A definição padrão do dicionário da língua portuguesa, diz: Patriotismo
é amor ou devoção a pátria!
A maior parte dos dicionários concordam com esta definição.
No estudo filosófico do assunto, Stephen Nathanson(1) (1993)
define o patriotismo como envolvendo: o amor especial para o próprio país; o
senso de identificação pessoal com o país; a especial preocupação pelo
bem-estar do país; e a disposição a sacrificar para promover o bem da Pátria.
Assim, o patriotismo pode ser definido como o amor à Pátria,
a identificação com ela e a preocupação especial pelo bem-estar dos
compatriotas.
Esta é apenas uma definição. Uma descrição mais completa do
patriotismo envolvendo conceitos filosóficos, psicológicos e epistemológicos, está
além do escopo deste texto. Tal estudo analisaria as crenças do patriota sobre
os méritos de seu país, sua necessidade de pertencer a um grupo e ser parte de
uma narrativa mais abrangente, está relacionado com um passado e um futuro que
transcendem os limites estreitos de um a vida do indivíduo e suas preocupações
mundanas, bem como as condições sociais e políticas que afetam o refluxo e o
fluxo de patriotismo, sua influência política e cultural, e muito mais.
Muitos pensam no patriotismo como uma expressão natural e
apropriada do amor à Pátria em que nascemos e crescemos e de gratidão pelos
benefícios da vida em seu solo, entre suas pessoas e sob suas leis. Eles também
consideram o patriotismo como um componente importante de nossa identidade.
Alguns vão mais longe e argumentam que o patriotismo é moralmente obrigatório,
ou mesmo que é o núcleo da moral social.
O patriotismo nos dias de hoje é como o Natal - muitas
pessoas envolvidas em uma atmosfera festiva repleta de luzes e espetáculos. Nós
ouvimos lembretes sobre "o verdadeiro significado" do Natal - e
podemos até mesmo pensar alguns momentos sobre esses lembretes, mas cada um de
nós gasta mais tempo e pensamento na festa, nos presentes e em outras
parafernálias de um feriado secularizado, do que aprofundamos nossa devoção ao
verdadeiro significado do Natal. Isso, também acontece com patriotismo, pensamos
no que vamos fazer no dia da Independência, no dia de Tiradentes, etc. Peça a
um cidadão para discorrer sobre o significado do feriado nacional e com poucas
exceções, você receberá um pastel de respostas ou uma negativa do conhecimento,
muitas serão superficiais e muitas vezes erradas.
Os fundadores da nossa Pátria, os homens e as mulheres que
nos deram razões para nos orgulharmos de nosso país e sermos patriotas,
pensariam que perdemos nosso caminho e nos transformamos em pessoas ignorantes,
se pudessem nos ver agora.
No entanto, há dias em que sentimos que o patriotismo está
sendo atacado e abatido. Diariamente somos bombardeados com notícias negativas,
ruins e estarrecedoras pelos órgãos de imprensa e pela internet. Então é fácil
perder todos os motivos que teríamos para nos orgulharmos do nosso país. O
Brasil é um lugar incrível com pessoas incríveis, certamente! Pelo menos essa era
a ideia daqueles que observavam nosso país a distância. Hoje atingido pelas notícias
que nos constrangem, o mundo está mudando sua visão de nosso país, e muitos
estarrecidos perguntam – “como um país tão bonito, com uma natureza tão linda,
pode ser tão corrupto e violento?”
O patriotismo não é uma confiança cega em qualquer coisa que
os líderes políticos nos digam ou façam. O patriotismo não está simplesmente comparecer
para votar. Você precisa saber muito mais sobre o que motiva um eleitor antes
de julgar seu patriotismo. Ele pode estar votando só porque quer ganhar algo às
custas de outra pessoa ou da sociedade. Talvez ele não se preocupe com o fato
de o político que ele escolheu ser um corrupto mau-caráter. Lembre-se da sabedoria
do Dr. Johnson(2): "A alegação do patriotismo é o último refúgio de um
canalha".
Apesar de tudo isso precisamos não nos esquecemos de que
ainda precisamos amar nosso país, respeitar a natureza manifestação de Deus e
cuidar dos nossos cidadãos.
Patriotismo é mais que devoção a pátria, é respeito a pátria
e aos cidadãos!
Devemos fazer tudo o que pudermos para ajudar os brasileiros
a se sentir orgulhosos do nosso país. Nossos programas de educação escolar
pública devem voltar a incutir o patriotismo e a paixão pelo Brasil na nossa
próxima geração, assim como aconteceu com a maioria de nós no passado. O ponto
mais importante é mostrarmos que o patriotismo ainda é relevante para nosso
país, e que poderá ser incentivado com ações cívicas que eram comumente
desenvolvidas nas Instituições Educacionais no passado, tais como o culto ao
pavilhão nacional, o conhecimento dos hinos pátrios, estudo da estrutura e
organização do país, além da disseminação dos valores cívicos e morais da nossa
sociedade.
