Liberdade.

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Um grande abraço.
Eduardo G. Souza e Lígia G. Souza.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

CARROS VELHOS

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Ah, só lembrando.


Às vezes eu sinto falta do velho Ford 1948 do meu Pai. Às vezes eu sinto falta da simplicidade das máquinas antigas, fui o feliz proprietário de um Renault Gordini 1966, e às vezes fico a pensar como a simplicidade agora foi complicada. É emocionante, às vezes é de tirar o fôlego.


Eu sinto falta da emoção de desmontar e montar um carburador, de limpar as velas, de trocar as buchas da suspensão, de desmontar o tambor de freios e levar as sapatas para cravar novas lonas de freios, de trabalhar um sábado inteiro para rodar durante a noite e no domingo, de frequentar as lojas que vendiam todo este material automotivo. E no auge da emoção, sentindo como se eu estivesse dentro do extraordinário mundo da tecnologia.

Sendo surpreendido, a cada dia, a cada hora, a cada minuto, com a forma como o futuro é agora, tenho saudades do meu Gordini. Eu ainda tenho saudades da minha infância passeando no velho Ford 1948.

Ainda estou surpreso e impressionado com a tecnologia. Mas eu entendo cada vez menos da tecnologia dessas Máquinas Maravilhosas. Naquela época, eu entendi tudo. Eu falava sua língua. Eu não apenas comprava um carro, eu sabia tudo sobre eles. Sempre fiquei entusiasmado com o conhecimento de como essas máquinas funcionavam. Eu estava olhando constantemente sob o capô, para descobrir a sua língua, a dinâmica de seus mecanismos, fazendo meu próprio caminho através dos tuchos, válvulas, mancais, cilindros e pistões.

Eu pensei que aquelas máquinas eram as coisas de maior beleza mecânica. E eu continuo a fazer essa idéia. Mas eu hoje sou mais consumidor do que usuário, agora, se você também foi um mecânico amador, sabe o que eu quero dizer.


Eu gosto dos novos produtos que a tecnologia nos entrega para uso. Porém o conhecimento de como eles funcionam está além do meu alcance agora. Eu posso falar de um bom carro. Eu posso conhecer todas as novidades que trazem as novas máquinas. Eu posso ter uma idéia bem legal de como funcionam essas novas máquinas. E apesar de eu ter todas as informações sobre essas últimas novidades, eu ainda sou como uma criança em um mundo fantasioso quando estou frente o capô aberto de uma dessas fantásticas maquinas. Eu sou como uma sardinha em um mar de baleias.


Quando eu entrava em meu carro, verificava o câmbio, ligava a chave de ignição, soltava o freio de mão, engatava a marcha e seguia meu destino. Hoje desligo o alarme antes mesmo de adentrar ao veículo, a chave é codificada, poderia até nem existir, em alguns modelos o polegar do dono é a chave da ignição, ligado o carro inicia-se um diálogo, isso mesmo, eu converso com o carro, ele avisa se o carro não está no neutro, se não coloquei o cinto de segurança, ajusta o banco de acordo com o meu peso e forma física, liga o ar-condicionado para uma temperatura ambiente agradável, o GPS me informa o caminho a percorrer e a aproximação dos radares e pardais, se estou acima da velocidade máxima da via, e quando devo passar a marcha, isso quando o câmbio é mecânico, nos automáticos nem isso se faz mais. E eu estou feliz com isso.


Nesse meu retorno aos velhos Ford e Gordini, me projetei ao futuro, talvez muito próximo. Entro no carro, que me reconhece, abre a porta e cumprimenta: - Bom dia patrão! Sento e o carro pergunta: - Para o escritório ou outro destino patrão? Respondido o destino, o carro questiona: - O Senhor está confortável? Quer o assento mais baixo ou mais alto? A iluminação está boa, e a temperatura está satisfatória? E informa: - O senhor vai ler o jornal ou quer o noticiário na TV? Ou prefere uma música? E carro parte para o destino traçando, com um percurso de acordo com o tráfego, a segurança e a minha pressa, tudo controlado pelos satélites que orientam o GPS ligado aos computadores de bordo.


Ah que saudade do meu querido Gordini! Onde eu desenvolvia toda minha capacidade e habilidade de mecânico amador ou curioso.

Eduardo G. Souza.
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