Liberdade.

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Eduardo G. Souza e Lígia G. Souza.

sábado, 13 de janeiro de 2018

JUSTIFICAR OS ERROS APONTANDO OS DOS OUTROS




Em geral as discussões são, infelizmente, não apenas um exercício da lógica, mas, em geral, um exercício de persuasão, sagacidade e retórica. Portanto, simplesmente, não é razoável esperar que toda proposição ou conclusão siga com precisão e rigor, a partir de um conjunto claro de fatos e dados identificados desde o início, uma sequência lógica de raciocínio.
Em vez disso, em geral, as pessoas tentam reunir vários fatos, ideias e valores que os outros compartilhem ou possam ser persuadidos a aceitar e, em seguida mostram que esses argumentos podem levar a uma conclusão mais ou menos plausível.
Infelizmente a lógica não é a única ferramenta útil usada nesse processo, mas afinal, "plausibilidade" é uma questão bastante subjetiva que não segue regras lógicas rígidas.
Em última análise, os participantes em uma discussão têm de decidir, à luz dos argumentos apresentados, qual a posição mais plausível e escolher um dos lados. Mesmo quando logicamente "não saibamos" as respostas para a questão em discussão, por uma questão de apreço ou simpatia a um dos lados, assumimos uma posição.
Além disso, vamos ser honestos, em uma discussão não esperamos apenas encontrar a verdade, mas também, e principalmente, vencer os oponentes.
Assim, se você achar que um ‘argumento falacioso’ pode persuadir os participantes a ficar com você, você certamente irá usá-lo, certo? O truque é não ser pego usando esses ‘argumentos falaciosos’.
‘Argumento falacioso’ é quando uma pessoa não consegue defender seu ponto de vista logicamente, então procura contra argumentar fazendo uso de ideias arraigadas na sociedade, mesmo não comprovadas, de comparações esdrúxulas, sem nexo, da sua posição ou autoridade e, até mesmo, de mentiras regadas com um pouco de verdade (meias verdades).
Então, por que usar falácias em uma discussão?
Em primeiro lugar, as pessoas fazem questão de mostrar-se inteligente. As pessoas, em geral, não aceitam que podem cometer um erro no raciocínio, mas caso seja impossível ocultá-lo, não se furtam em procurar contorná-lo lançando mão de subterfúgios e desvios do raciocínio lógico (falácias). Isso mostra que, muitas vezes, você entende os argumentos da oposição possivelmente melhor do que ela, mas não quer de forma alguma aceitá-los.
Em segundo lugar, e talvez mais importante, lançando mão de uma falácia você derrubar um argumento do debate ao invés de apenas enfraquecê-lo. Em geral, os participantes de uma discussão respondem a um argumento simplesmente apresentando um contra-argumento, não buscam mostrar que o argumento original não é verdadeiro ou muito significativo, mas buscam tergiversar, buscando falácias como: aquilo não é importante em comparação com outras preocupações, não deve ser levado a sério por ‘ene’ motivos, ou o que quer que seja...
Esse tipo de resposta pode dar certo, exceto quando o argumento original é tão forte que permanece no centro da discussão, de forma convincente, resistindo a todas as ofensivas de retórica mostrando o quanto é importante.
Uma falácia muito usada é – ‘os outros também’!
Tu quoque ("você também"). Essa é a falácia de defender um erro, argumentando que o(s) adversário(s) fez(fazem) o mesmo erro. Só que um ‘erro’ ainda é um ‘erro’, independentemente que muitas pessoas cometam esse ‘erro’!
Por exemplo: "Eles acusam nossos companheiros de serem corruptos... Mas os amigos deles também foram corruptos!" É um argumento falacioso! Pois um erro praticado por uma pessoa, não justifica o erro de outra.
Embora claramente falacioso, o argumento ‘tu quoque’ vem desempenhando um papel destacado nas discussões no ‘facebook’, porque ele pode ajudar a estabelecer uma cortina de fumaça, desviando as discussões do enfoque central em debate – ‘nunca se roubou tanto o erário na história desse país’!
Essa falácia tenta deixar de lado a questão central em discussão – saber-se se a roubalheira e os desvios de verbas são verdade ou não...
Assim, cada lado se envolve em ad hominem ataques, e ambos os lados têm feito um desserviço à sociedade, um tentando mostrar a realidade, sem aceitar que houveram erros também no passado, o outro tentando justificar a realidade, alegando que ‘os outros também erraram’, então temos a negação de um lado e a falácia do outro!
Não existe como negar a realidade – ‘hoje o Brasil é um dos países mais corrupto do mundo’! Por outro lado, não se pode negar que a corrupção nos últimos tempos atingiu proporções insustentáveis. Além disso, é falaciosa a tentativa de justificar esse nível de corrupção alegando que ‘sempre foi assim’ ou que ‘fulano’ e ‘beltrano’ também roubaram. Roubou tem que ser preso, julgado e condenado, como vem acontecendo nos últimos tempos.
Não adianta tentar salientar que certas vantagens ou desvantagens sociais alcançadas podem justificar a desonestidade, o tempo do ‘rouba mais faz’, não pode estar mais arraigado em nossa sociedade.
A dignidade está em ‘reconhecer’ o ‘erro’ e não em tentar ‘justificá-lo’.
E finalmente, cabe ao gestor à responsabilidade de tudo que acontece em sua gestão – ‘eu não sabia’ – não é justificativa, pois mostra incompetência, desídia, falsidade ou mentira!
Eduardo G. Souza
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