Devemos, no entanto, ter atenção as diferenças entre o
patriotismo e o nacionalismo, esses conceitos muitas vezes são confundidos pela
falta de clareza devido à dificuldade em distinguir os dois. Muitos autores
usam os dois termos de forma intercambiável. No século XIX, Lorde Acton(3) diferenciou
nacionalidade e patriotismo, definindo o primeiro como o amor e uma relação
moral com a Pátria. Já a nacionalidade ele definiu como nossa conexão com a
raça que é meramente natural ou física, enquanto o patriotismo é a consciência
de nossos deveres morais para a comunidade política. No século XX, Elie Kedourie(4)
definiu o nacionalismo como uma doutrina filosófica e política de pleno direito
sobre as nações como unidades básicas de humanidade dentro das quais o
indivíduo pode encontrar liberdade e realização e o patriotismo como um sentimento
de amor para o seu país.
George Orwell(5) comparou os dois em termos de atitudes
agressivas versus defensivas. O nacionalismo é a conquista d o poder, seu intento
é adquirir o máximo de poder e prestígio possível para a sua nação, no qual
submergem as individualidades. Enquanto o nacionalismo é, portanto, agressivo,
o patriotismo é defensivo, é uma devoção a um país e a um modo de vida que se
pensa melhor, mas não se deseja impor aos outros.
Não é hora de olhar para trás, mas olhar para a frente, para
o futuro!
Patriotismo envolve responsabilidade pessoal. Nossa
liberdade é proporcionada e sustentada a um preço elevado.
Ainda existem poucas organizações institucionais (como as
Forças Armadas) e sociais (como a Maçonaria), que buscam inspirar o amor à
Pátria e o culto aos símbolos e valores nacionais, e lembrar aos jovens o que é
patriotismo, e procuram compartilhá-lo com os outros, envolvendo os familiares
e amigos em atividades comunitárias e de responsabilidade civil.
Finalizamos, com a Declaração de Arbroath(6): "Não é
por honra, glória ou riqueza que lutamos, mas somente pela liberdade, e nenhum
homem bom desiste dessa luta, exceto com o sacrifício de sua vida".
Eduardo G. Souza
(1) Stephen
Nathanson é professor emérito em filosofia na Northeastern University, Boston,
Massachusetts. Ele se formou com honras em filosofia no Swarthmore College e o
doutorado em filosofia pela Universidade Johns Hopkins.
(2) Samuel
Johnson, também conhecido em língua inglesa como Dr Johnson, foi um escritor e
pensador inglês conhecido por suas notáveis contribuições à língua inglesa como
poeta, ensaísta, moralista, biógrafo, crítico literário e lexicógrafo.
(3) John
Emerich Edward Dalberg-Acton, 1º barão Acton, foi um historiador britânico. Foi
diretor da revista católica The Rambler desde 1859. Opôs-se ao Syllabus,
documento de oitenta pontos, publicado pela Santa Sé em 1864, durante o papado
de Pio IX.
(4) Elie
Kedourie, foi um historiador britânico sobre o Oriente Médio. Ele escreveu de
uma perspectiva conservadora, dissidente de muitos pontos de vista considerados
como ortodoxos no campo. Ele lecionou na London School of Economics de 1953 a
1990. Uma contribuição dele para o estudo do nacionalismo, foi quando ele
lançou seu livro, o “Nacionalismo”, em 1960, com as condições prevalecentes em
1992, quando ele saiu de cena.
(5) Eric
Arthur Blair, mais conhecido pelo pseudónimo George Orwell, foi um escritor,
jornalista e ensaísta político inglês, nascido na Índia Britânica. Sua obra é
marcada por uma inteligência perspicaz e bem-humorada, uma consciência profunda
das injustiças sociais, uma intensa oposição ao totalitarismo e uma paixão pela
clareza da escrita. George Orwell demonstrou sua hostilidade ao estalinismo e pelo
socialismo soviético, em um regime que Orwell criou em seu romance satírico “A
Revolução dos Bichos”.
(6) A
Declaração de Arbroath é um documento de declaração da Independência da Escócia
perante o domínio do Reino da Inglaterra. Foi escrita em latim, em 1320, seis
anos após a Batalha de Bannockburn e enviada para o Papa João XXII, para o
reconhecimento de Robert the Bruce como Rei da Escócia.
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