Liberdade.

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Eduardo G. Souza e Lígia G. Souza.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

AFINAL, EU SOU CHATO?

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Eu sou um Cara meio chato! Hum, meio chato não existe. Está bem, sou quase chato! O que? Quase chato não, também não existe. Está bem..., está bem..., eu assumo, eu sou um Cara Chato! Agora posso continuar?



Bem, como todo Cara Chato tenho minhas manias. Mas, quem não as tem? Uma delas é quanto à posição do rolo de papel higiênico no suporte. Defendo que a ponta do papel deve sempre ficar para fora.


Quando cheguei a essa conclusão, e já vai bastante tempo, passei a azucrinar a vida dos familiares. Tentava convencer a todos que a ponta do papel higiênico deve ficar para fora.


Foram fases distintas da tentativa de ter minha mania atendida.


A primeira fase foi a da educação. Tentava, através dos princípios da física e da lógica, convencer os familiares e as secretárias da minha mãe e da patroa, que a inércia do movimento rotatório do rolo, quando a ponta fica para traz, faz com que o papel continue caindo, mesmo após cessar o estímulo motor, levando a ponta a se aproximar ou tocar o chão, além de que o acesso ao picote é mais fácil para dosar a quantidade a ser destacada, quando ele está para frente e acima. É importante um parêntese. Em todos os hotéis que frequentei até hoje sempre encontrei o rolo de papel higiênico colocado em seu suporte com a ponta para frente. Os camareiros devem ser instruídos para agir dessa forma. Mas, é claro que toda regra tem exceções, então, retornávamos de Montes Claros, MG, obras na estrada e uma entrada errada em Belô, furou nosso planejamento cronométrico, e tivemos que fazer uma estada não programada entre Belô e o Rio, paramos em um hotel cujas únicas estrelas eram as do céu, e para minha surpresa, pela primeira vez encontrei o rolo de papel higiênico colocado com a ponta do papel para dentro.


A segunda fase foi a da reclamação. E os familiares e as secretárias das madames (minha mãe e esposa) aturaram reclamações e exortações sobre o possível desperdício originado pela colocação inadequada do rolo de papel higiênico em seu suporte. Haja ouvidos e paciência.


A terceira fase foi a da ação. Já cansado e descrente de minha capacidade de convencimento e de pressão, passei a mudar a posição do rolo de papel higiênico, recolocando-o como acredito seja a posição correta. Olhem, foram muitos os rolos mudados de posição. Que ninguém nos ouça, mas mudei rolos até nas casas de parentes e amigos.
E finalmente, para minha surpresa, a última fase, a da inação. Outro dia levei um susto, me encontrei frente a uma nova realidade, ao encontrar um rolo colocado em posição inadequada, simplesmente deixei para lá. Quando tive consciência de que não estava mais fazendo nada, em relação a minha velha mania, fiquei surpreso.


Bem a historinha é muito interessante, mas o que realmente importa é a consciência de que todos nós podemos, um dia, parar de lutar! E isso é a pior coisa que pode ocorrer em nossa vida, pois desde o dia em que nascemos lutamos para sobreviver, e na proporção em que adquirimos valores sociais e experiência passamos a lutar e defender nossas crenças e costumes. Enquanto estivermos lutando estaremos vivos, quando nos acomodamos e passamos a deixar as coisas para lá, é um sinal claro de que perdemos nossa capacidade de lutar pelos nossos ideais e costumes, é uma característica da proximidade do fim da caminhada, do fim da estrada.


E essa não é apenas uma característica dos indivíduos, mas é também das sociedades, assim como as pessoas se rendem, também as comunidades e sociedades são abatidas. Quando um indivíduo perde a capacidade de lutar, ele se rende ao inexorável. Quando uma sociedade perde sua capacidade de se indignar e lutar, todos os indivíduos do grupo estarão se rendendo ao que acreditam não tem como ser corrigido. E, nesse momento, aqueles que agem errado e praticam o mal, passam atuar livremente, pois não existem mais vozes que se levantem contra seus maus atos e ações.
Mesmo que você esteja sozinho, continue a lutar.


Após essa reflexão, retornei rapidamente, e mudei o rolo de papel higiênico de posição. E espero que vocês também não parem de lutar, e mudem a posição de tudo que vocês acreditem estar errado. Capitular, Render-se, Jamais! Vamos mudar de posição todos os rolos de papel higiênico que forem colocados em seus suportes com a ponta para traz!


Eduardo G. Souza.

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