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Como podemos saber se Deus existe?
É possível a uma mente finita saber se Deus existe? Existem três principais argumentos que os deístas (deísmo é uma postura filosófica que admite a existência de um Deus criador, fundamentada na razão e na experiência pessoal, e questiona a idéia da revelação divina) usam para demonstrar a existência de Deus. Esses argumentos são: cosmológico, teleológico e moral.
Argumento cosmológico.
Este é o argumento da criação a partir de um Criador. O termo vem da palavra grega cosmos, que significa "universo". O próprio argumento é dependente da lei da causalidade, que diz que cada coisa finita é causada por algo que não ela própria. O argumento cosmológico pode ser resumido como segue:
1. O universo teve um começo.
2. Tudo o que teve um começo deve ter sido causado por outra coisa.
3. Assim, o universo foi causado por outra coisa existente, um princípio Criador.
Há uma grande riqueza de evidências científicas que sustentam a primeira premissa. A segunda lei da termodinâmica diz que em um sistema fechado, isolado, a quantidade de energia utilizável vai diminuindo continuamente. Como um sistema fechado, o universo começou com uma quantidade finita de energia utilizável, e ele está sendo executado a partir da ordem na desordem. Desde que o universo ainda tem energia utilizável restante, ele não pode ser eterno, ou ele teria ficado sem energia útil há muito tempo.
A Astronomia tem dado muitas provas de que o universo teve um começo. A Teoria do Big Bang postula que o Universo explodiu para a existência e agora está se expandindo. Essa idéia é apoiada pelo efeito Doppler da luz e o desvio cosmológico para o vermelho observado na luz através do universo quando as galáxias se afastam umas das outras. A eco radiação é um tipo de emissão em microondas considerado o "eco" do Big Bang, também chamada radiação cósmica de fundo. Essa radiação se distribui de maneira irregular pelo cosmo, e foi essa irregularidade (a anisotropia) que determinou que a matéria no Universo estivesse concentrada em galáxias, planetas e seres humanos, como nós. Sem esses grumos cósmicos, a matéria estaria espalhada de maneira uniforme pelo universo, o que seria péssimo para os interesses dos seres vivos. A descoberta da eco radiação produziu o modelo exato de comprimentos de onda que determinou a existência de uma grande explosão que teria originado o universo. Além disso, os astrônomos descobriram uma grande massa de energia que teria surgido a partir da explosão inicial.
Como a ciência continua a dar provas de que o universo teve um começo, ficamos com duas possibilidades: - Ninguém criou algo do nada, ou alguém criou algo do nada. Qual é a opção mais razoável?
Argumento teleológico.
O termo "teleológico" vem da palavra grega telos, que significa "fim." Este argumento racionaliza a existência de um projeto criado por um projetista. Ele pode ser resumido como segue:
1. Todos os projetos implicam em um projetista.
2. Há um grande projeto no universo.
3. Portanto, deve haver um Grande Projetista do universo.
Pela nossa experiência, sabemos que causas naturais não produzem especificados sistemas complexos, tais como livros, óperas ou computadores. Sabemos que as causas naturais do vento e da água produziram o Grand Canyon, mas nunca se diria que o vento e a água esculpiram naturalmente os rostos de quatro Presidentes dos Estados Unidos em Mount Rushmore. Relógios implicam em um relojoeiro, edifícios implicam em um engenheiro, e livros implicam em um autor. Um projeto nestas coisas é óbvio, e concluímos existir um autor.
Por exemplo, se a Terra fosse significativamente mais perto ou mais longe do sol, ela não seria capaz de sustentar grande parte da vida como faz. Se os elementos na nossa atmosfera tivessem apenas alguns pontos percentuais diferentes, quase todos os seres vivos na terra morreriam. A chance de uma única molécula de proteína se formar ao acaso é de 1 em 10 243 . Uma única célula possui milhões de moléculas de proteína.
O astrônomo Carl Sagan escreveu que a quantidade de informações no cérebro humano expresso pelo número total de conexões neuronais seria equivalente a 20 milhões de livros. Ele afirmou que "a neuroquímica do cérebro é incrivelmente complexa, um circuito de uma máquina mais maravilhosa do que qualquer uma das inventadas pelo ser humano." Se mesmo os computadores exigem um projetista, então porque o cérebro humano não precisaria de um projetista mais inteligente?
Argumento Moral.
As razões do argumento moral são que se existe uma lei moral, há um Legislador Moral. O argumento pode ser descrito:
1. Leis morais implicam em um legislador moral.
2. Há uma lei moral objetiva.
3. Portanto, existe um Legislador Moral.
A segunda premissa é a pedra fundamental do argumento, sem a qual ele se desfaz. Como sabemos que existe uma lei moral objetiva? Cada cultura ao longo da história tem alguma forma de lei moral. Todo mundo tem o senso de certo e errado. Termos como “assassinar”, “mentir”, “roubar”, "injustiça" ou "errado" significam que existe algum padrão objetivo de comparação para os valores a que se referem. Sem um padrão moral, não haveria nenhuma diferença moral entre Adolf Hitler e Madre Teresa. Dizer que Hitler estava errado seria apenas uma opinião, que não teria nenhuma base real para os outros concordarem com ela. Se Hitler estava errado por um padrão objetivo, então deve haver um nível moralidade acima de todos nós. Se existe essa lei uma moral objetiva, então não deve haver um Legislador dessa lei moral objetiva?
Existe ainda a forma mais popular de Argumento, o Ontológico, ele usa o conceito de Deus para provar a existência de Deus. Ele começa com a definição de Deus como: "- o Ser Maior, nada maior do qual pode ser concebido". Argumenta-se então que existir é maior do que não existir e, portanto, o maior ser concebível deve existir. Se Deus não existisse, então Deus não seria o maior ser concebível, o que entraria em contradição com a própria definição de Deus.
Como podemos realmente saber?
Nenhum destes argumentos é indiscutivelmente bem-sucedido, é claro, muitos filósofos têm considerado e rejeitado cada um deles. Nenhum, porém, qualquer um deles, obviamente, é um fracasso total. Os argumentos que aqui são descritos têm sido defendidos por alguns dos maiores pensadores que já viveram, como Platão, Tomás de Aquino, Anselmo, Leibniz e Descartes, e cada um deles ainda é considerado e defendido, de alguma forma, pelos principais filósofos hoje.
O que este texto pretende fazer é explicar o que são esses argumentos, e quais as conclusões que eles pretendem estabelecer.
Em última análise, estes argumentos só vão convencer alguém que esteja disposto a aceitar a possibilidade da existência de Deus. Para chegar a esse lugar você tem que analisar seus pressupostos, ou as premissas que você possui. Quando você é intelectualmente honesto com você mesmo, então você está pronto para considerar todas essas evidências.
E, finalmente, aceitar ou não os argumentos e as suas conclusões eu deixo para você.
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