desmascarado pela verdade, seja responsabilizado por seus atos e atitudes.


Finalizando sempre fico muito atento e com um pé atrás, com os indivíduos que fazem questão de a todo o momento e em todas as oportunidades declarar sua honestidade, a verdadeira pessoa honesta não tem necessidade apregoar sua honestidade, ela é reconhecida, mesmo que essa pessoa seja considerada um sonhador ou um tolo por muitos.

Eduardo G. Souza.

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