A raiva é uma emoção humana normal e natural. É, de fato,
uma das mais básicas de todas as experiências humanas. Todo mundo já sentiu
raiva em um ponto em suas vidas e alguns de nós canalizaram essa raiva para a
violência, outros não. Muita raiva sobre o que ultimamente está acontecendo,
tem sido acumulada e expressa. Se fosse um pouco maior, estaríamos acumulando
sacos de areia contra nossas portas e janelas, e trocando tiros nas ruas. Mas
de onde ela vem? E por que é tão frequentemente dirigida a alvos estranhos?
Na verdade, a raiva não é de tudo ruim. Sem a raiva,
injustiças graves não seriam respondidas, seríamos menos motivados para nos
protegermos e talvez não tivéssemos sobrevivido como uma espécie.
No entanto, desde uma idade muito jovem, muitos de nós são
bombardeados com a mensagem de que a raiva é ruim. Durante o período de nosso
desenvolvimento emocional, quando somos altamente suscetíveis à pressão social
de pais, cuidadores e professores, aprendemos que para sermos "bons"
devemos desenvolver o autocontrole e esconder os sentimentos de raiva. Quando
as pessoas aprendem que não podem expressar raiva abertamente, honestamente e
diretamente dentro dos relacionamentos, a emoção não desaparece. Em vez disso,
muitos de nós aprendemos a expressá-la em formas alternativas e secretas,
muitas vezes através de comportamentos agressivos.
Mas, enquanto a raiva não gera a agressão tudo bem,
entretanto, quando a raiva é canalizada para a agressão, são muito fáceis de
fazerem vítimas, e, muitas vezes, por motivos mais insustentáveis do que se
pensa, o que raramente é benéfico para qualquer um. Afinal, foi Sigmund Freud
quem disse: "A raiva leva ao medo, o medo leva ao ódio e o ódio leva ao
lado negro".
É importante diferenciar raiva e agressão. A raiva é o
estado de excitação emocional e fisiológica. Você pode ficar com raiva de
alguém ou de alguma coisa, mas optar por não se comportar agressivamente com
alguém como resultado dessa raiva. Esse tipo de comportamento é considerado
maduro. Da mesma forma, você pode ser muito agressivo com alguém (por exemplo,
assaltá-lo), sem se irritar com essa pessoa (as probabilidades são que você não
conhece nada sobre ele, além do fato de que ele tem objetos de valor que você
quer), isso é considerado imaturo.
Existem muitas teorias sobre a agressividade humana. Mas uma
questão interessante é por que as pessoas ficam tão irritadas com coisas
relativamente inconsequentes tão frequentemente nos dias de hoje.
Os diversos autores têm procurado distinguir os termos ‘agressão’
e ‘comportamento agressivo’. Comportamento agressivo pode ser caracterizado por
ataques verbais. A agressão é uma ação destrutiva contra si mesmo e/ou contra
outros.
Psicologicamente, é um assunto complexo (como as emoções
tendem a ser). A agressão (em humanos) é definida por Anderson(1) e Bushman(2)
como "qualquer comportamento dirigido a outro indivíduo, que seja
realizado com a intenção próxima (imediata) de causar danos. Além disso, o
perpetrador deve acreditar que o comportamento causará danos e que o alvo está
motivado para evitar o comportamento". Alguém está fazendo algo que você
não gosta (por exemplo, uma pessoa que expressa opiniões contrárias as suas),
você faz algo contra ele que você sabe causará danos (por exemplo, ofendê-lo ou
ameaçá-lo), o que você espera é que ele não vá responder para evitar que você
faça isso novamente (por exemplo, que essa pessoa pare de expressar suas
opiniões).
A hostilidade é o componente cognitivo da agressão. É o que
você pensa, que leva a um comportamento agressivo. A agressão hostil é quando
você reage de forma agressiva e impulsiva a ameaças ou insultos percebidos. Por
outro lado, a agressão instrumental é quando você usa a agressão para adquirir
objetivos a longo prazo. Uma pessoa que aborrece abertamente você numa rede
social, na frente de outros, provavelmente está usando a agressão instrumental
para se promover às suas custas. Você, subsequentemente, responde de forma
agressiva, ofensiva ou ameaçadora, isso é agressão hostil.
A hipótese da frustração-agressão diz que nos irritamos
quando somos frustrados, quando nossos desejos, objetivos ou expectativas são
frustrados. Há tantos motivos para isso nos dias de hoje, a Lei nos diz todas
as coisas que podemos e devemos fazer, mas na hora de aplicação da Lei vemos
algumas instituições tergiversar, a mídia nos diz como está terrível a
economia, a política e tudo mais, a internet garante que tenhamos um fluxo
constante de informações potencialmente frustrantes, é fácil ver porque as
pessoas vivem em um estado permanente de raiva fervente.
No entanto, muitas vezes é difícil fazer qualquer coisa
sobre essas frustrações, por isso é provável que resulte em agressão deslocada.
Então, se você não pode alterar o que está lhe frustrando, você pode se voltar
contra algo ou alguém que tenha menor possibilidade para prejudicá-lo se
reagir. A agressão deslocada desenvolve uma variedade de comportamentos
projetados contra outra pessoa, sem que o outro reconheça essa raiva
subjacente. A excitação da raiva não se dissipa rapidamente, portanto, muitas
vezes é transferida para alvos menos merecedores, mas mais convenientes.
Sua vida não está indo como você esperava e sua situação é
uma merda? Pode não ser sua culpa! São aqueles malditos políticos, comunistas,
etc., que estão arruinando a sociedade e atrapalhando o processo. Mas graças à
internet, agora você tem ampla oportunidade de se vingar.
Você não pode perder um debate numa rede social! Há uma
predisposição natural das pessoas para reconhecer questões controversas,
defender posições e refutar posições opostas. Assertividade e argumentação são
vistas como predisposições construtivas. A assertividade é a arte de defender o
seu ponto de vista sem recuar e sem agredir, inclui ser vigoroso, firme, usando
o raciocínio para defender posições pessoais, enquanto refuta as posições dos
adversários, sem ofendê-los.
O importante em qualquer discussão, é colocar o que você pensa,
respeitando a opinião do outro.
Alguns indivíduos profundamente desagradáveis ficam muito
bravos e agressivos quando são compartilhadas ideias contra aquilo que elas
acreditam. As pessoas ficam muito irritadas com essas pessoas que enviam informações,
notícias ou comentários em geral, que vão contra sua opinião, e fazem de tudo
para detê-las. Algumas pessoas ficam com raiva dessas pessoas, e assumem, por
sua vez, uma postura agressiva, por não obter as soluções ou respostas que elas
queriam. As pessoas ficam muito irritadas com a suposta lógica por trás desses
comentários. As pessoas ficam muito bravas com essas pessoas que estavam
zangadas com as postagens ou os comentários.
Pode chegar um ponto que pessoas desconhecidas passam a se insultar,
se agredir verbalmente e até fazerem ameaças. A agressividade Verbal é uma
predisposição para atacar a integridade e o autoconceito do outro. Esse
comportamento, geralmente considerado uma forma destrutiva e negativa de
comunicação, fica muito complexo explicá-lo.
A agressividade verbal é vista como uma deficiência da habilidade
do raciocínio lógico e das habilidades verbais necessárias para lidar com os desentendimentos
normais e as frustrações diárias. A falta de habilidades de argumentação é um
catalisador da agressão verbal, da violência. Em geral, quanto mais um
indivíduo é rico em argumentação, menos ele é propenso a agressividade verbal.
Na verdade, a agressão verbal é um ataque pessoal, que
objetiva insultar e ofender o outro, ao invés confrontar o seu pensamento ou a
sua posição. Os indivíduos que lançam mão da agressão verbal são vistos como
menos credíveis, têm comportamentos sociais menos satisfatórios e, em geral,
recorrem a agressões físicas com mais frequência. As consequências da agressão
verbal incluem: baixo autoconceito, frustração, ansiedade, raiva, ressentimento,
constrangimento e até agressão física.
Essa é uma coisa que a internet faz bem! Ao mesmo tempo que
ela oferece coisas amargas para nos irritar, pois não temos o poder mudar ou nos
afastar, ela nos oferece muitas avenidas para deslocar e ventilar nossa raiva.
Obviamente, na verdade a questão é muito mais complexa,
assumindo fatores societários, evolutivos e psicológicos além do alcance de uma
única postagem na internet. Sou só um estudioso do comportamento humano.
Como você chegou até aqui, temos um pequeno favor para
pedir. Não deixe sua raiva transformar-se em agressão verbal, lembre-se que o
seu opositor, na maior parte das vezes, não é o responsável pelo que está
acontecendo, ele pode ser uma vítima como você. A falta de habilidade no
gerenciamento de conflitos, é uma razão primordial da violência nas relações pela
internet. Saber quando parar de discutir é uma arte e também uma habilidade de
comunicação. Então como você pode ver, precisamos de sua ajuda. Fazemos esse
pedido porque acreditamos que nossa perspectiva é importante e porque também
pode ser a sua perspectiva.
Eduardo G, Souza.
(1) Craig
A. Anderson é professor e diretor do Departamento de Psicologia da Universidade
Estadual de Iowa em Ames. Obteve seu doutorado na Universidade de Stanford em
1980. Ele realizou pesquisas sobre os efeitos dos videogames sobre as crianças.
Ele foi professor da Rice University, Ohio State University e da Universidade
de Missouri. Sua pesquisa examinou a associação potencial entre conteúdo
violento dos videogames e a violência. Atualmente é membro do Conselho Executivo
da Sociedade Internacional de Pesquisa sobre Agressão.
(2) Brad
J. Bushman é professor de comunicação de massa da Universidade Estadual de Ohio
e consultor em psicologia. Publicou vários trabalhos sobre as causas e consequências
da agressão humana. Seu trabalho questionou a utilidade da catarse e
relaciona-se também com os violentos efeitos do videogame sobre a agressão. Licenciado
em psicologia pela Weber State College (agora Universidade Estadual de Weber)
em 1984, Ph.D. na Universidade do Missouriem em 1989 e possui três mestrados em
psicologia, estatística e pedagogia.
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